Acusada de assassinato, Violette Garzón aguarda do lado de fora de um tribunal de Florença enquanto um júri decide o seu destino: Seria ela a depravada Marquesa de Sade das manchetes ou a vítima inocente do passado terrível de uma família rica? Há...
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Ouvindo a porta abrir, enfio os quadros de volta atrás do armário e caminho até a balaustrada. Olho para baixo e vejo Atticus do lado de fora da porta, curvado, limpando a terra da bainha da calça. Uma lufada de ar frio sopra seus cabelos, achatando-os para um lado. Atrás dele, vejo que o céu, que estava de um lindo tom de azul e praticamente sem nuvens quando cheguei, está ficando escuro, muito cinza e enevoado. Ele veste a mesma roupa que usava mais cedo, calças cor-de-carvão, blazer, uma camisa azul-escura aberta no colarinho.
— Estou aqui em cima — grito para ele. Ele levanta a cabeça, olha em minha direção. Uma fugaz expressão de contrariedade passa rapidamente por seu rosto, depois desaparece. Ele fecha a porta.
Acrescento:
— Você disse para eu me sentir em casa. — Ele atravessa a sala, sobe a escada em espiral saltando dois degraus de cada vez, passando os dedos pelos cabelos, arrumando-os. Quando chega ao topo, faz uma breve pausa, olha o mezanino como um todo e, então, aproxima-se de mim. — Eu estava olhando seus quadros — digo. —Espero que não se importe.—
Ele chega bem próximo de mim e sou forçada a me dar conta, mais uma vez, agudamente, do quanto é maior do que eu. Ele paira sobre mim, o corpo como um escudo bloqueando a luz do abajur; involuntariamente, dou um passo atrás, sentindo a balaustrada às minhas costas. Olho por cima do parapeito — uma queda bastante acentuada conforme, segundo os médicos, eu sofri certa vez. Quando ele coloca a mão sobre meu braço, tenho reação um tanto brusca, sobressaltada e agarro-me ao parapeito. Ele olha para mim com expressão de indagação mas nada diz. Abaixa-se e roça os lábios, de leve, em meu ombro nu.
— Eu me importo, sim — diz ele. — Não lhe dei permissão para olhar meus quadros.— Ele deixa a mão se arrastar pelo meu braço, então atravessa o cômodo, tira o blazer e coloca-o sobre o baú antigo.
— Desculpe-me — digo. — Achei que você não se importaria — Eu hesito e então acrescento: — Mas como já olhei, eu poderia lhe fazer uma pergunta?
— Vá em frente.
Quero perguntar a respeito da jovem mas não ouso. Ele havia escondido aquele quadro de mim. Em vez, digo:
— Todos são tão sombrios, tão tristes que... —Eu não termino a pergunta. Não sei ao certo como formulá-la. Atticus caminha até a mesa. Lentamente, passa em revista a pilha de quadros nela encostada, cerra o cenho discretamente, franzindo a testa.
— São tão... perturbadores.
— São. — Ele assente com a cabeça, um tanto ausente, virando-se para outra tela