HANA - A SOLARIS

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- É um andarilho – Disse Tales, – deve estar morto.

- Acho que não – Disse Osíris reparando uma leve respiração entre as vestes encardidas.

Ester se aproximou e viu que era uma mulher. Parecia ser bem velha, magra e franzina, era tão enrugada que parecia ter pra lá de cento e vinte anos, e não devia ter uma altura maior do que um metro e meio. Estava com os olhos semiabertos e parecia ter sido agredida. Suas mãos estavam bem machucadas, nos dedos, pequenas chapas de metal fixas na pele despertavam curiosidade. Ao seu redor havia além de uma mochila gigantesca, algumas mochilas menores saqueadas e rodeadas de peças e aparelhos estranhos, não dava para acreditar que uma mulher com aquela aparência tão velha e fraca carregava tudo aquilo.

- Acho que eu vi alguma coisa parecida com essa mulher naquele livro – lembrou Ester.

- E o que ela é? – Perguntou Tales pegando em sua mão.

De repente, uma descarga elétrica pegou Tales de surpresa.

- WOW!

Tales caiu para traz a uns dois metros e com os olhos arregalados.

- Mulher maldita, ela me atacou! Vocês viram? Esse bicho estranho é perigoso.

Ester segurou-se para não rir.

- Ah, que legal – Tales ficou indignado – você achou isso engraçado também, eu quase morri e você achou engraçado. Legal!

- Desculpe – lamentou Ester - mas a sua reação é engraçada.

A mulher levantou com dificuldade, mas não conseguiu ficar mais do que ajoelhada em uma estranha posição de ataque mostrando a palma das mãos com fracos raios estáticos quase invisíveis.

- Não cheguem perto, seus vulgos – dizia com dificuldade – eu sou uma Solaris.

- Nós não somos vulgos – disse Ester.

A mulher olhou com mais atenção para a cara dos três e abaixou a cabeça esmorecendo de vez com as mãos no chão.

- Preciso de luz – sussurrou já sem forças

- Confie em nós – disse Ester – nós somos desta colônia.

A mulher pareceu nem ouvir as últimas palavras de Ester.

- Cuidado, Ester – gritou Tales vendo Ester se aproximar – essa coisa vai te eletrocutar também.

- Acho que ela nem tem forças para isso – disse Ester.

Ester colocou uma cápsula gelatinosa na boca da mulher e esperou alguns instantes, rapidamente ela voltou à consciência, em seguida Ester tentou lhe dar um pedaço de NUT moído, mas mulher evitou não aceitando e ainda devolveu a capsula.

- Isso vai fazer bem – disse Ester - foi só um regulador químico, a senhora precisa comer alguma coisa logo.

- Eu preciso de outra coisa – disse a mulher.

A mulher respirou fundo todo o ar que foi capaz, mas curiosamente não o devolveu.

- Você disse que são colonos? – perguntou a mulher estranhando.

- Sim – respondeu Ester.

- É difícil acreditar, mas eu também é raro encontrar vulgos que demonstrem um mínimo de civilidade.

- Nós temos cara de vulgos? – perguntou Tales.

- Acho que não – disse a mulher – vulgos são animalescos. Não são capazes nem de conversar.

Osíris Bahr e a Torre  - Livro 1Where stories live. Discover now