CEREJA DO BOLO

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- Tio Allan- Ben e Alex acabaram por evitar toda uma constrangedora explicação com a ajuda involuntária de Julinho, que ouviu a voz do tio ainda no seu quarto e veio correndo até o colo de Allan- Você veio jogar vídeo game comigo hoje?
- Hoje não Julinho- Tentou esboçar um sorriso num rosto pra lá de sério- Vim sequestrar o seu tio Ben um pouquinho, a sua avó está desesperada querendo a presença dele lá em casa "agora"- Falou a última palavra como uma certa cobrança.
- Allan, eu acabei de chegar do jogo, estou todo suado, preciso de um banho antes- Benício viu sua voz voltar aos poucos.
- Você toma banho lá em casa, pega um par de roupas pra passar o dia e uma bem bonita para a festa de logo mais. Você pode se trocar no meu quarto, afinal de contas eu conheço milimetricamente tudo o que você esconde aí- Falou encarando o irmão com um semblante de desprezo- Agora vamos logo, você não vai deixar o teu homem esperando não é- Benício o olhou indignado, sabia que a cena presenciada pelo namorado era de difícil assimilação, mas o tratar daquela forma na frente de Alex e Julinho era demais, Allan iria escutar poucas e boas.

Foi até o quarto e pegou o que era necessário, Allan se deitou no tapete da sala brincando com Julinho enquanto esperava Benício voltar.

Os dois irmãos apenas se encaravam, não tinham o que falar, Alex não se sentia na obrigação de explicar nada ao irmão caçula, na verdade tudo aquilo que estava acontecendo era culpa dele mesmo. Na cabeça do policial se Allan assumisse o papel de ser o homem da família, ele talvez pudesse viver outras experiências como até mesmo se aventurar em conhecer intimamente outro cara, mas não, Allan havia se tornado um viado, tão viado quanto Adriano, tão viado como ele mesmo poderia ser.

E alguém precisava ter o bom senso de não desgraçar a família que o pai construiu, e se dependia dele isso, ele assim o faria, continuaria sendo a esperança do seu velho, o filho homem.

Alex deitou sobre o sofá, com a cabeça virada para o teto de gesso. Allan seguia brincando com o sobrinho e encarando o irmão com desprezo, não precisaria se envolver numa discussão para acabar com o dia do Tubarão, o que era dele estava guardado e muito bem guardado.

- O papai tá com a perna machucada, o Luciano deu um carrinho muito feio nele tio Allan- Julinho acabou narrando todo o jogo e na chuva de gols que a dupla Alex e Benício tinham feito.

Benício acabou demorando mais que o de costume, para a impaciência de Allan, o babá acabou por sair às pressas da casa apenas se despedindo de Julinho e indo esperar o brutamontes do lado de fora.

Allan por sua vez se despediu do sobrinho e mediu Tubarão de cima a baixo. Pegou no chão o remédio que Benício usou para aliviar a dor do policial e jogou sobre o irmão.

- Toma, você vai precisar disso aqui- E saiu andando.

Do lado de fora Benício o esperava bicudo, Allan saiu da casa sem dar muita atenção ao rapaz e se dirigiu até um mega carro estacionado no portão dos Falconi. Era do tal amigo rico que morava na Ásia.

- Por que desse carro hoje? - Perguntou Benício quebrando o silêncio.
- Dona Fatinha está mandando eu buscar um monte de trecos o tempo todo, e como não tenho vocação para motoboy tirei o carro da garagem, estava muito tempo parado e isso também não é bom.
- Allan eu não gostei da forma como você me tratou agora- Ben falou interrompendo bruscamente o papo automotivo que Allan iria iniciar.

O brutamontes freiou o carro com a mesma rispidez, estavam numa rua residencial e apenas um gato circulava pela rua, fugindo assustado com a brutalidade como o veículo parou.

- Que porra é essa Allan? Quer nos matar? - Benício falou assustado.
- E como você acha que eu fiquei ao ver o meu namorado, porque é isso que agora somos não é? Com a porra da cara atochada na rola do meu irmão.
- Não fala merda, você sabe exatamente que não estávamos fazendo nada disso.
- Agora eu tô falando merda Benício? O que acharia de me ver massageando o peito de alguma mina, ou a raba de algum cara? E porra pra piorar a situação é o cretino do meu irmão, vá se fuder.
- Você é um idiota Allan, um tremendo idiota.
- Um idiota por falar o óbvio não é? Que com mais cinco minutos ali, você não estaria com a mão perto do pau dele e sim com a boca, ou com o cu. Me engana que eu gosto seu roceiro de merda, traidor filho da puta, você tá doidão pelo Tubarão não é?
- Cala essa boca Allan, estamos falando do Alex.
- Do Tubarão porra, você nem consegue chamar ele pelo apelido, está aí cheio das intimidades. Você tá apaixonado por ele cara? Pelo meu próprio irmão? Eu não acredito.
- Cala essa boca, estamos falando de um cara que jamais olharia para outro homem, se você não me respeita, respeita ele pelo menos.
- Não estamos falando dele, estamos falando de você, estamos falando de nós dois porra- Allan segurou com força pelo pulso de Benício, falava gritando, pela primeira vez Ben viu o brutamontes agir com ele como naquele primeiro encontro na sala de Cadu.
- Me solta Allan, você está me machucando.
- E você não seu roceiro? Eu tô gostando de você de verdade seu porra, não faz isso comigo.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt