Nos braços do passado

23 Você me salvou

Rod

- Por que isso coça tanto? - resmunguei passando os dedos pelo antebraço.

- Porque está cicatrizando - Ela sorriu - Suas tatuagens não coçavam?

Sorri de olhos fechados - Não me lembro. Mas acho que não é a mesma coisa Moniquinha.

Sua mão segurou a minha - Não... Não é. - seus olhos desviaram dos meus - Você está bem com isso?

- Isso o que? - suspirei.

- Eu estar aqui, dormindo com você, na mesma cama.

Sorri e apertei levemente sua mão segurando a minha. - Você está incomodada com isso? É que... Eu não penso em você dessa forma, então...

Vi seus olhos baixarem, e virei a cabeça no travesseiro para olhar para ela.

Ela assentiu.

- Não duvide que quero você comigo Moniquinha. Me sinto seguro com você perto de mim. Não quero contratar mais ninguém, eu confio em você.

- Então, você pode dormir, porque não vou tirar os olhos de você.

Sorri, fechei os olhos, mas não soltei sua mão. A temperatura dela sobre a luva fina, era aconchegante.

****

..."- Eu queria te contar...

- Você não podia ter feito isso...

Um tapa violento atingiu meu rosto"...

****

..."- Você prometeu! Você disse que ficaria... Eu não consigo sem você...

- Você não é um inválido Rodrigo! Aprenda a viver! Corra atrás do que quer. Ninguém vai segurar sua mão para sempre, ninguém suporta ser o pilar de outra pessoa eternamente! Acorde!"...

***

..."- Deixe que ela vá... Você não precisa dela. Deixe ela seguir seu caminho, siga o seu.

- Val...

- Ela vai voltar, ela sempre dominou seus sonhos...

- Você também... Você também sempre esteve aqui.

Um sorriso meigo - Eu sei gatinho. Ainda estou. Mas não se desespere. Você nunca vai estar sozinho. Olhe em volta.

Senti um toque no ombro, e ao me virar. Um palco... Um palco e um público gigantesco, como no show da Alemanha, nosso maior festival.

- É sua voz que eles querem, você precisa dar a eles. A nós..."

*****

- Rod? Rod! - Mônica segurou meu rosto, me sacudindo, e abri os olhos, ofegante. - Você está bem? Teve um sonho?

A abracei chorando, e puxei-a, escondendo meu rosto em seu pescoço, me encolhendo irracionalmente, com os olhos inchados de tanto chorar.

- Fala comigo Rod... - sua voz embargada me tirou do ar por alguns momentos. Ela tentou se soltar de mim, mas não deixei.

- Por que... Por que escolheu enfermagem? - falei entre puxões de ar.

Sua voz ficou tensa na minha orelha - Com o que você sonhou Rod?

- Foi por minha causa? - insisti.

- Não. Eu só pensei que...

Sorri e fechei os olhos, me acalmando, e finalmente me soltando dela - Ela vai embora outra vez...