Cool Cat // Roger Taylor (HIATUS)

20. Death On Two Legs (Dedicated to...)

A pausa de Natal e Ano Novo, que durou uma semana e meia, passou muito rápido e agora já estamos indo gravar o A Day at The Races. Não estava muito inspirado em ficar ali escrevendo músicas já que a minha cabeça estava em outro lugar. Por mim, estaria em casa com o amor da minha vida e o meu bichano assistindo televisão.

Sei que esse álbum vai demorar para ser produzido já que não iremos a nenhuma fazenda para escrever e essa nem é a intenção da banda. Queremos fazer algo mais devagar para sair um resultado melhor do que o A Night at the Opera. Sim, o álbum foi um sucesso mas queremos mais. Muito mais.

Foi o que falamos para o nosso empresário no começo mas ele disse que "toda banda quer mais" só que ele não conhecia o Queen e por isso, saímos dele já que ele só queria o nosso dinheiro. O bom disso é que Freddie está usando toda a sua raiva e magoa desse cara para compor tanto que Death on Two Legs é dedicada à ele, mas ninguém precisa saber.

As primeira etapas de criação de um álbum é a parte mais bosta do processo. Eu não tenho paciência de ficar ali sentado, conversando sobre quantas faixas vai ter, que estilo de música iremos lançar e etc. A melhor parte é quando eu tô sentado atrás da minha bateria, criando os ritmos e logo depois, já poder estar tocando. É uma energia tão gostosa que se eu pudesse, faria isso o dia inteiro.

O primeiro dia de discussão havia terminado e eu tinha combinado de encontrar Mary logo após a reunião. Iriamos a uma cafeteria para conversar sobre como seria feito o pedido. Eu sou uma pessoa muito ansiosa e mesmo depois da conversa com Emilly no dia de Natal, ainda não conseguia parar de pensar nisso.

- Não acho que tem que ser algo muito grandioso - Mary diz enquanto olha o cardápio - Emilly não é dessas coisas

- Eu concordo e nem era isso que eu estava pensando - digo e dou um assobio para chamar a garçonete que estava de costas para mim.

A imagem da mulher que eu não via a anos me deixou sem chão. Era Dominique, minha ex namorada. Namorei ela por alguns meses antes de rever Emilly e digamos que nosso namoro não terminou dos melhores jeitos.

- Olá, em que eu posso ajudar ? - ela perguntou com um tom sínico

- Eu gostaria de um cappuccino e um muffin de blueberry - a minha acompanhante falou - E você, Rog?

- "Rog" - a garçonete soltou uma risada de mal gosto

- Dominique, por favor - digo olhando nos olhos dela em uma forma de súplica

- Desculpa, mas está acontecendo alguma coisa aqui que eu não estou sabendo? - Mary perguntou confusa e um pouco irritada

- Bom - começo a falar - Essa é Dominique, minha ex namorada - digo e o olhar de reprovação de Mary começa a me assustar - E digamos que não terminamos muito bem

- Na verdade, nós terminamos por que ele estava me traindo com uma modelo chamada Debbie Leng - ela falou com ódio e o olhar de Mary fica cada vez pior - Mas em fim, um cappuccino e um muffin e para o senhor?

- Um expresso - digo sem conseguir olhar no rosto da mulher

- Certo - ela diz terminando de anotar os pedidos em seu bloquinho - Boa sorte para não ser enganada que nem eu fui por esse dai - por fim, a garçonete soltou suas palavras em direção a Mary e se retirou

- Bom - Mary sem endireitou na cadeira - Como você quer que eu te ajude a planejar seu pedido de casamento com a minha melhor amiga sendo que acabei de receber essa bomba?

- Eu era imaturo e ainda não havia esquecido a Emilly - digo mas minhas palavras não causam efeito na loira

- Roger, querido, não é bem assim que a banda toca, viu?

- Eu sei... Mas faz tanto tempo que eu nem lembrava dela - digo dando de ombros

- Roger! Você só está piorando a situação! - ela deu um berro irritada

- Desculpa! - digo dando um soco na mesa fazendo com que os utensílios que estavam lá tremessem e saíssem de seus lugares - Eu só... Eu só quero esquecer o meu passado e viver um futuro novo com a mulher da minha vida. Estou sendo tão sincero com ela e me arrependo muito por não ter dado uma chance para nós no passado - junto com as palavras, as lágrimas saíram junto

- Baterista, calma! Não precisa chorar - Mary diz enquanto pega a minha mão - Eu só estou preocupada com a minha melhor amiga mas se você diz que mudou, não irei mais tocar nesse assunto

Dominique volta com os pedidos, os colocando na mesa com uma brutalidade e sai sem dizer nada mas depositando um olhar de reprovação sobre mim e eu não podia fazer nada já que ela tinha total razão

- Afinal - Mary diz depois de um gole de sua bebida quente - Se eu esqueci o passado com o Freddie e agora somos melhores amigos de novo, você também pode fazer isso mas precisa conversar com ela primeiro

- Ela quem? - pergunto confuso

- Dominique - ela diz me encarando enquanto mordia seu bolinho - E depois com a Emilly - solta enquanto mastiga o alimento

- Não acho que Emilly tem que saber disso - respondo preocupado. Não queria a envolver nesse rolo

- Eu acho melhor ela ter noção do que aconteceu no seu passado - ela me encara - Não foi você que disse que está sendo sincero com ela dessa vez?

- Tudo bem... Eu vou conversar com elas - digo vencido

- Certo, isso é maravilhoso - Mary diz com um sorriso no rosto - Agora sim podemos conversar sobre o seu pedido

- É... - digo desanimado

- Não fique assim! Logo depois que você conversar com as duas, tudo vai se encaminhar do jeito que tem que ser! Você ainda vai casar com a Emilly e ter vários filhos com ela!

- Você tem razão - um sorriso começa a surgir no meu rosto. Mary está certa! Eu tenho que encerrar o passado para ter sossego no meu futuro.

Após algumas horas conversando sobre lugares, possibilidades e detalhes de como tudo seria. Mary foi embora me deixando sozinho no local. Eu estava tomando outro expresso quando chamei a garçonete que estava nos atendendo.

- O que você quer? - ela perguntou rude

- Domi, precisamos conversar - digo tentando manter a calma

- Certo. O que você quer conversar?

- Pode se sentar, por favor?- com um gesto, mostro o acento que antes era ocupado por Mary. Ela se sentou e me olhou com uma cara de entediada - Bom, eu estou com planos de me casar

- E o que eu tenho a ver com isso? - sua voz sínica me interrompeu e eu respirei fundo para não mandar ela a merda mesmo sabendo que ela tinha bons motivos para me tratar daquele jeito

- Eu quero me acertar com você. Eu preciso deixar tudo esclarecido entre a gente para que o meu futuro possa ser o melhor possível

- Seu futuro traindo ela né? - ela falou - Roger, o que você fez comigo não ter perdão! E sabe de uma coisa? Você não sabe o que eu ainda tenho que passar por sua culpa - agora seu rosto estava molhado por lágrimas - Se eu pudesse, eu iria te infernizar até os seus últimos dias ainda mais agora que você está querendo casar - ela se levantou da mesa me olhando de cima a baixo - Eu tenho muita pena de você. Me deixa em paz.

Bom, acho que nem tudo saiu do jeito que estava planejado. Mas eu não vou deixar as coisas assim.