Vigésimo sexto capítulo.

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Meu coração estava disparado, minhas pernas fraquejavam, minha boca estava seca e meus olhos molhados por lágrimas.

Todos nós morremos? Joe, Lara, Richard, eu e até a Bianca que nem conheço. A pior parte de tudo isso é saber que eu os matei. Eu matei meus amigos!

"Eu estava certo, você é uma réplica perfeita de sua avó. Se lembrou não foi? Detalhe por detalhe."

Ergui meu olhar do chão até os olhos negros de Claus depois voltei a fitar o chão.

"Como? Co-como estamos vivos?"

"Você, Amy. Você reescreveu o passado."

"Como Claus, como? O passado não pode ser reescrito. Isso é impossível!" - Gritei enquanto a parte consciente de meu cérebro buscava por uma resposta.

"Se fosse impossível vocês todos estariam mortos agora. Mas não estão..."

Meu estômago se revirou. Imagens do momento do acidente apareceram em minha mente, tudo parecia tão real... mas não poderia ser. Claus com certeza estava criando imagens na minha cabeça. Era tudo falso, isso tudo foi ele que crio pra me confundir.

"Sai da minha cabeça!"

Ele apenas riu.

"Eu não plantei isso na sua cabeça Amy, se é isso que está pensando."

"Minha avó, se ela tinha o mesmo dom que eu porque ela morreu, por que ela não reescreveu o passado e trouxe seu amor de volta? Vai, explica isso!" - o encarei.

"Sua avó estava velha demais e ao contrário de você, ela não conseguia usar o dom. Ela não nasceu com aquele dom como você, ela o ganhou, a morte deu a ela. Clara Johansson não era... hum... como posso descrever isso? Forte? Inteligente?" - ele coçou o queixo. - "Fraca. Ela nunca desejou que algo fosse diferente por não conseguir suportar viver com aquilo, com percas. Ela sempre carregou tudo no peito, sem o menor remorso, por isso nos dávamos tão bem"

"Ela desejou ter o homem que amava de volta" - sussurrei. Não conseguia falar, parecia haver uma bola de lã na minha garganta, me sufocando.

"E ela o teve. A morte nunca gostou de ser desafiada, isso você já sabe, e apesar de não parecer a morte é justa. Se sua avó tanto desejou ter o homem que amava de volta, por que a morte não o devolveria? Não há motivo. A morte devolveu seu avô, ele está vivo, e mais próximo do que você imagina. Tem coisas que nem sua avó nem meu irmãozinho são capazes de te contar, querida."

"Você está mentindo, ela me contou tudo sobre esse lugar, e disse que você é a última... coisa em que se deve confiar."

"Não sei porque ela disse isso, ela me amava."

"Para de inventar Claus!" - Gritei e cobri os rosto que queimava com as mãos.

"Ela me amava. Eu sou o motivo dela ter vindo para esse lugar e ela é o motivo de eu ter esse corpo horroroso."

"Você deve ter tido muito tempo para pensar nessa história."

"Não Amy" - ele prendeu meus braços ao lado do corpo e olhou fundo em meus olhos como se pudesse ver minha alma. - "Eu sou seu avô."

Uma forte ânsia dominou-me e meu corpo se arrepiou enquanto a dor da morte dominava meus pulsos e se espalhava por meus braços.

"Não estou mentindo."

"Claro que está, você é um mentiroso nato. Deveria ganhar um Grammy."

"EU NÃO ESTOU MENTINDO!" - gritou e apertou mais meus pulsos fazendo me contorcer de dor, e medo.

"E porque você quer me matar, então?" - gritei com a voz falha. - "Avôs não matam seus netos."

"Só quando dependem disso para sobreviver" - disse ele e pareceu se arrepender logo em seguida.

"Então você depende de mim, para isso?" - perguntei já sabendo a resposta.

"Não, de você não, de seu sacrifício. Você não tem ideia do poder que a própria morte tem. Sangue do meu sangue, como meu sangue corre em suas veias, com seu sacrifício me tornarei livre de todas as correntes que me prendem nesse mundo, serei livre, terei o poder de um senhor do tempo, além de um corpo totalmente humano, e os dons de seus amigos. Terei passe livre de um mundo ao outro, igual seu amante Richard. Poderei dominar os dois mundos e também vários outros. Serei um deus."

"Você será o demônio, isso sim."

Ele abriu um largo sorriso. Tentei saltar meus braços pois a dor já estava se tornando insuportável. Uma luz vermelha passou por seus olhos totalmente negros e suas tatuagens vermelhas se tornaram também negras.

"E se eu não me sacrificar? Meus amigos irão entender..."

"Não ouse!" - ele me prendeu na parede me fazendo perder o fôlego pela dor que apenas aumentava e a consciência. - "Você tem de morrer quando a Lua de Sangue se erguer ao meio-dia" - a dor em meus braços foi transferida para o meu peito que pareceu ter explodido. Uma dor insuportável.

Tudo perdeu a nitidez e uma imensidão de preto dominou-me, me engoliu em uma abraço apertado.

A Maldição da Lua.Where stories live. Discover now