Acusada de assassinato, Violette Garzón aguarda do lado de fora de um tribunal de Florença enquanto um júri decide o seu destino: Seria ela a depravada Marquesa de Sade das manchetes ou a vítima inocente do passado terrível de uma família rica? Há...
𝘈𝘢𝘳𝘵𝘦𝘥𝘦𝘯𝘰𝘴𝘴𝘢𝘯𝘦𝘤𝘦𝘴𝘴𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦 é 𝘦𝘴𝘵𝘳𝘢𝘯𝘩𝘢, 𝘱𝘰𝘥𝘦𝘵𝘳𝘢𝘯𝘴𝘧𝘰𝘳𝘮𝘢𝘳𝘤𝘰𝘪𝘴𝘢𝘴𝘷𝘪𝘴𝘦𝘮𝘱𝘳𝘦𝘤𝘪𝘰𝘴𝘢𝘴. 𝘞𝘪𝘭𝘭𝘪𝘢𝘮𝘚𝘩𝘢𝘬𝘦𝘴𝘱𝘦𝘢𝘳𝘦𝘙𝘦𝘪𝘓𝘦𝘢𝘳
𝘖𝘲𝘶𝘦𝘤𝘩𝘢𝘮𝘢𝘮𝘰𝘴𝘥𝘦𝘱𝘳𝘪𝘯𝘤í𝘱𝘪𝘰𝘴 é, 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘢𝘴𝘷𝘦𝘻𝘦𝘴, 𝘰𝘍𝘪𝘮. 𝘌𝘢𝘭𝘤𝘢𝘯ç𝘢𝘳𝘶𝘮𝘧𝘪𝘮 é 𝘢𝘭𝘤𝘢𝘯ç𝘢𝘳𝘶𝘮𝘱𝘳𝘪𝘯𝘤í𝘱𝘪𝘰. 𝘖𝘧𝘪𝘮 é 𝘱𝘰𝘳𝘰𝘯𝘥𝘦𝘤𝘰𝘮𝘦ç𝘢𝘮𝘰𝘴. 𝘛.𝘚. 𝘌𝘭𝘪𝘰𝘵 𝘍𝘰𝘶𝘳𝘘𝘶𝘢𝘳𝘵𝘦𝘵𝘴𝘓𝘪𝘵𝘵𝘭𝘦𝘎𝘪𝘥𝘥𝘪𝘯𝘨
Garzón
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ANTES DO VEREDICTO.
Eu preciso não pensar no veredicto. Preciso NÃO pensar. Mas é claro que penso. Não consigo pensar em outra coisa. Fico olhando o relógio, olhando as horas, me perguntando quando o júri tomará uma decisão. Consigo vê-lo lá em cima, por uma janela que não passa de uma minúscula fenda, claro como o dia. É do tipo antigo, com um mostrador redondo e números grandes e pretos e um ponteiro de segundos vermelho, em constante movimento, tiquetaqueando o passar do tempo. Nada de números digitais piscando, não neste. Eu olho outra vez. O ponteiro vermelho de segundos continua o seu percurso circular, constante, inexorável: Cinco horas até agora e, ainda, nada de veredicto.
Mancando por causa de meus ferimentos, caminho de um lado para o outro, lentamente, da parede cinza que fica a oeste até a porta trancada e de volta — uma distância curta, poucos passos. As duas primeiras horas não foram tão ruins, não muito. Meus advogados vieram, disseram-me algumas palavras de encorajamento, sentaram-se ao meu lado por algum tempo. Deu para perceber, apesar de suas palavras, que tinham dúvidas a respeito do resultado, mas a presença deles me tranquilizou. Agora, sozinha, caminho de um lado para o outro e observo o relógio, cada hora mais difícil do que a anterior. O que será que as outras pessoas pensam enquanto esperam? O quê? Eu sinto medo, principalmente, e penso nisso. Assim que me prenderam, meus advogados me garantiram que meu caso seria deixado de lado, que nem chegaria a ser julgado. Estavam enganados. Meu destino, minha vida, serão decididos por um júri de doze, mas o que aprendi, através dos anos, é que justiça nem sempre prevalece.
