09: um remetente incansável

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No terceiro dia em que Margareth atuava como dama de companhia da princesa de Kaena, a garota descobriu que, ironicamente, sua companhia não era tão necessária assim

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No terceiro dia em que Margareth atuava como dama de companhia da princesa de Kaena, a garota descobriu que, ironicamente, sua companhia não era tão necessária assim.

Naquela manhã, por exemplo, Gabrielle passou em seu quarto apenas para avisar que Sienna Bolgart estaria em uma daquelas reuniões da Coroa, citada anteriormente pela mesma, e que, por esse motivo, Margareth teria o dia inteiro livre para si. Novamente.

Senhorita Vincent constatou a notícia com um semblante feliz no rosto, como se já imaginasse tudo o que faria de bom na próximas horas. O problema era que, para Margareth, que mal conhecia um terço do castelo ou de seus lazeres, ideia nenhuma surgia em seus pensamentos. Além disso, ainda encontrava-se em choque pelo bilhete da noite retrasada e por seu remetente misterioso. Estava, inclusive, planejando passar o dia trancada em seu quarto, assim como fizera no dia anterior, em que escrevera três cartas inteiras para Enrico numa única tarde.

Entretanto, naquela específica manhã, após observar a colega retirar-se da reclusão de seu quarto para o infinito dos corredores do castelo, Marga pensou que, talvez, fosse capaz de dar um passo além de sua zona de conforto e descobrir mais sobre as origens daquele bilhete assombroso. Afinal, sabia que não ficaria em paz até o momento em que desvendasse o que aquilo poderia significar. E foi por isso que, assim que decidiu sair de seu recanto de quatro paredes, ela partiu em busca da única pessoa a qual considerava substancialmente confiável naquele momento: Klaus Bolgart. O príncipe que passava a maior parte de suas horas disponíveis vagando pelos campos dos estábulos.

Aliás, era para lá que Margareth imediatamente dirigiu-se.


Para a felicidade da garota, ele estava lá. Saía de uma construção de madeira bordô e tetos pontiagudos - um celeiro - que encontrava-se longe da entrada dos campos, enquanto fitava o enorme lago perto dali e falava consigo mesmo. Demorou um tempo para enxergar a presença de Margareth ali, afinal, o sol da manhã incendiava aqueles cantos de Kaena e era impossível observar tudo com exatidão.

Quando os olhos de ambos encontraram-se em meio aos ataques dos raios solares, Klaus parou de murmurar coisas e sorriu, surpreso.

— Senhorita Allboire! — exclamou o rapaz, locomovendo-se até a menina. — Há quanto tempo não a vejo! Meus parabéns, pois soube que virou dama de companhia de Sienna. É um grande passo para alguém tão novo assim no castelo, mas imaginei que isso logo aconteceria, a princesa demonstrou grande interesse na senhorita assim que deu seus primeiros passos por aqui.

A jovem tentava acompanhar o ritmo de sua conversa. Esbanjava sorrisos amarelos a cada pausa feita por Klaus, porém não era capaz de esconder o véu obscuro que cobria suas emoções. E o cavalheiro atentou-se a isso em poucos instantes.

— Está tudo bem? — Ele franziu o cenho, preocupado. — Aconteceu algo?

Ela, por sua vez, não conseguiu dizer muita coisa. Então, fez o que pôde: estendeu a mão que segurava a carta recebida no outro dia e entregou-lhe com olhares penosos sobre o objeto.

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