Capítulo 11.

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Sophie

— Sério, você só tem isso? — Eu reclamei, enquanto encarava a geladeira de Nikolai e os alimentos que ali tinham: dois ovos, uma caixa de leite quase vazia, algumas cervejas e uma cebola.
— Eu disse que precisava fazer compras. — Justificou, apoiado na pia me observando. Ele parecia se divertir com minha indignação. — Podemos pedir algo. — Ofereceu, e eu fechei a geladeira após pegar uma cerveja. Ele me deu um olhar de desaprovação, antes de tirar a garrafa da minha mão. — Você não pode.
— Ah, sério? — Reclamei, cruzando os braços. Ele continuava a me olhar com uma expressão de quem se divertia. Os vinte centímetros de diferença entre nós deixavam a situação ainda mais incômoda para mim, já que me fazia sentir uma criança.
— Sério. — E então colocou a garrafa de volta na geladeira. Bem, pelo menos ele não iria beber na minha frente e me fazer vontade.
— Tá, pizza então?
Ele não respondeu, apenas foi direto para a sala em busca do telefone, sentando-se no sofá quando o encontrou. Eu não entendia o motivo do homem ainda ter um telefone fixo, já que tudo poderia ser facilmente resolvido através de celulares. Discou o número e logo estava fazendo o pedido.
Eu chequei o horário: 17:30. Ainda tínhamos tempo. Enquanto ele confirmava o seu endereço para a pizzaria, liguei a TV e procurei algo. Passei por canais e mais canais, sem realmente encontrar nada interessante. Parei em um canal de musicas quando desisti de procurar, escutando o que de acordo com a apresentadora do programa era uma música chamada "Little Brother". Era calma o suficiente para servir de música ambiente, e quando vi que Nikolai terminou a ligação, eu coloquei os pés por cima de seu colo, no sofá. Apoiando a cabeça no encosto da mobília, observei-o por um tempo. Ele pareceu sem jeito comigo olhando tão fixamente e eu sorri. Ele era bastante tímido, e eu achava aquilo adorável.
— Por que não me lembro de conhecer alguma namorada sua? — Perguntei, suspirando ao sentí-lo fazer um leve carinho em minhas pernas.
— Nunca tive um relacionamento duradouro. Acho que o último que eu tive foi há uns bons anos atrás. Você era bem mais nova.
— E por que terminaram? — Ele pareceu surpreso com a forma direta que perguntei, e notei quão indelicada havia sido. — Tudo bem se não quiser responder.
— Apenas não combinávamos. Ficamos juntos por quatro meses, e ela costumava reclamar que eu não lhe contava nada. Mas quando eu percebi que eu não queria compartilhar nada com ela, achei que fazia mais sentido seguirmos nossos caminhos.
— Você é tão...sério. — Comentei. Ele deu um meio sorriso.
— Eu acho que era isso que a incomodava.
Eu tirei meus pés de seu colo, sentando-me com as pernas cruzadas antes de responder. Ele ajeitou a calça, virando-se para ficar frente à frente comigo.
— Eu gosto. Quer dizer...você é difícil de ler, leva as coisas a sério e parece não saber se divertir tão bem.
— Ah, obrigada — Ele ironizou, mas de forma humorada.
— Mas... — Prossegui, enfatizando a palavra — Você é tão autêntico. Não sei, acho que estou tão acostumada com os garotos da minha idade mentindo, tentando ser quem não são pra agradar os outros. E você não se importa em agradar ninguém.
— Muito profunda sua análise sobre minha personalidade, senhorita Fortescue.
Eu revirei os olhos, rindo.
— Você e meu pai são tão diferentes. — Comentei, mudando um pouco o rumo do assunto — Mas se dão tão bem. Se conheceram no colégio, não?
— Sim, no ensino fundamental.
— E como ficaram amigos? Não é como se compartilhassem muitos interesses.
— Bom, quando eu cheguei na América tinha 14 anos. Eu consegui uma bolsa de estudos esportiva para sair da Rússia e estudar aqui. Nenhuma criança queria fazer amizade com o russo estranho e quieto, então eu passava bastante tempo sozinho. Os meus colegas começaram a espalhar histórias absurdas sobre mim, e todos tinham medo de se aproximar. — Franzi o cenho, pensando em como devia ter sido difícil morar em um país novo e estudar em uma escola nova quando todos te acham estranho e assustador — Mas seu pai um dia se sentou comigo no almoço, ignorando todas essas histórias. Se acha que eu sou reservado agora, precisava ver naquela época. — Ele deu um riso, mas senti que fora um tanto quanto amargo — Eu praticamente não falava. Demorou umas três semanas para que Asher conseguisse fazer com que eu dissesse algo. Ele se ofereceu para ajudar com meu inglês, e algumas matérias que eu tinha dificuldade. Então um dia, enquanto seu pai me mostrava algum jogo de cartas no refeitório, um dos idiotas da nossa sala que costumava encher seu pai resolveu incomodar. Jogou as cartas no chão, ameaçou enfiar a comida em suas calças se visse seu rosto ali de novo "incomodando seu almoço". Eu aproveitei que todos acreditavam nas histórias sobre mim, segurei o cara pela camiseta e...bom, digamos que eu o assustei bastante. Disse que se encostasse no seu pai mais uma vez, eu quebraria a mão dele e o faria comê-la. — Eu dei risada, imaginando um pequeno Nikolai ameaçando o garoto — No fim, consegui com que ele nos deixasse em paz. E acho que foi assim que começou. Nos ajudamos, e aos poucos ficamos bastante próximos.

Podia perceber pela forma que contou a história, que ele era bastante grato a amizade com meu pai. E eu sabia que aquilo fazia com que nosso relacionamento, ou o que quer que fosse aquilo, fosse um peso em suas costas.
— Você tem vontade de parar com o que estamos fazendo? — Eu perguntei, após alguns minutos de silêncio. Ele franziu o cenho, mas logo conectou minha pergunta à história.
— Asher é uma pessoa muito importante para mim, e eu odeio mentir para ele. Confie em mim: se eu conseguisse ficar longe de você, não estaríamos aqui.
Eu sorri um pouco, e ele se aproximou, colocando a mão em meu rosto e me dando um beijo gentil. Aos poucos, a intensidade do beijo aumentou e ele me deitou devagar, ficando por cima de mim. Meus braços se posicionaram ao redor de seu pescoço, enquanto sentia suas mãos em meu quadril, pressionando ali antes de descer para minhas pernas. Eu usava uma calça jeans skinny que fazia com que fosse difícil sentir tão bem minhas pernas e bunda, mas isso não o impediu de apertar minha parte traseira com uma força que me fez gemer contra sua boca.
Eu desci as mãos em direção a barra de sua camiseta, subindo o tecido. Quebrei o beijo para retirar a peca, e então observei seu abdômen por alguns segundos, passando a mão em seu peitoral. Nikolai sorriu com malícia, sabendo o quanto eu gostava da visão. Então, me beijou com mais voracidade, suas mãos agora por baixo de minha regata, e o contraste de sua mão quente em minha pele gelada era uma delicia. Percebi que ele manteve uma distância hesitante de meus seios, mas eu sabia o que queria. Afastei nossos rostos uma vez mais e então foi minha vez de me livrar de minha peça superior. Estava usando o meu melhor sutiã - um preto com rendas que faziam meus já robustos seios aparentarem ainda maiores. Pude ver seus olhos escurecerem com luxúria, antes de seus lábios atingirem meu pescoço, deixando um traço de beijos desde o local até meu busto.
Senti a ereção do mais velho pressionada contra minha perna, e suspirei excitada. Gemi mais uma vez quando ele me deu um chupão na parte exposta do meu seio esquerdo. Levei minhas mãos até o fecho do sutiã, decidida a lhe dar mais liberdade para me tocar, quando o barulho da campainha me fez parar o que fazia.

O TreinadorWhere stories live. Discover now