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gotham city, 8:02am
departamento de polícia,
12° distrito

             MADELEINE OCEANS deu o primeiro passo para dentro da delegacia. Seu salto fez barulho ao bater no mármore do chão e por menos de um segundo, todos os policiais olharam para ela. Ela congelou na frente da porta, murmurou um "bom dia"; alguns responderam e outros apenas sorriram, mas logo todos voltaram para seus afazeres. Ninguém percebeu o suspiro aliviado da jovem policial ao ver que ninguém sabia o que ela e seu parceiro tinham feito no dia anterior. Ainda.

               Ela recuperou a compostura e agiu o mais próximo do normal que pôde enquanto andava para sua mesa. Retirou seu casaco, e o deixou sobre o encosto da cadeira. Deixou os copos de café que comprou no caminho sobre a mesa, e se sentou, submergindo em pensamentos.

               — Bom dia, novata.

               Uma mão tocou seu ombro e seu coração quase parou. Mas os instintos falaram mais alto: ela pegou a mão e torceu até ouvir um estalo. Mitch Aubry gritou.

               — Maddie, sou eu!

               Ela soltou, e se virou para seu parceiro, que massageava a própria mão com uma careta de dor.

               — Ah, oi. — ela falou, olhando para os lados, esperando que ninguém tenha testemunhado a agressão.

               — Oi? Você quase quebrou minha mão! Qual o seu problema?

               Maddie olhou para ele e só então ele percebeu seu estado. Os olhos castanhos tinham sido contornados por um roxo que evidenciavam uma péssima noite em claro. Ela passou um pouco de maquiagem para disfarçar, mas quem a conhecia como ele sabia que ela nunca usava maquiagem.

               — Cristo, quanto você dormiu?

               — Oito.

               — Horas?

               — Minutos.

               Maddie se levantou e entregou um dos cafés para Mitch, depois o empurrou pelo ombro até uma pequena sala.

               — Temos que conversar.

Fechou a porta, e abaixou as persianas. Era um lugar praticamente vazio, um pouco apertado, e a lâmpada estava quebrada desde que ela se lembrava, e também era para onde os policiais do Distrito iam para duas coisas: conversar sobre coisas que o Capitão não podia ouvir e/ou transar.

               Mitch parecia ter se recuperado, e tomava tranquilamente seu café enquanto Maddie organizava as palavras na sua cabeça.

               No dia anterior, ela e Mitch finalmente conseguiram provas suficientes para abordar e prender um poderoso magnata envolvido no tráfico sexual e narcótico, Darius Langdon. Mas quando eles entraram no escritório, Langdon tentou reagir, e eles atiraram em resposta, matando-o. Seria mais gratificante, para Maddie, levá-lo preso e jogá-lo numa cela para que ele morrese de alguma doença sexualmente transmissível ou infarto depois de longos anos, mas ainda foi uma vitória para a Polícia de Gotham.

               O problema era que, na noite da sua morte, Langdon tinha em sua mesa uma maleta, que Maddie e Mitch descobriram estar cheia de dinheiro. E de alguma forma, Mitch a convenceu de não contar esse detalhe ao Capitão, e dividir o que "oportunamente encontraram".

               E agora a culpa estava pesando em seus ombros ombros e ela não via nenhuma outra saída:

               — Temos que devolver o dinheiro e contar tudo para o Capitão. — ela finalmente disse, e Mitch Aubry engasgou com o café.

               — O quê?! Você tá louca?

               — Mitch, eu pego criminosos, eu não sou uma. Não sei porque isso pareceu uma ideia razoável na noite passada, mas eu não estou nem um pouco afim de dormir oito minutos toda noite ou perder meu emprego.

               — E o que acha que vai acontecer se o Capitão ficar sabendo?

               — Eu li o regulamento. Vamos ser suspensos por uma semana. Talvez duas.

               Mitch ainda não estava satisfeito. Maddie tocou a sua mão, e ele olhou para baixo.

               — Eu posso devolver a minha parte, dizer que eu encontrei o dinheiro sozinha.

               — Não, tá tudo bem. — ele disse, se rendendo, e a abraçou. — Você está certa.

               Maddie se desvencilhou do abraço depois de algum tempo e o encarou.

               — Vamos.

               — O quê? Agora?

               — É.

               — Mas aí vamos ser suspensos imediatamente.

               — E daí? Você tem algo melhor pra fazer?

               — Nós temos. Vamos fazer uma batida no galpão dos capangas do Darius Langdon. E você sabe o que dizem, novata. Você não deixa de ser a novata até...

               — Participar de uma batida policial.

a heavenly way to die × jason toddWhere stories live. Discover now