CAPÍTULO 01

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Os primeiros raios de sol invadiam o quarto na manhã fresca de primavera através das cortinas de tecido suave e claro. Louis já estava desperto há alguns minutos, mas gostava de aproveitar o clima aconchegante de seu quarto à luz das primeiras horas matinais. Com uma espreguiçada lenta e preguiçosa, o jovem se sentou em sua cama com as pernas para fora, procurando por sua pantufa com seus pés calçados com meias quentinhas. Seus cabelos despontavam para todas as direções.

Ao se levantar nessa manhã de quinta-feira, não se preocupou em arrumar a cama. Não gostava de fazê-la realmente. Uma cama impecavelmente arrumada não lhe parecia tão acolhedora. Gostava mais de seu ninho de cobertas e travesseiros. Rumou em direção ao banheiro de seu quarto usando apenas uma calça de moletom cinza, deixando seus ossinhos da bacia parcialmente à mostra. Seu torso estava nu, revelando tatuagens espalhadas enfeitando o corpo.

A rotina de higiene o ajudava a despertar e prepará-lo para o dia, espantando a preguiça. Após trocar de roupa depois do banho, foi em direção à cozinha preparar seu tradicional chá Yorkshire com leite. Só assim ele estaria realmente pronto para as próximas horas.

Louis mora em Bibury, no distrito de Cotswold, condado de Gloucestershire, na Inglaterra. Cotswold é, na opinião dele, a região mais linda em todo país, quiçá da Europa. Sua casa ficava a aproximadamente 15 minutos de carro da cidadezinha, às margens da Floresta de Dean, por onde passa o Rio Severn. Ali foi escolhido para ser seu lar por causa do clima bucólico e paisagens naturais. Um lugar perfeito para o botânico. Louis é um jovem de 24 anos formado em biologia, com especialização em botânica. Sua casa tem um tamanho ideal para quem mora sozinho. Não muito grande, mas também não é minúscula. Porém seu ambiente favorito ficava do lado de fora. Sua amada estufa em seu amado quintal. Era seu paraíso particular! [N/A: a Floresta de Dean e o Rio Severn, apesar de estarem no Condado de Gloucestershire, não ficam em Bibury]

Louis atualmente estava trabalhando em um estudo sobre alguns tipos de peônias típicas da região. Uma espécie de catalogação para a Universidade de Oxford. Para isso, percorria toda a região atrás de espécimes e quando os encontrava, levava para sua estufa e os estudava. Precisava recolher informações dos aspectos físicos, além de uma análise fisiológica. Ele já tinha um total de nove espécies diferentes, mas faltava encontrar outras quatro, de acordo com suas anotações. Ao terminar de tomar seu chá com leite, Louis saiu pela porta da cozinha que dava acesso à área do quintal, pegando um agasalho em um gancho na parede. A temperatura estava amena, com os termômetros marcando 14º. Uma manhã gostosa nesse mês de Março, que trazia o início da estação das flores. Louis sorriu ao sentir o vento fresco no rosto enquanto caminhava em direção à estufa.

Seu quintal é enorme e por morar em um lugar tão tranquilo, não havia necessidade de muros nem qualquer outra barreira do tipo. A única cerca ali era para manter os roedores longe de sua horta. Haviam várias espécies de flores, árvores e arbustos espalhados ao redor da casa, um verdadeiro santuário.

Entrando na estufa, Louis foi fazer sua ronda diária para verificar se nenhum animal havia conseguido entrar ali durante a madrugada para bagunçar com suas queridas plantas. Estava tudo na mais perfeita ordem até chegar ao final da terceira fileira de balcões que apoiavam alguns dos vasos de plantas.

- Mas o que...? – O botânico perguntou para si mesmo, preocupado.

As flores das últimas plantas estavam comidas. Marcas de pequenas mordidas em cada uma das pétalas. Isso soou um alarme na cabeça do rapaz. Praga dentro de sua amada estufa era o que ele mais temia. Cuidava muito bem de suas filhas para vir um gafanhoto faminto e machucá-las sem piedade desse jeito, então começou a revirar com cuidado as folhas daquelas peônias sem conseguir encontrar o inseto engraçadinho que havia feito aquilo. Quando pensou em desistir e simplesmente pegar o inseticida natural que ele mesmo havia produzido (para ter certeza de que não seria maléfico para as plantas ou para o meio ambiente), o jovem escutou algo.

Fairy Harry Where stories live. Discover now