POSSIBILIDADES POR SEGUNDO

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Osíris Bahr olhou sua mochila jogada no canto sob algumas caixas e objetos tão ignorados quanto ela, estava toda empoeirada e esquecida há pelo menos um ano, precisamente desde o dia em que Nísis foi atacada. Lembrou-se que naquele dia, no meio do desespero ele carregou o que estava ao seu alcance, portanto agora era impossível lembrar que havia ali dentro.

Um monte de peças e objetos praticamente sem conexão alguma entre si começou a sair da mochila, nada fazia muito sentido. Pelo menos era isso o que saiu primeiro, até que algumas peças interessantes começaram a surgir também, um protótipo de um gerador de campo que começou a construir, baterias e até algumas peças de seu T-flap, que era exatamente no que estava mexendo naquele dia terrível.

Com o tempo, a cabeça de Osíris começou a encontrar possibilidades infinitas de trabalhar com aquela sucata, sua empolgação foi crescendo sem que ele percebesse, aquilo era como uma válvula de escape com muita energia contida saindo gradativamente.

Tales passou a olhar de perto suas habilidades, ele já sabia do que Osíris era capaz com seus conhecimentos, mas era difícil não se impressionar. Com mais algumas peças, em poucas semanas a mesa de trabalho que funcionava com impulsos mentais já estava reconstruída e, desta vez, o artefato contava com dois braços para ajudar Osíris a lidar com as peças.

- Esses braços são vivos? – Perguntou Tales espantado – Você construiu um sistema de inteligência artificial só com aqueles restos?

- Eles apenas... Seguem impulsos mentais – Respondeu Osíris.

- Você pensa por ele e ele faz? É isso?

- Sim.

- Como você conseguiu fazer isso?

- Meu pai... tinha alguns arquivos... guardados sobre a tecnologia de... RDs.

- Guardados onde?

- Nas... ondas magnéticas.

A cara de Tales não era tão diferente das caras que Ângelo fazia quando observava seu filho trabalhar com aquela sucata aparentemente inútil.

Com sua mesa e seus equipamentos, Osíris Bahr redescobriu seu verdadeiro mundo que embora ainda contasse com algumas angústias, resgatava agora sua velha e impressionante imaginação. Era estimulante imaginar e realizar ideias, isso o ajudava a driblar os tormentos. Por muito tempo, Osíris permaneceu fechado, procurando comunicar-se o mínimo possível com o que estava fora de seu âmbito, este foi também um período muito produtivo em sua vida. Descobrir o funcionamento das coisas, modificar sistemas e transformar novas tecnologias a partir de quase nada, eram agora mais do que nunca seu verdadeiro refúgio.

Ele conseguiu fazer funcionar novamente um velho nano-t – um pequeno computador do tamanho de uma moeda que havia encontrado na coleta, o minúsculo aparelho, era capaz de gerar hologramas em forma de um leque grande o suficiente para se navegar entre milhões de informações captadas nas antigas ondas do ar, um cemitério virtual de arquivos e transmissões que podiam ser filtrados e usados de várias formas com um pouco de conhecimento.

Com este computador, foi possível se aprofundar em outras curiosidades que lhe tomaram muitos dias neste período. Osíris adorava também procurar músicas nessas ondas, reunia uma quantidade enorme de músicas e ficava ouvindo o tempo todo em seu fone, enquanto fazia suas coisas. Os nano-t eram parte do pulse, um velho e muito desejado aparelho multi-funções usado no pulso, eram aparelhos bem antigos mas que ainda funcionavam muito bem, alguns militares e transformadores costumavam ter os seus, coletores como Osíris e Tales ainda não tinham, mas só com aquela pequena parte Osíris conseguia fazer muitas coisas.

Osíris Bahr e a Torre  - Livro 1Where stories live. Discover now