- Eu costumava vir aqui quando era mais novo - ele começou a falar, me encarando. A luz do sol refletindo em seus olhos castanhos. Em seu rosto sério. - Quando eu queria fugir da minha terrível realidade. Vim para Miami quando tinha apenas doze anos de idade. Foi a época em que meus pais se separaram. Minha mãe continuou na Coréia, mas como meu pai não suportava a possibilidade de permanecer no mesmo país que ela... - ele soltou uma risada irônica ao dizer isso. - Bem, ele achou que sair da Coréia seria o melhor a se fazer.

- Você... não precisa me dizer essas coisas, se não quiser.

Eu sempre insistia em saber mais sobre ele, mas isso eram informações tão íntimas, que eu me sentia um pouco estranhada. E se ele não se sentisse pronto para contar isso? E se eu tivesse obrigando-o? Eu não queria isso.

- Eu quero - ele disse. - Quero contar isso a você.

Meu segurança olhou para frente novamente após um solar um leve sorriso. Ondas iam e vinham lentamente, sendo capazes de tocar nossos pés de raspão. Ouvi algumas pessoas gritando ao redor, outras correndo em direção ao mar gélido, mas suas vozes pareciam tão irrelevantes agora.

- Na época, meu pai era advogado, então acabou ganhando a minha guarda. Ele era esperto. Mas ele não me amava, Nalu. Ele só queria provocar minha mãe. Cada dia aqui, foi como um inferno. Tive que aprender inglês se quisesse socializar com as pessoas, tive que aprender a defender a mim mesmo se quisesse continuar vivo e, acima de tudo, tive que aprender a lidar com a saudade de casa. Além disso, precisei fingir que estava tudo bem para minha mãe, caso contrário, ela ficaria preocupada. Ela cederia as chantagens do meu pai - ele fez uma pequena pausa, mas logo voltou a falar: - Você me perguntou de manhã o motivo de eu ter me mudado, e sinto muito pela minha resposta, eu só não queria demonstrar que isso me magoava. Sobre a minha volta... voltei para Coréia porque meu pai faleceu. Insuficiência cardíaca.

- Eu... eu sinto muito por isso.

Minha mãe sempre me ensinou que as dores de outras pessoas não deveriam ser julgadas. Era por isso que eu sempre tentava ajudar, ao invés de julgar pessoas que passavam por problemas, por mais simples que eles aparentassem. 

Olhar para o meu segurança me fazia pensar que ele era forte. Que ele era de aço. Quando na verdade... ele também era humano.

Ele age friamente e de forma hostil em frente aos outros, mas na verdade é uma pessoa calorosa, pensei. Notei isso com o passar dos dias. Lentamente, ele estava a mostrar seu lado bom. Tendo paciência, sendo sincero, cuidando de mim. Ele não queria me fazer mal, pelo contrário. Ele só queria me manter bem.

- Não sinta - ele falou. - Não precisa. Estaria mentindo se falasse para você que senti algo como uma dor cruciante, pois não senti. Mas fiquei triste. Ele era meu pai, apesar de tudo. Mesmo que não me considerasse como um filho.

- Ele foi enterrado por aqui? - eu perguntei. Por algum motivo, eu não conseguia acreditar nisso. Não conseguia assimilar que meu segurança fosse tão frio em relação ao pai. Claro, era óbvio que houvera desavenças em sua família, mas poxa, família... família era família.

- Foi. Queria tê-lo enterrado onde nasceu, mas acho que ficaria irritado. Nunca conseguiu superar a separação.

- Sabe... eu acho que ele amava você.

- Não precisa tentar me consolar, Nalu. Não sou mais aquela criança frágil do passado. Ele não me amava, e aprendi a lidar com isso da minha maneira - ele sorriu. Mas era um sorriso triste.

- Não estou te consolando, amigão. Eu só... só não consigo acreditar que ele considerasse você uma pessoa que não merecia amor. Você é incrível.

- Nem todas as famílias são felizes, Nalu. A minha teve problemas, provavelmente outras terão, e é assim que a vida segue.

Apesar de se amarem bastante, meus pais costumavam brigar também. Geralmente por conta da política, ou algum compromisso que papai faltava, ou até mesmo coisas simples dentro de casa. Mas ele nunca deixou de amar a mamãe. E ele nunca deixou de me amar. E ele nunca deixou de amar a família que construiu, mesmo após a morte dele. Porque isso era diferente. Era algo além do sangue. Algo além da alma. Era amor. Um dos mais puros amor.

- Eu entendo seu lado, eu entendo que nem todas as famílias são felizes, mas dizer que não houve amor... isso é tão vazio.

- Essa é uma ótima definição para minha vida - ele levantou-se do nada e ofereceu uma de suas mãos para mim. - Sei que sou difícil de entender, mas quero o seu bem. E sei que o seu melhor não é comigo. Eu sou apenas um segurança, Nalu. Não sou capaz de oferecer nada a você além disso. Além dessa dor. E eu não quero que aconteça conosco o mesmo que aconteceu com meu pai. Eu não quero que você sofra.  Consegue entender isso? 

Não, quis dizer. Não consigo entender. 

Mas sabia que dizer algo assim não surtiria efeito algum nele. Sabia que seria inútil, assim como ontem. Eu estava criando sentimentos por alguém que não iria retribuí-los, e estava fazendo questão de dizer isso. 

- Consigo - eu segurei sua mão e levantei-me. - Mas, amigão, eu realmente acho que ele amava você, sabe? Acontecimentos envolvem bem mais que apenas um lado da história, e sei que o que você viveu não foi agradável, mas ele não criaria você esse tempo todo apenas para fazer você crescer magoado. Posso garantir isso.

- Vamos voltar, acho que Cleo está pronta. 

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Jaebum, querido, o que fazemos com você??????????

Gente, como que fica o nome desse shipp pelo amor de Deus?? ahauhauhaa


New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now