SEJAM BEM VINDOS À TERRA DEVASTADA

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Quatro dias após iniciarem a viagem, a última fronteira de Nísis ficou para traz, Osíris, Tales e Ester, pela primeira vez em suas vidas, estavam agora oficialmente fora de sua colônia.

- Já era! – Exclamou Tales - não tem mais volta, estamos para fora, livres e sozinhos!

Os olhos de Osíris estavam enigmáticos, fixos no horizonte, o som alto dos fones em seus ouvidos, parecia manter seus pensamentos muito distantes de tudo.

Ester parecia mais apreensiva, o conflito com seus pais e a vida que agora definitivamente deixava para traz sem nenhuma certeza de retorno, estava provocando sensações angustiantes e empolgantes ao mesmo tempo.

O ambiente logo a frente era considerado como área neoestéril, esses eram lugares próximos a saída final das colônias e eram mais áridos e inóspitos. Os três voavam entre gigantes armações de metal disformes e uma infinidade de objetos de todos os tipos e tamanhos, semienterrados no chão árido. Agrupamentos de construções sombrias, iam surgindo no caminho, algumas eram só ruínas, enquanto o desmoronamento total das que ainda se mantinham em pé, era apenas uma questão de tempo. Encontrar algum inseto ou pequeno animal nesses lugares era sempre uma novidade, nos últimos anos estimava-se que a fauna e a flora mundial poderiam ter diminuído em mais de oitenta por cento, as árvores secas no caminho demonstravam isso.

- Essa Terra Devastada poderia mudar de nome – Disse Tales - Ela poderia se chamar "terra morta", não tem nada aqui, só esses restos de cidades.

-

- Qual nome? – Perguntou Tales.

Osíris, Tales e Ester começaram a entrar em mais um resto de cidade morta, um grande complexo de altas construções surgiu, provocando arrepios pela escuridão que promoviam em seus interiores.

O pulse de Osíris começou a apontar movimentos estranhos no raio de dois quilômetros, Tales ficou curioso e, com cautela, avançou em direção ao ponto de perturbação. Poucos minutos depois, foi possível ouvir gritos, tiros e sons típicos de um confronto.

No terraço de um prédio alto, os três finalmente viram o que era e se assustaram com aquela visão: dois grupos armados se digladiavam com clavacs, perseguições com VXs e uma voracidade assustadora, - as eficazes motos flutuantes em formato de "V" moldavam a luta que parecia estar favorecendo largamente um dos grupos.

Será que eles... – Ester ficou aterrorizada.

- Pelo aspecto, devem ser vulgos mesmo – Disse Tales

Tales e Osíris também se assustaram ao constatarem isso, se fossem descobertos ali, seu fim era certo.

Ambos os grupos, provavelmente eram de vulgos, devido à tirania com que lutavam. O grupo menor, era atacado violentamente, parecendo não ter qualquer chance de escape, enquanto isso, outros vulgos lhes arrancavam o que eram capazes de carregar. Osíris, Tales e Ester viram o pequeno grupo ser derrubado e completamente dizimado pelo grupo maior que, logo em seguida, carregou até mesmo seus corpos.

- Eu acho prudente sumirmos daqui agora – sussurrou Ester tremendo.

Ao virarem em um quarteirão, acabaram se deparando com outros, uns cem metros à frente lutando entre si, pareciam disputar algumas mochilas jogadas no chão, rodeadas por VXs. Os homens rosnavam e grunhiam ruídos como se fossem animais, pareciam estar bem agressivos, estavam agitados, um deles grunhia sozinho enquanto atirava sem rumo com a mesma facilidade que falava. Antes que os vissem, o trio e se escondeu.

- Que língua é aquela? – se perguntava Tales.

- Não é uma língua – disse Ester – vulgos não falam. Vamos sair daqui – Disse preocupada, se afastando lentamente – esse lugar está empestado desses infelizes.

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⏰ Last updated: Jun 10, 2019 ⏰

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Osíris Bahr e a Torre  - Livro 1Where stories live. Discover now