Parecia aliviado.

Eu também estava.

- Não imaginou que eu fosse desistir, não é mesmo, querido? - Cleo perguntou, com um sorriso brincalhão nos lábios. Estava emocionada. - Eu nunca desistiria de você.

A imagem de ambos em meio do altar de flores e frente ao enorme mar era encantadora. Principalmente porque o sol estava começando a se pôr, deixando o clima ainda mais romântico e especial para eles.

- Para ser sincero, sim - Matteo disse. - Mas o pensamento logo foi embora quando pensei em todos os momentos que passamos. Inclusive aquele cujo você quase me afogou no mar. Foi o dia que nos conhecemos, não? - perguntou, sorrindo.

Todos riram com o seu comentário e o casamento enfim iniciou-se.

Enquanto o padre falava, olhei de relance para o alto. Estava começando a escurecer, o que me deixava um pouco arrependida com minha escolha de roupa: um vestido de renda azul escuro meio curto e um salto. Eu sabia que iria tirar o salto depois, mas chegar com estilo era melhor que ir embora sem, por motivos óbvios: a areia e frio.

Será que um dia iria me casar também?, pensei. Eu não acreditava muito nessa possibilidade, mas achava lindo observar o quão feliz as pessoas pareciam estar em momentos assim.

Voltei meu olhar para baixo e virei para esquerda. Um pouco distante, algumas pessoas observavam o casamento, visto que era ao ar livre, e pareciam admirar tudo, assim como eu. Dentre elas, um grupo de garotos e garotas encontravam-se tomando banho de mar e conversando um com os outros perto de uma pequena fogueira. Pareciam ser da minha idade.

Um deles, em especial, me encarou ao notar que eu os observava e sorriu. Estava sentado na areia, tranquilo, e fez um rápido aceno de mosqueteiro antes de levantar e correr em direção ao mar.

Soltei um leve sorriso e revirei os olhos.

- Ele até que é bonito - murmurei, baixinho.

- O quê? - perguntou, meu segurança. - Disse algo?

- Eu só falei tudo está muito bonito.

-Ah... - disse, apenas. - Pensei ter escutado outra coisa - ele olhou para  mim alguns durante segundos, mas logo seus olhos foram em direção às pessoas da praia, fazendo meu coração acelerar. Sem chances que ele tinha escutado algo.

O casamento aconteceu entre meia hora a quarenta minutos e foi simplesmente lindo. Cleo jogou o buquê após todas as mulheres estarem perto do mar e uma colega sua o pegou - aquela cujo havíamos visitado horas antes.

Nesse exato momento, todos estavam na parte do bufê - que também era na praia -, conversando com os recém casados, enquanto eu permanecia encostada em uma árvore um pouco mais afastada de todos. Tinha permanecido alguns minutos lá, conversando, sorrindo, socializando, mas agora queria ficar um pouco mais sozinha, observando-os felizes. Isso era mais que o suficiente.

Bebi um gole do coquetel em minha mão direita e olhei ao redor. O grupinho de antes ainda continuava na praia, e aquele garoto de olhos verdes me observava de longe.

Cabelos loiros molhados do mar, corpo tanto definido quanto bronzeado, e olhos intensos. Ele soltou um pequeno sorriso animado e levantou uma de suas mãos lentamente, o que me fez rir, pois estava imitando uma taça.

Comprimentando-o rapidamente, me virei em direção contrária. Eu estava indo pegar mais coquetel, quando avistei meu segurança perto da mesa de bebidas. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado esquerdo, uma garota ruiva murmurava tranquilamente algumas palavras em seu ouvido, enquanto tentava, aos poucos, roubar leves sorrisos seu. E estava conseguindo, mesmo que fossem poucos.

Fiquei os observando por alguns minutos, cinco ou oito no máximo.

Meu segurança não era do tipo que conversava com qualquer pessoa, então por que ainda estava ali? Por que parecia conhecê-la? E por que sorria assim, de forma tão sincera?

- Seu namorado? - uma voz disse, ao meu lado. Sem que eu tivesse prestado atenção, o garoto havia se aproximado de mim. E ele era mil vezes mais bonito de perto.

- Não - respondi, encarando-o. - Por que a pergunta?

- Apenas curiosidade. Você não deveria estar ali? - ele apontou para o bufê, onde altas risadas eram ouvidas facilmente por nós.

- Sim, deveria, mas perdi a vontade.

- Então optou pela solidão.

- É melhor que estar em um lugar onde não me sinto bem.

- E onde você se sente bem, exatamente? A praia é o melhor lugar para se estar.

- Bem, eu gosto de festas.

- Está em uma neste exato momento.

- Festas de verdade.

Ele soltou um pequeno sorriso e cruzou os braços, me analisando.

- De onde você é?

- Coréia do Sul.

- Lá tem festas?

- E por que não teria?

- Bem, eu ouvi coisas...

- Cultura rígida, homens machistas, liberdade de expressão inexistente?

Ele acenou.

- Não ouviu errado - disse, cruzando meus braços. - Mas não somos robôs. Cada tem sua própria opinião. Cada um pode decidir fazer parte de todas essas coisas ruins, ou ter sua própria liberdade e pensamento de vista.

Uma leve onda de vento passou diante de nós e precisei fechar os olhos por conta do frio. Era capaz que eu começasse a tremer em alguns minutos.

- Está com frio? Posso te emprestar um casaco meu - ele disse.

Estava prestes a recusar, mas o garoto correu em direção aos seus amigos e pegou algo próximo a fogueira. Pensei que ele fosse vir até mim, mas na verdade ele me chamou. Um pouco indecisa, olhei em direção ao bufê. Papai estava conversando com alguns convidados, juntamente a Cleo e Matteo. Em seguida, meu olhar foi em direção ao meu segurança. Ele ainda conversava com a ruiva, embora não sorrisse mais.

- Bom, ninguém sentirá minha falta - falei, caminhando até a fogueira. 

_____________________________

Me desculpem qualquer errinho e espero que tenham gostado! 

New security ❄ Im JaebumOnde histórias criam vida. Descubra agora