34: o primeiro abraço

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Margareth acompanhou os passos disparados de Sienna como se fossem o único caminho sóbrio a se seguir após sentir os sombrios estrondos do sino do castelo reverberarem por todos os seus ossos

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Margareth acompanhou os passos disparados de Sienna como se fossem o único caminho sóbrio a se seguir após sentir os sombrios estrondos do sino do castelo reverberarem por todos os seus ossos. Ela teria colocado a culpa desse impulso na mulher e na estima que carregava por ela, mas, além de si, Ana, Stephan e Vivian também formavam o grupo de pessoas que seguiam a princesa em sua rota.

Vendo-a planejar cada pegada que arriscava dar pelos corredores, Marga não achava que Sienna possuía ideia do que fazia. Na verdade, apesar de ser incapaz de enxergar mais do que suas costas, ela estava certa de que o coração da ruiva batia forte e com a sensação de que estava prestes a cometer algum erro tremendo. De certa forma, era como se o de Margareth também estivesse desse jeito. Ainda assim, continuou a segui-la, e não parou, até que chegassem a um destino em comum.

O grupo desacelerou ao atingir a entrada do corredor principal do primeiro andar, onde boa parte dos residentes do castelo se aglomerava em confusão, e avistar Anna Bolgart, que vinha da esquina oposta, aproximar-se da filha com passos pesados. A mulher fez uma careta em seu rosto enrubescido ao observar a mistura inesperada de pessoas que caminhavam até si. Talvez, isso ocorresse principalmente por Sienna e Lorde Lurk estarem juntos, mas as amigas de Gabrielle – e a falta da própria senhorita Vincent ali – também foram o bastante para ocasionar a reação na rainha.

Anastácia apertava com força as mãos de Margareth e Vivian, como se sua vida dependesse de mantê-las ali. Quando pararam, frente a majestade, precisaram de um tempo até que conseguissem se lembrar de reverenciar a mulher. Fizeram isso atrapalhadamente e por obrigação. Todos estavam focados apenas em descobrir o que aconteceu para que o sino de emergência do castelo fosse tocado à pura luz do dia. Tudo o que soava para além dos ecos dos sinos estava completamente silencioso.

— O que houve? — depois de respirar fundo algumas vezes, Sienna perguntou, com o olhar atormentado.

Anna Bolgart umedeceu os lábios avermelhados e engoliu em seco antes de falar algo, como se o que saísse de sua boca não fosse assustador, mas envergonhante. Ela endireitou a postura e fixou sua atenção apenas na filha.

— Os cavalos — murmurou em partes, constrangida. Apesar da face sem expressão, Margareth teve a certeza de ver seu rosto branco enrubescer um pouco. — Os cavalos foram roubados.

Roubados!? — repetiu Sienna, confusa. Não era possível saber se ela estava incrédula com a informação, ou se esperava que fosse algo bem mais perigoso do que aquilo.

— Ouviu bem o que disse — respondeu a mulher, sem deixar de lado seu tom de voz ríspido.

Todos pareceram relaxar os ombros com o que havia sido dito, e Anastácia soltou um pouco a mão das duas ao seu lado. Mas Sienna continuou com a postura endurecida, olhou para baixo e começou a pensar. Margareth havia percebido, agora, que a ruiva estava aflita.

Ela voltou a olhar para a mãe.

Todos — disse, com a voz mais baixa do que o normal — foram roubados?

Vossa Alteza | ⚢Where stories live. Discover now