Eu sou um lixo

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Kim Jongin



Wu não tinha tido progresso nenhum em sua busca e por culpa disso eu continuava sentindo todos os sentimentos estranhos daquele antigo beta. Sehun vivia falando dele, o que me incomodava, e com isso não consegui tirar aquele garoto da cabeça por nenhum segundo. A semana começava e eu caminhava lentamente pelos corredores. Uma sensação ruim se apossou de mim e quando percebi, estava andando em direção contrária a que eu deveria seguir normalmente.


Comecei a me sentir angustiado, como se algo ruim fosse acontecer. Senti o cheiro do ômega tomar conta das minhas narinas e soube que ele estava perto. Ele tinha estado perto várias vezes nos últimos dias, mas conseguia desviar de mim e eu tinha que admitir que ele era bom em escapar. Olhei para frente e o vi caminhando de cabeça baixa. Estranhei a forma como ele andava cambaleante e percebi que a angústia dentro de mim era algo que ele sentia. Nossa maldita ligação por culpa da mordida era a culpada do meu incômodo.


Avistei alguns calouros correndo para a aula e um deles fez questão em esbarrar no antigo beta. Em uma velocidade que eu jamais usaria por ninguém, me coloquei na frente do ômega e o impedi de cair. Ele estava quente, muito quente. Seu cheiro estava forte e misturado com alguma fragrância comprada. Respirei fundo e consegui sentir meu cheiro nele, mas não só o meu. Tinha um cheiro novo e desconhecido ali. Quando o mesmo levantou os olhos e me viu, os arregalou e desmaiou nos meus braços.


-Droga! – praguejei.


Toda vez que nos encontrávamos, ele desmaiava. Será que não estava comendo bem? Por que estava tão quente? Olhei ao redor – como se estivesse atrás de algum amigo dele – para largá-lo a cuidados alheios, mas ninguém apareceu. O coloquei nas minhas costas e segui em direção a enfermaria do campus. Pessoas me olhavam confusas, mas nada que um leve rosnar não as afastasse. Não demorei a chegar ao meu destino e quando o coloquei na cama, percebi como ele era leve.


-O que aconteceu? – o enfermeiro perguntou. Ele era um alfa.


-Ele desmaiou de repente e está quente. – respondi ríspido.


-Hum... – e então o enfermeiro farejou o ar com força. Depois sorriu. – Seu ômega né?


-Não.


-Que estranho... Sinto seu cheiro misturado com o dele e o do feto. – comentou confuso.


-Meu cheiro, o dele e o que? – perguntei desacreditado.


-Feto. Não percebeu que seu ômega está grávido? Provavelmente desmaiou porque é a primeira semana...


-Grávido?! – gritei.


-Por favor, não grite. Estamos em uma enfermaria...


-COMO VOCÊ QUER QUE EU NÃO GRITE? VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE ESSE TROÇO TÁ GRÁVIDO?! – gritei e senti medo em mim. Olhei para o antigo beta e ele tinha se retraído. Estava acordado. – VOCÊ VAI CONTINUAR FINGINDO ESTAR DORMINDO?!

Alma GêmeaWhere stories live. Discover now