Vigésimo sétimo capítulo. - A Morte.

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Quando acordei totalmente atordoada pela segunda vez na enfermaria do palácio, encontrei os rostos preocupados de meus amigos e o corpo frio e pálido de Lara encolhido ao meu lado na cama.

"O que houve?" - perguntei com a voz rouca parecendo não ter sido usada a muito tempo. Mas na realidade eu a havia gasto com vários gritos.

"Vocês desmairam" - respondeu Angel tirando o que sobrou de minha franja de meus olhos. E me analisando com um enorme sorriso no rosto, como se á tempos me esperasse acordar.

"Vocês?"

"Sim, as duas" - agora quem disse foi Joe enquanto acariciava o cabelo louro de Lara. - "Vocês duas viajaram pra bem longe dessa vez. Pareciam estar em um estado de ausência mais profundo, não sei. As duas começaram a gritar, e só pra relatar, você parecia uma hiena gritando. Depois as duas se silenciaram e foram de encontro ao chão como se ele fosse uma geladeira e vocês dois imãs gigantes."

"Não me lembro de nada disso."

"Já se faz dois dias" - respondeu Angel olhando agora para o chão.

"Quê? Fiquei fora do ar por dois dias?"

"Apesar de não ser exatamente esse o termo, ele serve. E sim você ficou fora do ar por dois dias, as vezes voltava gritando, chamando por sua avó, falando coisas desconexas" - Respondeu Angel. - "Relembrando o passado talvez" - completou.

"E Lara? Porque ela ainda não acordou?"

"Não sei."

"Porque ela desmaiou?"

"Porque você desmaiou. Eu não sei, vocês tem algum tipo de ligação, tudo o que ocorre com você psicologicamente, a afeta de alguma outra maneira. É muito complicado."

Fiquei um longo tempo observando Lara apenas respirando. Eu estava quase caindo no sono quando alguém me chamou. Uma voz calma e suave que me atraia de uma certa forma. Uma voz convincente, manipuladora, eu seria capaz de saltar de uma ponte se ela ordenasse.

"Amy..."

Me levantei da maca e comecei a caminhar em direção a porta. Passei por Angel na saída, ela me chamou mas fingi não ter ouvido e continuei caminhando. Eu não tinha nenhum lugar em mente, apenas segui a voz que me chamava.

Depois de passar por quase o palácio todo, eu parei e fiquei encarando uma parede branca como se fora ela a ter me chamado.

Me senti uma completa idiota quando percebi só haver eu e a parede naquele local, era improvável que a parede realmente houvesse me chamado, não é?

"Amy."

Me virei para ver quem me chamara e me surpreendi ao ver quem realmente era.

"Vovó? Co-como?"

Ela abriu um largo sorriso, e negou com a cabeça.

"Não."

"Então quem é você? E como você se parece tanto com minha avó?"

"Quem sou eu? Não posso dizer."

"Porque não?"

"Se eu disser você vai correr."

"Porque eu correria?"

"Porque você me teme, são vários motivos. Talvez você me odeie."

"Responda a segunda pergunta."

"Porque eu me pareço tanto com sua avó? E se eu te disser que posso adquirir a forma que eu quiser?" - Ela se transformou em uma linda menina loira com enormes olhos azuis, em seguida um homem moreno de terno. Depois voltou a se tornar minha finada avó.

A Maldição da Lua.Where stories live. Discover now