A Maldição da Lua.

Quadragésimo quarto capitulo

Começamos a correr, sem rumo algum e sem parar para pensar.

Devido a falta de planejamento, acabamos nos separando enquanto corriamos. Joe seguiu para um lado, Richard seguiu para o mesmo lado, mas havia uma longa distância entre eles. Alguns lobos corriam atrás de Austin que corria para a direção contrária à minha e outros, incrivelmente rápidos, me perseguiam.

Eu precisava pensar em uma maneira de escapar, eles eram muitos, eram rápidos, ágeis e enormes, teriam um ponto fraco? Me abaixei apenas o suficiente para pegar um galho seco de árvore que estava no chão, continuei correndo sem olhar para trás apesar da assustadora sensação que um dos lobos estava próximo, bem próximo, quase que ao ponto de agarrar minha canela e me jogar ao chão -, se ele tivesse mãos.

- Lara, preciso que você abaixe - Gritou Austin girando uma corrente de aço nas mãos enquanto corria ao meu lado. As vezes me esqueço do quanto ele é incrivelmente rápido. - Abaixa, agora!

Assenti e me abaixei, mesmo sem ter a menor ideia foda que ele iria fazer. Abaixei rápido demais e acabei indo de cara com o chão de areia. Meu corpo saiu rolando pela terra, me deixando sem controle algum. Eu podia sentir meu corpo todo arder quando parei de rolar, havia terra em meus olhos e minha garganta parecia seca demais para que eu gritasse quando um dos lobos agarrou minha perna e começou a me arrastar para longe.

Tentei me soltar várias vezes, o chutei até minha perna livre começar a doer, mas ele parecia não sentir nada.

- Me solta!

Peguei duas pedras que haviam no chão ao meu lado, e bati com elas em sua cabeça, mas nada aconteceu.

Que diabos é isso, um monstro de aço?

Uma dor insuportável dominou meu corpo quando ele parou de me arrastar e soltou minha perna, podia sentir o sangue escorrendo da mesma aonde ele havia me mordido. O lobo, ou seja lá o que fosse aquilo, começou a andar ao meu redor, como se me analisasse. Os dentes pontiagudos a mostra, os pelos eriçados, as patas rígidas na areia, prestes a voltar ao ataque. Sua respiração ficou descompassada quando avançou novamente em minha direção, se jogando sobre mim, me prendendo contra o chão.

Antes que ele tornasse a me morder, segurei sua cabeça e o empurrei para longe de mim, mas não adiantou muito, logo ele voltou. Seus dentes tentando morder meu rosto, uma de suas patas pressionando minha barriga e as unhas cortando minha pele.

Peguei uma pequena pedra que estava ao lado da minha cabeça, ela cabia perfeitamente na palma da minha mão. Bati várias vezes com ela na cabeça do lobo, em uma tentativa estúpida de escapar antes que outros se aproximassem.

Um brilho vermelho-esmeralda passou por seus olhos, me paralisando por alguns segundos. Tempo o suficiente para que ele mordesse meu ante-braço esquerdo. Dessa vez eu gritei, um grito alto e estridente que chamou a atenção de todos para mim.

- Lara!

- Austin, me ajuda! - Gritei antes de tornar a bater com a pedra na cabeça do lobo.

- Os olhos. O ponto fraco deles são os olhos. - Ele gritou em resposta.

Respirei fundo, e segurei a pedra com mais força. Depois a enfiei dentro de seu olho esquerdo. Sangue espirrou na minha boca, me causando ânsia enquanto o corpo do lobo caia praticamente imóvel ao meu lado. Um olho aberto, brilhando como uma esmeralda a luz do sol e o outro, com a pedra esmagando seu olho. Ele ainda respirava, e rosnava baixo enquanto aguardava a morte. Não fiquei olhando, eu já havia visto gente morrer para uma vida inteira, não precisava de mais.

Me levantei. Uma das pernas dormentes devido ao ferimento causado pela mordida e o ante-braço esquerdo latejando pelo mesmo motivo.

Eu sentia que iria cair a cada passo dado, minha cabeça girava e minha visão estava turva. Provavelmente eu havia perdido muito mais sangue do que deveria, o que resultaria em uma morte lenta e dolorosa.

Caminhei em direção ao Austin, ele era quem estava mais próximo a mim no momento, apesar de estar lutando com outros dois lobos em uma velocidade fenomenal. Peguei outra pedra do chão e parei a quase três metros de distância de Austin. Segurei a pedra entre os dedos e mirei em um dos lobos, não seria muita coisa, uma pedrada não iria mata-lo, mas iria ajudar Austin se tirasse pelo menos um dos lobos de seu caminho. Levantei meu braço bom, e atirei a pedra em um dos lobos com toda a força que me restava. Ela acertou em sua costela e por um breve momento o lobo se contorceu de dor, depois se virou para mim.

- Lara, o que você está fazendo? Corre!

Mas eu não corri, nem ao menos tentei, fiquei ali parada esperando que ele me atacasse, mas ele não atacou. Quando voltei a abrir os olhos o suposto lobo não estava mais ali.

- Pra onde... ele foi? - Murmurei olhando ao redor, o lobo não podia ter simplesmente desaparecido, se bem que ultimamente eu espero de tudo nesse lugar.

- Lara abaixa! - Gritou Austin correndo em minha direção.

Antes que eu me abaixasse, Austin se jogou sobre mim, me prendendo no chão. Quatro lobos pularam sobre nós, poeira levantou quando eles pararam de correr, quase a cem metrô de nós.

- Você é louca ou o que? Porque não abaixou?

- Mal tive tempo de raciocinar o que você disse.

- Tudo bem - ele se levantou e estendeu a mão para me ajudar. - Temos que ir. Agora Lara!

Eu ainda estava no meio do trajeto de me levantar quando Austin começou a correr novamente, me arrastando atrás dele.

- Continue correndo - disse soltando meu braço e me empurrando levemente para frente. - Só corre. Encontre Joe e Richard e se escondam. Já lidei com esses bichos antes. Eles não desistem. Corre, Lara. Corre - gritou e eu corri.

Simplesmente fui. Comecei a correr novamente sem rumo, e sem parar para olhar pra trás. Sem me preocupar com Austin por nem um segundo.