Capítulo 18.

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Nikolai

Quando chegamos ao local, estacionei ao lado do estabelecimento e eu o encarei um tempo, considerando dar meia volta e sair dali. Então, Sophie se aproximou animada e eu sabia que não conseguiria pedir que fôssemos embora.
— Acho melhor eu entrar primeiro e depois você vai — Ela disse, e eu concordei. Observei a garota se aproximar do segurança e apresentar a identidade, que com certeza não era verdadeira. Ele não tomou muito tempo analisando o documento, e logo a deixou entrar, não antes de segui-la com o olhar. Incomodado, eu me aproximei e foi minha vez de entregar o documento. Ele quase nem olhou, já que eu claramente tinha idade para entrar.
— Aquele cara ficou olhando para sua bunda. — Eu comentei, quando me aproximei da garota
— Bem, eu o entendo. — Ela disse, e eu revirei os olhos — Estou brincando. Deixa pra lá, vamos — Ela então me puxou para o balcão do bar.
O lugar era mais uma balada que bar, mas ainda não era muito exagerado. Tinham muitas pessoas mas não estava necessariamente cheio. Sentamos em dois bancos no balcão e ela perguntou o que eu tomaria.
— Não vou tomar nada, estou dirigindo
— Se você não tomar nada, vai ficar aí com essa cara feia e não vai se soltar. Eu dirijo. Você já não ia me deixar tomar nada mesmo
Eu acabei rindo da maneira que ela disse aquilo. Então, me dirigi ao bartender.
— Vodka com gelo, por favor. — Com uma rapidez surpreendente, o rapaz colocou o copo com a bebida solicitada na minha frente e eu agradeci antes de tomar um longo gole. — Bem, aqui é bem melhor do que o Moose — Comentei, falando sobre o bar que eu costumava ir - relativamente próximo a minha casa.
— Lá nem pode ser chamado de bar. É uma lanchonete que de noite serve umas cervejas — Ela respondeu, e então pediu um sex on the beach sem álcool. — Quando você era mais novo, frequentava lugares assim?
— Na verdade, sim. Entre meus 17 e 25 anos, mais ou menos.
— Ah, então você entrava em lugares assim quando era menor de idade? — Ela arqueou uma sobrancelha, e eu acabei rindo.
— Não que eu me orgulhe! Mas sim. Na verdade eu gostava muito.
— E por que parou?
— Bom, acho que depois de um tempo eu só me cansei. Não tinha muita graça frequentar lugares assim sozinho.
— Meus pais não iam com você?
— Poucas vezes, quando sua mãe conseguia convencer Asher.
— Bem, eu imagino que seja chato sozinho. Eu costumava vir com a Sienna e...e com o Mateo.
Tomando mais um gole, eu senti uma repentina irritação ao lembrar do garoto.
— É o cara do vídeo? — Ela assentiu, e eu lembrei de como quase soquei aquele garoto mimado. Então, a conversa foi tomada por um silêncio desconfortável, e eu tomei o resto do líquido do meu copo.
— Só para você saber... — Ela falou após longos segundos, brincando com o canudo de seu Sex on the Beach — Nós não fizemos nada. — Eu apenas a observei, sem saber ao certo o que responder. — Eu até disse para Sienna que fizemos algumas coisas, mas a verdade é que o mais perto que chegamos de algo foi o vídeo.
— Voce não precisa se explicar. — Eu disse, por fim — E mesmo se tivesse feito, não pensaria menos de você. Da mesma forma que o vídeo não muda minha percepção da garota que eu sei que você é.
Ela então sorriu, um pouco envergonhada - o que era um visual novo já que ela raramente ficava tímida - e então eu dei uma rápida olhada em volta, confirmando que não havia ninguém ali que nos conhecia. Então, segurando de leve seu queixo, eu lhe dei um beijo devagar, sentindo o gosto de pêssego dos lábios macios da morena.
— Vamos dançar? — Ela sorriu animada quando nossos lábios se afastaram. Eu fiz uma careta.
— Não.
— Por favor?
— Sem chance.
— Bem, então eu acho que vou sozinha.
Eu balancei a cabeça sorrindo, e então dei de ombros dizendo que ela podia ir. Sem mais protestar, a mais nova levantou e se direcionou à pista de dança. Eu pedi mais um copo de vodka e comecei a observá-la. Tocava alguma mistura de pop com eletrônica que eu não conhecia, mas a morena dançava de acordo com cada batida. Então, em questão de minutos algum cara se aproximou dela, logo sendo dispensado por Sophie. Eu me ajeitei na cadeira inquieto, tomando minha bebida, mas quando outro homem se aproximou eu virei o copo e fui até a garota.
— Mudou de ideia? — Ela provocou, sabendo bem o motivo de eu ter ido até lá.
— Parece que não posso te deixar sozinha.
— Parece que não. — Ela concordou, sorrindo, e colocou os braços em meu pescoço enquanto dançava. Eu sorri também, e comecei a seguir seus passos. Com a experiência adquirida nos anos que frequentava aquele tipo de estabelecimento eu tinha uma boa noção de como dançar em uma pista, o que deixou a situação mais fácil. Durante a seguinte hora ficamos ali dançando, e ocasionalmente íamos até o bar para que eu tomasse mais alguma coisa.

Sophie

— Eu acho que você está tentando me embebedar para tirar proveito de mim. — Nikolai disse, sua voz bem menos dura do que normalmente. O homem tinha uma resistência impressionante ao álcool, mas já estava bem mais solto.
— Jamais. — Brinquei, um tom de sarcasmo na voz. O cabelo dele estava para trás, úmido por conta do suor - resultado do tempo que ficamos dançando.
O restante da noite foi resumido em dança e alguns copos mais de vodka, que para minha contínua surpresa, pareciam não ter tanto efeito em Nikolai quanto deveriam. Quando olhei para o relógio, já eram duas e meia da manhã. Sabia que o local fecharia às três e achei melhor irmos embora.
No carro, Nikolai me olhou pensativo antes de sugerir que não voltássemos para casa naquele momento.
— Está tarde, pode ser perigoso e se algum policial nos parar... — Ele balançou a cabeça. Concordei com ele e por fim, dirigi até um pequeno hotel que tinha ali perto.
Passar pela recepcionista foi fácil, já que estava mais interessada em seu celular do que em qualquer documento que eu lhe apresentasse.

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