1 Um dia comum

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2013

Rod

— Puta que pariu, cadê a porra do meu café? — olhei em volta procurando uma bandeja ou algo assim — Essa espelunca não tem café da manhã não?— resmunguei sozinho.

Abri a janela, e dei de cara com o sol já estralando, fucei minha cama para tentar encontrar o controle do ar condicionado. Merda de Rio de Janeiro!

Odeio, odeio com todas as minhas forças esse lugar imprestável.

Desci para a sala do nosso quarto de hotel.

— Bom dia senhor mau humor! Te comeram a noite foi?

Dei um soco no Art. — Cala essa boca. Cadê a Val?

Ele riu — Se ela não está na sua cama, então não sei.

Revirei os olhos. — Os outros ainda estão dormindo?

— Estão, mas vão descer logo, temos que sair em duas horas.

— Que ótimo! Realmente odeio essa cidade.

Ele deu de ombros, na certa imaginando que eu contaria toda a história novamente como um velho com Alzheimer.

Me joguei na poltrona ao lado dele com uma caneca de café preto, sem nada. A única coisa que não faltava, era minha exigência. Que faltasse água, mas não café. 

Aproximei a caneca da boca, mas subtamente me incomodei com a temperatura, não entendi, mas fiquei segurando a caneca até que ficasse frio. 

— Ou, o Charles falou de novo sobre aquela música, não vai mesmo deixar ele colocar no álbum?

Quase me encolhi com a caneca na poltrona, fazendo careta.

Ele riu — Cara, desencana... Quanto tempo isso faz?

— Sei lá, uns sete anos... Mas não é isso, é muito particular e... Fora de contexto hoje em dia... Diga para ele escolher outra, essa não rola.

— Tô ligado... É uma pena  — ele assentiu e vi os outros descendo as escadas. Cumprimentei-os enquanto se sentavam para esperar o café também.

— A porra do café ainda não chegou? Puta merda! — Pete reclamou, e eu ri.

— Me dá um gole dessa porra aí? — ele quase fez beiço esticando o braço para mim — Ressaca do caralho!

Estendi minha caneca para ele rindo— Bebe aí.

Ele segurou a caneca e virou um gole, para quase cuspir em mim depois. — Mas que merda de caralho é isso Rod?

Cerrei os olhos fazendo uma voz sedutora — Meus gostos são peculiares, você não entenderia.

Eles caíram na gargalhada.

— Agora deu né? Além de esquisito, tá um baitola com esse papo de 50 tons de merda na cueca.

— Se você sabe a referência, é tão baitola quanto eu. — pisquei para ele, e vi seu rosto vermelho de fúria.

Continuei rindo. Irritar o Pete era a melhor parte do meu dia. Art também, mas Pete tinha uma boca especialmente recheada de merda.

Já Gambé, parecia um budista, nada tirava ele do sério. Costumávamos brincar que éramos três e uma moça da Yoga. Apesar de eu e Pete sermos os mais esquentados, Art preferia a linda paz e amor. Não sempre... Mas era mais controlado que a gente.

— Porra, vocês não têm mão não? O carrinho de café da manhã tá aqui fora! — Val resmungava da porta. 

— Mão a gente têm. O que tá faltando é a bola de cristal mesmo. — Pete sussurrou.

Nos braços do passado Where stories live. Discover now