• D e s g r a ç a •

2.6K 343 52
                                    

O ódio tem melhor memória do que o amor.

— Porque ela está aqui? — Galisa estava deitada na minha cama à minha espera

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

— Porque ela está aqui? — Galisa estava deitada na minha cama à minha espera.

Seu tom irritado ecoou no quarto. Ela era uma boa garota, sabia exatamente o que é nascer na classe dos rejeitados. Esteve do meu lado desde o início e me viu crescer sobre a escuridão da cidade em que nasci.

A pergunta que ela me fez era curta, porém complexa. Mas apenas o superficial eu estava disposto a dizer.

— Ela quer ver o pai dela. — Olhando o fogo consumir a madeira eu tirei o cinto, depois a camisa.

— Tenho minhas dúvidas quanto a isso.

— Não deveria — sentei em uma cadeira e comecei a tirar meus sapatos —, nesse momento ela está com o mentiroso do Felipe.

— Não falo sobre o que você me respondeu, e sim, sobre o que não me disse! — Galisa saiu da cama.

Ela vestia algo novo e bonito. Uma camisola perolada e provocante. Perto a mim, deu para sentir mais seu perfume.

— Galisa, estou cansado e preciso...

— Eu vi a forma que você olhou para ela. — Ergui meus olhos e na face da mulher que sempre me defendeu estava ali o ciúme, o desdém. — Eu vi como você tocou nela!

Sem os sapatos, me ergui da cadeira. Galisa não parou.

— Ela não é uma Romani, Hell. Pessoas não Romani trazem desgraças para quem são! — Dos olhos dela brotaram o medo.

— O que você viu em suas pedras, Galisa? — a interroguei, meio desconfiado.

Ela negou e se afastou.

— Elas não me mostram nada sobre você. Seu corpo fechado não ajuda. Você é um mistério, um mapa sem percursos, cidade ou rios. Você é uma porta trancada com ferros pesados.

Segurei o rosto de Galisa. Ela segurava lágrimas. Ela tremia em minhas mãos.

— Fique calma. Desgraça alguma vai em atingir. — Tentei tranquilizá-la.

Galisa me agarrou forte, como se fosse a última vez que tivesse aquela oportunidade.

— Diga a sua mãe para ler as pedras para mim — pedi a Galisa. Elas tinham o dom de ler o futuro em pedras de água marinha sobre um tabuleiro de prata.

Galisa me olhou triste.

— Seu coração precisa amar. Só assim, Hell, podemos ver seu futuro. Me voliv tu.

Ela disse que me amava em Romani.

Beijei sua boca.

— Adoraria te amar também, Galisa. Mas não sou dono do meu coração.

HELL | Série Dark Virgin | Edição 01Where stories live. Discover now