Vinte e nove

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Desde bem pequena eu sempre costumei imaginar como era meu pai, perguntava-me se eu tinha traços parecidos com ele, como minha mãe se apaixonou por ele e vice-versa

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Desde bem pequena eu sempre costumei imaginar como era meu pai, perguntava-me se eu tinha traços parecidos com ele, como minha mãe se apaixonou por ele e vice-versa. Mas, com o tempo, a única curiosidade que sobrou foi saber por que ele nunca procurou por mim, por que ele nunca me quis, enquanto eu sempre pedi a Deus para que ele me buscasse. Eu também posso me lembrar de todas as vezes que criei o momento de nosso encontro em minha cabeça, tinha até as falas prontas.

De alguma forma, aqui, em frente a meu prédio, olhando o homem negro, com marcas do tempo no rosto, barba com alguns fios brancos e cabelo baixo, de olhos escuros como os meus, sei que ele é quem eu sempre quis conhecer. Mas nada do que eu imaginei acontece, simplesmente porque eu não tenho reação.

Oliver me puxa para trás, em posição de proteção, mas meus olhos continuam fixos nos do homem. Deixo o ar sair por minha boca lentamente e toco o braço do segurança para dizer que está tudo bem, mas que ele não saía de perto.

Não seria idiota a ponto de ficar sozinha com alguém que não conheço, por mais que seja meu pai. Não sei quais são suas intenções para comigo, muito menos me sinto à vontade para tanto.

– Qual o seu nome? – o segurança pergunta.

– Natanael Hunt, seu chefe sabe quem sou eu. – diz calmo. – E Luísa também.

Passo meus olhos por seus trajes; ao que parece, ele não é o pobre coitado que imaginei ser, nem parece ser o viciado que me deixou junto à minha mãe morta. Contudo, pode ser apenas parte de seu teatro.

– O que você quer? – cruzo meus braços.

Ele sorri de lado e me olha.

– Eu quero apenas conversar com você, minha filha.

– Não me chame de filha. Eu não sou sua filha, não foi você quem me criou. Tudo que você fez foi ser um covarde e deixar uma mulher à beira da morte com um bebê nos braços.

Minhas palavras o atingem e ele parece triste com meu posicionamento, só que não me comove nem um pouco. Caso ele seja realmente quem diz ser, é a mais pura verdade o que acabei de dizer. Além disso, qualquer ferida que elas tenham causado a ele não chega nem perto das que ele deixou em mim.

Ele suspira.

– Você está certa. Totalmente. Mas, por favor, deixe-me explicar minha versão da história; se você não quiser saber de mim depois de ouvi-la, eu respeitarei sua decisão e nunca mais a procurarei.

Estreito meus olhos em sua direção, ele brinca com um anel prata em seu dedo.

Eu prendo minha respiração.

Já havia visto um anel desses, na verdade eu tenho um anel desses. Meu avô me deu junto a um colar um dia antes de meu aniversário, quando ele morreu, dizendo serem pertences de minha mãe. Eu ainda os tenho, guardados juntos a outros itens meus pelos quais tenho grande consideração.

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