sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer você

PINK FLOYD

[11.05.19]

Jeongguk chegou em casa ansioso — no sentido péssimo da palavra. Seus pais estavam na sala de estar, sentados cada um em um dos sofás floridos. Havia um papel nas mãos de seu pai e, assim que o filho entrou, a mãe foi a primeira a lhe erguer o olhar. Ela não parecia brava nem decepcionada, apenas confusa e querendo conversar. Já seu pai estava visivelmente bravo e irritado.

Suspirando, o violinista deixou suas coisas no chão e foi até eles. Tudo que queria era só um pouco de distância daquela pressão e do cansaço emocional e mental que ele lhe inflingia.

— Por que não atendeu quando ligamos? Onde você estava? — perguntou o pai.

— Por aí — respondeu sem dizer mais nada. Ele não tinha contado sobre Taehyung, assim como jamais havia contado que era gay, então não havia mais explicações possíveis.

— Por aí? — a voz de seu pai soou com nojo. Ele virou o papel para que Jeongguk o lesse. — Recebi uma carta sobre uma apresentação de piano da escola de música... Por que não nos contou sobre a apresentação? Aliás, por que você nem ao menos foi? Você vem faltando às aulas há um mês e nos escondeu... qual é a razão para isso?

Jeongguk não respondeu.

O pai levantou.

— Jeongguk, você sabe... Desde pequeno você foi tido como um prodígio da música, então nos dedicamos a lhe dar as melhores aulas. Os melhores professores, os melhores instrumentos. E você está jogando tudo no lixo?! — berrou, bem próximo do filho. — E o que é aquele monte de revistas no seu quarto?! Daquele monte de homens estadunidenses! Aquela sem-vergonhice é da Sooyoung?! É ela que está te afastando da Música Clássica? Responde!

— Não — foi só o que saiu por sua boca.

— Não? Você só mente ultimamente... A partir de hoje, você não a vê mais, entendeu? Aliás, a partir de hoje, você será acompanhado em todas as suas aulas. Da faculdade para as aulas e de lá para casa.

— Acompanhado? — Jeongguk franziu a testa, incrédulo.

— Sim. Vou mandar um motorista para te levar e te buscar. No horário. Se você não aparecer, vou saber.

— Não! Não pode fazer isso! Pai...

— Eu fui claro?

— Eu não quero mais tudo iss-

— Você não quer mais?! — o homem berrou tão alto que Jeongguk fechou os olhos, com medo. — Eu não paguei quase vinte anos de aulas de música para você jogar todo meu dinheiro no lixo! A partir de amanhã você entrará no eixo de novo. E não se fala mais sobre isso nessa casa.

Jeongguk olhou para a mãe, que se levantou.

— Assim já é demais, querido. Não pode impedi-lo de ver a melhor amiga e ele não precisa ser acompanhado.

— Não precisa? E você quer que ele continue jogando as coisas pro alto?

— Ele já é adulto e entende o que é melhor para ele... — sua mãe tentou dizer, mas o pai a interrompeu:

— Se entendesse não estaria fazendo isso! Se continuar assim, vai acabar se arrependendo, Jeon Jeongguk! Vai se arrepender no futuro de ter largado tudo, de não ter atingido nenhum dos seus objetivos. Ou vai me dizer que seu sonho não é mais ser um grande violinista?