Macios. Era o que Sehun pensava enquanto passava os dedos por entre os fios castanhos do amigo, enquanto este estava com a cabeça em seu peito. Luhan era quem o abraçava agora.
Ele tinha um cheiro peculiar. Parecia viver num campo de flores. Talvez seja por sua casa toda arborizada.
O dia amanhecera mais fresco que os anteriores, por isso essa aproximação com Luhan não o incomodava, pelo contrário, o fazia se sentir bem, amado e querido, não um estorvo.
A luz solar estava quase atravessando a abertura da cortina, e Sehun não queria ter que largar o corpo do outro para ir ajeita-la. Ao invés disso, preferia acariciar os cabelos de Luhan enquanto sentia seu cheiro floral.
De repente, o menor começa a gemer e se move na cama. Após sair do peito de Sehun, ele esfrega os olhos.
— Bom dia, Luhan — diz Sehun, baixinho.
— Bom... Dia... — responde, ainda esfregando os olhos. — Há quanto tempo está acordado?
— Não muito.
— Já tomou café? — diz e se senta na cama.
Sehun faz o mesmo.
— Não levantei. Não queria te acordar.
Luhan sorri.
— Acho que eu teria feito o mesmo.
— Não sei não. Às vezes você é estranho.
— Ah, não! Acordei faz nem cinco minutos e você já está me provocando?! — fingiu indignação.
— É o que os demônios fazem — sorriu de canto.
Luhan também sorriu e se levantou.
— Espere aqui. Vou preparar um café pra nós dois.
— Não. Deixa que eu faço — também se levantou.
— Achei que não soubesse fazer.
Sehun sorriu.
— Espere aqui — e saiu em direção às escadas.
Quando se encontrou na porta da cozinha, passou um filme diante de seus olhos. Um filme no qual mostrava todas as vezes que tentou se aventurar sozinho naquele local.
Respirou fundo, espantando essas lembranças, e entrou devagar.
Nada aconteceu. Talvez não o afetasse mais.
Deu a volta na mesa e abriu o armário de cima, tirando de lá alguns pães, prontos para fazer torrada, depois foi até a geladeira e pegou uma geleia.
Mas ainda faltavam ingredientes, então se virou em direção ao armário, e foi aí que viu o que não devia.
Suas pernas ficaram bambas, o ar começou a lhe faltar, então cambaleou pra trás, se sentindo preso ao tocar a mesa.
Deu as costas àquilo e se apoiou na mesa, tentando controlar sua respiração, tentando focar na realidade, tentando não sucumbir às visões. Mas era tarde. Sua mãe já estava alí. Os homens já estavam ali. O gosto do seu santo remédio alcoólico já estava ali, em sua língua.
Por mais que seu impulso fosse buscar por álcool, não conseguia se mexer, estava travado e cabisbaixo. Não sabia mais discernir entre real e imaginário. Era tudo uma coisa só.
— Sehun! Fuja! Chame ajuda! — ouviu a voz de sua mãe.
— Droga! Você não é real! Suma daqui! — ordenou, falando baixo. Sem sucesso.
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Lutherapy
FanfictionA mãe já não está entre nós, seu pai é como se não estivesse. A cada lembrança, um copo. Sehun está passando dos limites e sabe disso, mas enquanto as memórias estiverem lá, sua melhor amiga, cerveja, também estará. "É para o seu bem", foi o que esc...
