• M i n h a • P a l a v r a •

2.6K 383 46
                                    

O pecado me atrai, o que é proibido me fascina.

— Você quer que eu dance? — indagou pausadamente

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

— Você quer que eu dance? — indagou pausadamente.

Ela não era apenas divinamente bonita, de seu corpo saia uma energia intocada que me agitava, que me freava e fazia-me dos mais tolos.

— Quero.

Ela não me falou nada.

Estava com a roupa suja, a blusa com alguns botões abertos, a saia amassada, descalça. Minha gravata guardava a pureza de seu olhar.

Ela remexia os dedos dos pés como uma criança levada. Os dedos das mãos estavam entrelaçados, ansiosos.

Sentei-me diante de sua imagem.

Kate parecia pensar, analisar a situação em que eu havia a empurrado e nada me faria mais feliz que ver seu corpo falar para mim, dançar e me enfeitiçar.

— Porque? — ela era curiosa.

— Porque você quer muito ver seu pai.

— Não falo de mim — continuou a falar, na direção onde eu estava, mesmo que não me enxergasse. — Falo de você. Porque quer que eu dance para você?

Ela havia me encurralado. Não saberia como explicar o pedido, apenas que queria saber como ela era dançando uma melodia como aquela.

Então apenas contei parte da verdade.

— Fiquei curioso.

Ela baixou a cabeça. Descruzando seus dedos e posicionando seus pés. Seus braços faziam movimentos ondulados, ela movia sua cabeça em uma forma torpe e lenta.

Quando me dei conta, aquela pequena garota, magra e pálida, tomava conta do palco no qual era necessário quinze dançarinas para preenchê-los.

Seu corpo leve e esguio dançava como folha ao vento. Seus dedos percorriam seu corpo quando ela não estava se movendo de um lado para o outro.

A dança de uma rosa que cortejava o sol por seu brilho.

***

"Me fale um pouco dela."

Seu pai ficou perturbado com a ideia de entregar uma pérola rara em minhas mãos, mas era isso ou sua morte.

Ainda que temeroso, ele disse:

"Kate é alegre, uma menina de coração bom. Quando sozinha, em seu quarto, ela amava escutar Abel, e as trilhas sonoras que ele compôs para peças mundialmente conhecidas e..."

"Apenas me fale dela."

"Você vai machucá-la?"

"Não se machuca um anjo, o céu entraria em guerra por ela."

"O que quer com minha filha? Aterroriza-la e..."

"Apenas me fale dela."

"Ela é mais forte do que você possa imaginar." – disse ele com orgulho.

***

Eu nunca poderia duvidar da forma que ele enxergava sua filha.

Me ergui da cadeira quando a melodia foi ficando mais forte, ligeira e Kate traduzia toda a sua dramaturgia.

Não notando os olhos ciumentos de uma mulher que nos vigiava atrás de uma cortina, eu me aproximei de Kate e admirei seus movimentos, a beleza escondida sobre o cansaço, as vestes sujas, o dia difícil e toda a merda que eu fiz ela passar para chegar até onde estava.

E mesmo que seu pai não merecesse, ela dançou na esperança de vê-lo. Não era para mim, não poderia me iludir quanto a essa realidade, ela dançava para o único homem que amava, Felipe.

Por não enxergar, por não ter uma noção precisa de seu espaço, Kate saiu dos limites do palco e escorreu em sua borda.

Por sorte, eu estava ali, a tomei em sua queda e segurei o mais firme que fosse preciso.

Sua boca rosa estava entreaberta, buscando o ar pelo exercício físico que fez. Seu peito ofegante subia e descia. Seus cabelos perfeitamente finos e macios roçaram em meu braço.

Em meu corpo ela era ainda mais frágil.

Foram longos segundos em meus braços, segundos onde eu vislumbrei o céu e o inferno, onde eu senti desde o perfume agradável das rosas até o enxofre que minha vida tinha.

Algo a fez retomar a consciência e lembrar que o homem que a segurava era o que ameaçava a vida de seu pai, a sua felicidade.

Ela se afastou ofegante.

Em toda a minha vida, eu nunca tinha visto, tocado e contemplado algo tão lindo e divino.

— Você me pediu algo em troca. Ver meu pai por uma dança — disse com determinação, ainda vendada. — Por favor, cumpra a sua palavra.

Andei até ela. Segurei seu pulso, ainda que Kate demonstra-se não querer que a tocassem, eu a mantive firme perto de mim, sustentando meus olhos contra seu rosto, naquele momento, levemente rosado.

Não sabia se era a quantidade de uísque que havia tomado, o cansaço do dia agitado, ou seria a curiosidade que abriam portas perigosas a cada segundo que eu olhava aquela garota, mas eu quis tanto beijá-la, machucar seus lábios enquanto ela tentaria me fazer parar.

— Ainda não quer ver meu rosto?

— É melhor assim — ela disse rapidamente.

— Tem medo de que o monstro que há dentro de mim esteja desfigurando minha face?

— Tenho medo de quando eu for embora. Não quero saber quem é você, nem seu nome e o que faz para viver, só quero que me leve até meu pai. Foi o combinado.

— Dei minha palavra. — A virei de costas para mim. — E você a tem. — Desfiz o nó da gravata e tirei dos seus olhos. — Braw! — Chamei meu braço direito, prontamente ele entrou no salão. — Leve-a para ver o pai.

Braw meneou a cabeça, abrindo as cortinas da porta lateral e mostrando o caminho que ela deveria fazer.

Kate não se moveu.

— E depois? — ela quis saber. — Depois que eu ver meu pai, o que vai ser feito?

— Uma coisa de cada vez – disse, dando as costas e saindo do salão no momento em que ela, finalmente, havia criado coragem para me encarar, enfrentar, mas a única coisa que ela viu foi as costas cansada de um criminoso indo para sua cama e acabar sentindo prazer com outra qualquer.

— Uma coisa de cada vez – disse, dando as costas e saindo do salão no momento em que ela, finalmente, havia criado coragem para me encarar, enfrentar, mas a única coisa que ela viu foi as costas cansada de um criminoso indo para sua cama e acabar ...

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Mil leituras em pouco mais de 24h. Muito obrigada!

HELL | Série Dark Virgin | Edição 01Where stories live. Discover now