Kospi {yoonmin}

Cinco Mil Dólares

Park Jimin tinha um cheiro intoxicante, um charme irresistível, um sorriso tão lindo que poderia cegar alguém, e Yoongi nunca havia ficado tão irritado em todos os seus trinta e três anos de vida.

Sua respiração ficou irregular a partir do momento em que ele ouviu aquela voz suave o chamando, e até então não tinha voltado ao normal, e ele suspeitava que a festa já havia começado havia mais de uma hora. Yoongi também não se lembrava de ser asmático ou algo do tipo para estar daquele jeito. Ele queria dizer que a pessoa que mais estava o irritando naquela noite era Park Jimin e sua maldita simpatia, mas a verdade era que ele estava prestes a arrancar o pescoço de seu melhor amigo, que não parou de falar com o garoto nem por um segundo, mal o deixando terminar o assunto antes de começar a engatar em outro, que os deixava conversando animados sem parar direito para fazer mais nada.

A pior parte daquilo tudo era que alguma força infeliz e muito, muito maior do que Yoongi resolveu que seria uma brilhante ideia colocar a plaquinha com seu nome na mesma mesa onde a plaquinha com o nome de Park Jimin estava, e também na mesma mesa onde Seokjin estava. Ele não estaria tão emburrado com sua situação se ainda tivesse a opção de escapar para o bar, onde o barman o encararia intimidado e serviria todas as doses de uísque que ele pedisse sem pestanejar, mas nem aquilo podia fazer porque naquele evento não tinha um bar. Yoongi podia ser cara de pau o suficiente para escapar para a área dos fumantes, mas o único tipo de fumo que ele tolerava era o charuto, e tentava ao máximo evitar cigarros.

Então lá estava ele. Sentado à mesa com seu melhor amigo e seu recém-declarado pior inimigo, ambos conversando sem parar. O garçom passando uma vez na vida e outra na morte com martinis tão fracos que poderiam fazer uma pessoa chorar, e nem uma dose de seu uísque favorito a seu dispor.

Yoongi já teve dias melhores.

O lado positivo daquilo tudo, no entanto, era que pelo menos não era ele conversando até sua língua ficar dormente com Park Jimin. De acordo com o que ele havia reparado ao observar a conversa alheia, o garoto gostava bastante de falar e gesticular, e às vezes era ele que mantinha o assunto vivo com Seokjin. Sua voz às vezes soava grave demais, ou fina demais, dependendo do que estava falando ou do quão empolgado ficava. Suas risadas seriam capazes de ecoar pelo local quando Seokjin fazia uma piada ruim, mas o evento estava cheio, então elas apenas ficavam naquela mesa e perfuravam os tímpanos de Yoongi sem dó nem piedade.

Talvez ele estivesse sendo um pouco severo demais, não iria mentir, mas quem poderia julgá-lo quando ele estava sendo privado de tantas coisas que gostava fazer ao mesmo tempo? Yoongi gostava de ficar sozinho, mas estava cercado de centenas de pessoas que ele não conhecia e não tinha interesse em conhecer. Yoongi gostava de silêncio, mas o barulho naquele salão era absurdo, sem contar que Seokjin gritava quando começava a se empolgar em um assunto, e Jimin parecia ser incapaz de parar de rir. Yoongi gostava de beber uísque, mas estava sendo oferecido um martini triste que não seria capaz de deixá-lo nem com sono. Ele se sentia como as protagonistas ricas e mimadas dos filmes americanos quando descobriam que não tinham ganhado o carro da moda ao completar dezesseis anos.

Com uma careta no rosto, Yoongi deu o último gole em seu segundo drink, empurrando o copo para o lado e puxando o guardanapo de papel para brincar com as pontas, achando até aquilo mais interessante do que se inserir na conversa de Seokjin e Jimin. Ele se perguntava quantas horas a mais teria que aguentar naquele lugar antes que pudesse ir embora sem parecer que ele não estava suportando ficar ali, e se perguntava quando Seokjin ia querer ir embora, considerando que eles quase sempre saíam juntos e reclamavam juntos de todas as pessoas com quem foram obrigados a falar durante a noite. Yoongi arqueou uma sobrancelha, pensando naquela parte. Ao menos ninguém mais insuportável que Jimin havia ido falar com eles.