Trigésimo nono capítulo

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Nao sei se Espectros entram em choque, mas era assim que eu me encontrava naquele momento. Em um extremo estado de choque. Era inacreditável, eu estava ali, viva e morta ao mesmo tempo.

Havia um enorme tubo atravessando minha garganta, o que me fez sentir náuseas. As máquinas pareciam gritar dentro da minha cabeça, mas por algum motivo, eu me sentia bem com aquele som, familiarizada. Enquanto eu ouvisse aquele som, eu ainda poderia manter minhas esperanças de um dia voltar para casa, certo?

Toquei meu braço esquerdo na maca, não senti nada além de um frio tremendo. Então eu cai, como se a gravidade tivesse aumentado, esmagando meu corpo no chão. E por mais que eu lutasse contra, meus olhos começaram a se fechar sozinhos.

***

Meu corpo parecia ter se fundido com o chão. Minha cabeça estava dando voltas. Minhas roupas pareciam estarem encharcadas, e pesavam muito. Me levantei, e comecei a caminhar em direção alguma, eu não sabia bem aonde estava, só sei que não era ali que eu estava antes.

O céu estava totalmente azulado, sem uma nuvem sequer, limpo, lindo. O sol brilhava forte como sempre. Havia um zumbido soando apenas em meu ouvido esquerdo, o que me fez virar, então ele parou, e eu também.

Era a minha casa. A casa em que morei antes de me mudar as pressas para Nova York com meus pais. Havia uma mulher parada na porta, mas eu não conseguia ver seu rosto, ela observava duas crianças brincando no jardim, uma garota e um garoto. A garota era eu com uns três anos, mas não me lembro do garoto, e mesmo assim sinto que o conheço.

- Amélia, Larkin, venham, eu preparei um lanche pra vocês - gritou a mulher sem face.

As crianças correram para dentro da casa, a mulher fechou a porta logo em seguida.

Caminhei rumo à minha antiga casa, mas assim que pisei no gramado meu corpo foi puxado novamente para o chão, então fui novamente engolida pela terra, e devolvida para o piso do meu antigo quarto. Meus desenhos rabiscados preenchiam uma das paredes cor de rosa. Minha boneca com rosto de porcelana estava encostada em um canto, ao lado de uma viola de brinquedo.

- Já esta pronta filha?

- Estou sim mamãe. O Lark também vai?

Ela se abaixou diante de mim, da eu crianca e me abracou. Eu alude sentir o seu abraço naquele momento, era assustador.

- Não. Ele não pode ir com você desta vez, esta bem? Ele vai ficar aqui comigo, e quando você voltar, vocês poderam brincar novamente.

- E a vovó?

- Ela estará te esperando na sua nova casa.

Então a memoria se foi, e eu acordei novamente diante de mim mesma. Minha mãe estava de pé ao lado do meu corpo, chorando de se acabar. Papai a abraçava, tentava consola-la, mas ele estava no mesmo estado ou até pior que ela.

- Porque? - murmurou mamãe. - Ela também não... Não posso perder minha única filha.

- Nao vai. Muitas pessoas conseguem acordar apos um estado de coma. Você sabe disso.

- Mas eu ainda tenho medo - ela segurou a mão da eu na maca, eu senti seu toque, mas ele era frio e assustador. - Você lembra do que minha mãe disse? Ela não estará viva quando completar seu décimo oitavo aniversário. E são daqui a dois meses.

- Sua mãe era louca. E olha o exemplo, ela também ficou em coma não ficou? E acordou. Amy vai sair dessa, acredite.

Eles se abraçaram, e foi quando uma enfermeira entrou no quarto e os avisou que o horário de visitas já havia acabado, mamãe relutou, ela queria ficar.

- Sinto muito senhora, mas não posso permitir.

Eles concordaram e saíram.

Me aproximei novamente da maca, eu precisava saber no que iria dar aquela memória, então toquei novamente no meu braço, no da eu que estava na cama, logo fui puxada novamente para a parte inconsciente do meu cérebro, onde eu guardava minhas memorias esquecidas.

Preto, era tudo o que eu via, até que alguém me chamou...

A Maldição da Lua.Where stories live. Discover now