Trinta e Oito

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– Ai

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– Ai. – Carter reclama quando pressiono o algodão úmido sobre o corte que tem no canto da boca.

Solto um suspiro notando minha mão trêmula e evito olhar para o rosto machucado do de olhos azuis. As peças do abajur continuam jogadas no chão da sala, o olho de Carter parece um tanto mais inchado do que antes e está numa coloração roxeada; minha cabeça, a parte que bati contra o chão há pouco, está dolorida e todo meu corpo tenso. Justin saiu há alguns minutos, desgostoso, e então viemos cuidar dos machucados de seu primo por causa da briga que tiveram. O peso da culpa por tê-la causado aumenta exponencialmente conforme o tempo passa e sinto-me ainda mais confusa do que antes.

A cena que me deparei ao entrar no cômodo me deixou totalmente em choque; nunca havia visto Justin daquela maneira e acabei me lembrando de Glória e seu estado sempre que começava com as sessões de surras em mim, meu estômago se contorceu e o medo, que nunca pensei sentir em relação a ele, tomou conta de mim; mas, em contrapartida, meu corpo ansiava por tê-lo perto, para sentir seus beijos e, no fundo, queria que ele me dissesse que tudo não passara de um engano. E, então, há outra parte minha, a racional. Ela repetiu incansavelmente que deveria me afastar dele e que toda aquela chateação e confusão em seus olhos castanhos não passavam de encenação – exatamente igual a Henry quando Elizabeth descobria mais uma de suas traições. Por isso é que o mandei ir, porque sei que em nada adiantará prolongarmos esta dor.

– Eu sinto muito, Carter. – começo depois de um longo silêncio. – Sei que falar isto não muda nada do que aconteceu aqui, mas eu sinto muito mesmo. – engulo em seco.

O mais velho segura meu pulso e ergue meu queixo com a ponta dos dedos para que nossos olhares se encontrem.

– Não foi sua culpa, Lu. – sorri de lado. – Eu não gostava realmente daquele abajur. – dá de ombros.

O de tronco praticamente todo coberto por tatuagens pega a pequena bolsa de gelo e coloca sobre o olho machucado enquanto fecho o recipiente do remédio que usei para cuidar dele e me afasto, ele ficará bem em breve. Volto-me para a porta de entrada e começo a juntar o resto do que um dia foi usado para iluminar a sala de estar deste apartamento. Decido, então, que já trouxe problemas o suficiente para ele e preciso ir para casa. A esta hora Lizze provavelmente já deve estar louca atrás de mim e enchido meu celular de mensagens e ligações. Ao retornar para o quarto em que passei a noite, tomo consciência de que, na verdade, estou usando uma blusa de Carter e que o vestido que usei, junto ao colar que vale mais do que todo o prédio em que moro e me foi dado antes de toda a desgraça acontecer, estão me esperando sobre a poltrona. Definitivamente não posso sair com eles, mas também não posso sair apenas com o que estou. Parecendo adivinhar minha indecisão, o cara que tem me ajudado desde ontem aparece na porta com algumas peças de roupas em mãos.

– Achei que você precisaria disto. – me entrega as roupas. – São... Eram da Carly, acho que não deu tempo de pegar antes de fugir, então, ainda estão aqui. – há alguns sentimentos claros em seu tom. – Não sei se serve, mas você pode experimentar. Vou colocar fogo resto.

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