34. O QUE VEM DEPOIS?

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— Isso não pode ser tudo... — Carl terminou uma frase que eu só ouvi pela metade. Ele parecia zangado e isso me deixou curioso.

Vovó sempre dizia que "a curiosidade matou o gato", mas eu não era um gato, era um garoto, então tudo bem ser curioso.

— Eu fiz o que era necessário, Carl. — O Cabeça de Melancia tentou argumentar. Ele estava irritado também.

Mandei que Bolt ficasse quieto para não sermos notados e ele se deitou ali, com a cabeça entre as patas.

— Era mesmo? — Ouvi Carl jogar de volta. — Era necessário mentir, pai?

Estreitei os olhos, eu não fazia ideia do que eles estavam falando, mas parecia algo sério.

— Estamos em Guerra. — Rick respondeu, como se aquilo fosse tudo que importasse.

E era, certo? Pessoas que amávamos tinham morrido, ou seja, tínhamos que ganhar e derrotar Negan para honrá-las.

— Aqueles Salvadores tinham se rendido, tinham ajudado a gente. Estaríamos mortos se não fossem eles. — Carl retrucou em um tom áspero.

Entendi finalmente qual era o assunto. O boato que rodava por Hilltop era que Rick tinha matado todos os Salvadores que haviam fugido da cerca na noite do ataque.

Era o certo, não é? Quer dizer, eles eram homens maus... No entanto, segundo Carl, eles não eram tão maus assim.... Nesse caso, o que era certo fazer?

— Não é tão simples. Quanto tempo até que mudassem de lado? — Ouvi o Cabeça de Melancia tentando argumentar.

Fiquei em conflito, por um lado eu queria acreditar que éramos nós contra eles, os bonzinhos contra os malvados, mas acreditar no que Rick estava dizendo também significava aceitar que as pessoas más sempre seriam más, não havia salvação, ninguém podia mudar...

Parecia errado ser tão radical daquela forma, ao mesmo tempo que parecia errado confiar.

Cheguei à conclusão que era algo muito complicado para que um menino de dez anos entendesse sozinho.

Ouvi o suspiro pesado de Carl e voltei a prestar atenção na conversa.

— Você tem razão pai, é uma guerra. — Ele lançou, porém seu tom não parecia menos decidido. — Mas tem que ter alguma coisa depois disso, ou nada vai valer a pena.

— Mas vai ter. Vai ter a gente: Alexandria, Hilltop e o Reino. — Rick devolveu também firme.

— Então você vai dizimar o Santuário? — Carl retrucou e senti um tanto de acusação em sua voz. — Vamos dizimar uma comunidade inteira exatamente como Negan fez?

As imagens de Sherwood queimando me vieram a mente e eu logo percebi que não desejava aquilo para ninguém. Jamais seriamos os mocinhos se queimássemos a casa das pessoas, mesmo se fossem pessoas más.

— É diferente Carl, você sabe disso. — Rick ainda tentava argumentar, mas eu já tinha escolhido o lado de Carl naquela discussão.

Se queríamos ser os heróis daquela história, então não podíamos agir como tiranos.

— É diferente? — Carl ironizou. — Porque do jeito que eu vejo é tudo a mesma coisa, tudo morte e destruição...

E ponto para ele outra vez.

Olhei discretamente para os dois e Rick passava a mão no rosto como se estivesse frustrado.

— Não podemos ser melhores que o Negan se agirmos igual a ele. — Carl deu de ombros, como se estivesse finalizando a conversa. — É isso que eu acho.

LIFELINE² - DESTINY DON'T GIVE UP | Daryl Dixon ✓Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu