mercury

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AVISO IMPORTANTE: este texto fala sobre depressão e suicídio, e pode ser um gatilho. NÃO leia caso você se sinta abalado por este tipo de narrativa.

Se você tem depressão ou qualquer outra doença psiquiátrica, procure a ajuda de um profissional. Caso tenha pensamentos suicidas, ligue para 188.

Se você conhece psicólogos que atendam de graça na sua cidade, comente aqui para que mais pessoas tenham acesso ao tratamento.

Você não está sozinho. Eu estou aqui, pode me chamar sempre que precisar.


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·• 𝑡𝑒𝑒𝑛!𝑙𝑜𝑐𝑘 •·


— Sherlock, o que faz aqui a essa hora? — John perguntou assustado ao ver seu melhor amigo entrar pela janela de seu quarto.

Era inverno e a madrugada de Londres estava tão fria quanto podia ser nessa época do ano.

Ainda sonolento e confuso, Watson se levantou de sua cama e foi se sentar no chão ao lado de Sherlock que abraçava os próprios joelhos e parecia chorar.

John se acometeu da tristeza de Sherlock e fez cafuné em seus cachos como se dissesse que ele estava ali e não o deixaria passar por aquilo sozinho.

— O que houve, Sherl? — John indagou num sussurro.

— Eu estou desesperado, Jawn.

Parecia que Sherlock queria continuar falando, mas a voz lhe foi tomada pelos soluços. John, que se segurava para não chorar também, o abraçou e esperou que ele conseguisse voltar a falar.

John sabia que Sherlock precisava de ajuda, mas não sabia como ajudá-lo. Holmes precisava de tratamento psicológico, mas se recusava a iniciar um. Tudo que John podia fazer era cuidar dele nos momentos de crise até que conseguisse convencê-lo a buscar ajuda de um profissional.

Sherlock se sentia perdido e sozinho, como se estivesse andando em círculos. Ele lutava todos os dias contra seus demônios, mas era como se cada tentativa de detê-los só os fortificassem. Queria se sentir diferente pelo menos por um momento, mas nada parecia ser possível além daquela dor. Sentia como se estivesse em um filme de ficção científica onde nada é real.

O que ele sentia por John, afinal? Por que seu andar sem rumo pelas ruas frias de Londres, ladeadas por casas dormindo e luzes observando sua confusão o levaram até John? Por que, na desesperada tentativa de se encontrar, ele acabou nos braços de John? Ele não o amava, ah, não. Isso não era possível, pois a única coisa que ele era capaz de sentir ultimamente era um grande vazio. Sherlock não podia amar John, pois ele estava perdido demais para isso. Perdido e sem esperanças de ser encontrado.

— Vai ficar tudo bem, Sherl. Essa dor vai passar, eu prometo.

Watson o apertou no abraço e Holmes soube que, de algum jeito confuso, ele tinha se apaixonado ao custo de sua própria vida, pois era por John que ele ainda estava ali, suportando tudo aquilo que ele sentia não ser capaz.

— Me perdoe, Jawn, mas eu não sei por quanto tempo mais posso aguentar. Quanto mais eu tentar, pior será no fim, entende?

Watson sabia do que Holmes estava falando e sentiu medo. Mais medo do que já sentira em toda sua vida. E isso foi um baque de realidade. Ele sabia que perderia seu amor se não fizesse nada a respeito.

— Você vai dormir aqui e amanhã mesmo nós vamos a um psicólogo!

E completou antes que Holmes pudesse retrucar:

— Me deixa ajudar você, Sherlock. Deixa eu provar pra você o valor que a sua vida tem.

Sherlock levantou a cabeça para encarar Watson nos olhos. Em sua mente, aquilo não passava de mentiras, afinal, como alguém poderia amá-lo? Que valor teria sua vida? Mas, no meio de toda essa confusão, ele se deu conta de que esses pensamentos não eram seus. Seus demônios estavam o manipulando mais uma vez.

Então o que ele estaria pensando e sentindo se estivesse no controle?

— Eu vou aonde você quiser que eu vá, Jawn.

Sherlock viu o sorriso sincero e aliviado de Watson e soube que ele precisava sentir seu amor qualquer que fosse o custo.


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eu não gosto desse lance de colocar a força de um personagem no outro porque isso é super problemático  tanto na ficção quanto na vida real.

mas, porém, entretanto, toda via, deixo claro aqui que nesses casos de declínio mental — a única pessoa que pode salvar você é você mesmo, porque nem o melhor e mais renomado psiquiatra da galáxia pode te ajudar se você não aceitar ser ajudado.

então se deixe ser ajudado, peça ajuda... que seja. não é vergonha nenhuma precisar de socorro.

esse assunto é muito complexo e delicado, então eu não vou ficar falando muito pra não correr o risco de dizer besteira, mas é isto. busque inspiração nas outras pessoas, mas não façam elas de âncora porque isso não é justo com nenhuma das partes envolvidas.

repito que estou aqui caso você precise conversar, desabafar, pedir concelho ou só queira de distrair mesmo. vocês não estão sozinhos, eu tes amo, meus amô. paz.

LET'S HURT TONIGHT ❪song!lock❫Onde as histórias ganham vida. Descobre agora