sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer você

EU PROMETO OUVIR JANIS JOPLIN

[05.03.19]

Os olhos de Taehyung faiscavam e Jeongguk estava a um segundo de pegar fogo — e a um segundo de fazer uma besteira enorme.

Não podia deixar aquele joguinho alheio idiota, seja lá qual fosse, enganá-lo e destruir seus próprios planos. Então engoliu em seco e olhou para o lado, obrigando-se a não ver aqueles olhos cheios de brasa:

— Ok — disse, empurrando Taehyung de modo tão desesperado e nervoso que o roqueiro acabou por cair do sofá e atingir o chão com um som alto.

Taehyung riu na mesma hora, encarando-o.

— O que foi? A princesa não gostou?

— Não — Jeongguk olhou para o lado, sentando-se. — E não me chame assim!

— Mas você retribuiu.

— Fui pego de surpresa!

— Ah, então quando você é pego de surpresa, retribui? — Taehyung ergueu uma sobrancelha.

— Não é disso que estou falando, eu... eu estava conversando e você me beijou.

— Tanto faz, não muda o fato de que você gostou. Além disso, suas frases foram bem sugestivas. "O que mais você domina?" — imitou-o.

— Eu estava falando sobre arte, Taehyung.

— E beijar não é arte? E fazer amor? Também não é?

— Artes plásticas e música! Era desse tipo de arte que eu estava falando — Jeongguk se levantou. — Se está achando que vai me usar como todas as outras pessoas que você já ficou, está enganado, Kim Taehyung.

— Jeongguk, me ofende você achar que eu quero te usar — Taehyung franziu a testa.

— Ah, já entendi. Você acha que, só porque decorou meu nome, não está me usando? Ou talvez porque não dormi com você no primeiro minuto em que nos conhecemos?

— Não, não. Eu te comprei comida, sabe pra quantas pessoas eu já fiz isso? Nenhuma.

— E daí? — Jeongguk o olhou com uma expressão tediosa e procurou por suas coisas. — Não é porque você me comprou comida que é amor verdadeiro, não vou cair nessa.

— Então é isso que você quer? — Taehyung riu. — Amor verdadeiro?

— Não! — berrou. — Não! Só não quero ser usado e descartado no lixo.

— Parece amor verdadeiro para mim — o roqueiro deu de ombros. — Todo mundo acaba usando os outros e jogando no lixo, Jeongguk. Mesmo sem querer. Todo mundo quer satisfazer alguma coisa lá dentro e acaba usando "sem querer" os outros.

— Nem todo mundo. Olha só, que novidade — ironizou —, parece que temos concepções diferentes sobre "usar pessoas" e babaquices.

— Você que não entende.

— Não, você é que não entende. Fica por aí tratando as pessoas como objetos, brincando com os sentimentos delas e as machucando. Não quero ser um objeto de diversão para você.

— E o que você quer de mim exatamente, então? O que quer ser para mim?

Jeongguk não soube o que responder e a ausência de argumentos ou respostas à altura o irritou. Além disso, sabia que estava sendo hipócrita. Assim, sem dizer nada, abriu a porta do apartamento.

Taehyung se levantou do chão:

— Espera aí, Jeongguk.

— Tchau — atravessou a porta e fechou-a atrás de si.