O almoço acabou sendo uma senhora moqueca, Fatinha acabou arrasando na comida, apesar de ter abusado da pimenta.

Ben acabou respondendo comentários sobre seu novo bronze para Fatinha, contou detalhes da visita a praia, e de como se divertiu.

O rapaz em nenhum momento encarou Alex, já o policial se aproveitou da situação para contemplar a beleza do estudante durante todo o almoço. De fato Benício estava com uma pele, e uma cor que o deixavam ainda mais encantador.

Um telefonema acabou por tirar a atenção de todos a mesa. Allan atendeu o celular e começou a berrar, com os amigos. Aquela situação acabou por desagradar Alex que não entendia de onde poderia vir toda aquela euforia.

- Fechado mané, é nós, te encontro já já- O brutamontes encerrou a ligação, dando uma espreguiçada no cadeira- partiu e ninguém viu Dona Fatinha.
- Partiu pra onde Allan? Pra encarar um Sol desses, coisa boa não vai ser.
- Coisa boa não sua velha, a coisa ótima.
- Ah é, e o que é de tão ótimo assim que vai tirar meu caçula de mim?
- Búzios coroa, a rapaziada conseguiu uns chalés em Búzios e me chamaram pra ir.
- Uau, até eu fiquei como é que aquela menina diz? - Tentou recordar a fala de alguma conhecida.
- Que menina porra?
- Aquela lá, enfim fiquei cheia de recalque aqui.
- É só vir minha véia? Tem vaga no carro, bora?
- É claro que não, seu irmão ainda não está cem por cento. É ao lado dele que preciso estar agora.

Tubarão acompanhou inquieto aquela situação, detestava se sentir um peso para os outros e por mais que a mãe dissesse aquilo de forma carinhosa, se sentia um inútil.

- Então tá bom e tu Ben, que tal?
- É sério isso Allan, tem vaga mesmo?

Tubarão acabou por largar o copo sobre a mesa de uma forma um pouco irritada.

- Não... O tio Ben fica, ele já ficou muito tempo longe de mim, ele não pode ir.

Tubarão quis repreender o filho, mas acabou rindo por dentro ao perceber que a petulância do muleque poderia impedir que o babá saísse naquela lua de merda com Allan.

- Tu fica na tua rapa, senão eu te faço mijar nas calças de tanta cosquinha. Então roceiro, o que me diz, tô ligado que não temos mais nada, mas a amizade continua não é mesmo?

A notícia de Allan acabou por pegar tanto Tubarão quanto Fatinha de surpresa.

- Em que ponto da viagem eu dormi? Vocês dois terminaram?
- Ih velha, tá sabendo de nada. O roceiro e eu estamos soltinhos na pista faz dias. Ele pegou ranço da minha cara, eu da dele então decidi dar um chute nesse rabo gordo que ele tem- Falou com a cara mais lavada do mundo.
- Eu tô passada, isso foi quando?
- Tempo o suficiente pra já ter sido enterrado e estar sendo comido pelas minhocas.
- Eu tô falando sério Allan.
- Foi antes do ano novo Fatinha. Mas seguimos amigos.
- Amigos coloridos- Tubarão pensou ao recordar do beijo entre os dois após a virada do ano.
- Mas você está bem mesmo, né Benzinho?
- Tá querendo saber demais coroa. E aí ex, vai ou não vai?
- Não, não vou Allan, tenho que matar a saudade do meu amiguinho aqui. Não sei quanto tempo ainda vou ter esse carinho todo só pra mim, daqui a pouco ele encontra os amigos na escola e me troca por eles.
- É verdade, esse ano o Julinho vai pra escola nova né? - Fatinha falou entusiasmada.

Allan acabou por não dar confiança para a conversa da mãe com Benício. Seguiu até o quarto para arrumar suas coisas para a viagem a Búzios.

- Isso é certo?

Todos os pêlos de Allan se ouriçaram naquele mesmo instante.

- Era a primeira vez que Tubarão puxava assunto com ele em muito tempo.
- Qual foi Tubarão? A que devo a honra da sua presença em meu palácio?
- Só me responde, é certo o que disse agora pouco?
- Se não quiser acreditar em mim, acredita nele- Falou dobrando as roupas- E quer saber mais véio, não foi porque eu quis. Se dependesse de mim, eu levaria esse muleque pro resto da vida. Mas agora somos apenas amigos.
- Amigos coloridos?
- Não, apenas amigos.
- Mas e o beijo no outro dia? Pelo que me lembre foi nesse ano já.
- Ah que ponto você chegou Tubarão? Virou uma mexiriqueira espiando os outros, eu esperava isso da nossa mãe.
- Vá se fuder- Tubarão falou saindo do quarto de Allan se direcionando ao corredor.
- Não viaja, foi um beijo de despedida, eu pedi, ele deu, e foi só isso. Ele é teu, segura, antes que surja alguém mais fodão que nós dois e com mais atitude e leve ele embora. Esse muleque é um diamante, tá me escutando? Um diamante.

Tubarão seguiu caminhando sem dar confiança a Allan. Tinha escutado mais do que pretendia. Uma euforia acalentou seu coração ferido, Ben havia renunciado ao namoro com Allan por ele.

Ainda na mesa quando ouviu a boa nova, quase não conseguiu se conter. Acabou por ter que vencer o orgulho e questionar o irmão de fato estavam falando a verdade, se de fato estavam falando da mesma coisa. E sim Ben estava desempedido, não existia mais atritos a se evitar.

Voltou a sala tentando correr, mas o seu corpo ainda não correspondia. Olhou o babá brincando com o filho e tentou chamar a sua atenção, mas Benício o desprezava com todas as forças possíveis.

- Tubarão, não desista tão fácil assim- Pensou consigo mesmo, se recusando a perder aquela oportunidade- Benício eu posso trocar uma palavra com você?

O babá o olhou nos olhos com um certo desdém e voltou a brincar com Julinho.

Passaria toda a tarde no sofá acompanhando as brincadeiras de Benício, em dado momento torceu para que o filho cansasse e dormisse deixando o babá acuado. Isso acabou por não acontecer, conforme o tempo passava o menino parecia que tinha muito mais energia pra gastar.

Acabou ele mesmo caindo no sono. Já tinha esperado tanto tempo, um cochilo ou outro não faria a mínima diferença. Uma hora ou outra, ele só precisaria de uma chance e ele domaria a fera.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now