I GONNA MISS YOU SO MUCH.

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Finalizo a ligação e fico sentada na cama analisando tudo em choque. Preciso ir para Astoria ainda hoje.

"Não tem mais horários para visitas, Meli. A hora que você chegar, pode ir ver ela." Lembro-me do que minha mãe falou.

Sem horários para visitas quer dizer sem muito tempo de vida. Tremendo, eu pego o celular e entro no site da companhia aérea. Tento mudar meu voo, mas não consigo me concentrar quando as lágrimas deixam minha visão embaçada. Um aperto no peito me dilacera e sufoca por dentro, um soluço alto escapa e escondo meu rosto entre minhas mãos.

Victoria abre a porta do meu quarto, me olhando assustada.

- Melina, o que aconteceu? - Ela se ajoelha em minha frente.

- Preciso voltar para Astoria, minha avó não está bem. Por favor, troca para mim o voo. - Entrego a ela o meu celular.

Victoria senta ao meu lado na cama, tento me acalmar respirando fundo diversas vezes. Quando já estou melhor, levanto e começo a arrumar minha mala.

Victoria liga para alguém do meu celular tentando resolver a situação, depois de muitos minutos esperando pela resposta, ela me avisa que conseguiu trocar a passagem para um voo hoje às 17 horas. Agradeço a ela pela ajuda e continuo arrumando minhas coisas. Agora são 10 horas da manhã, ainda sobra um tempo para me reestabelecer e ir.

Durante o voo não consigo descansar, só consigo orar e pedir para que de tempo. Me permito chorar baixinho, sei que quando chegar lá vou ter que ser forte e dar pelo menos um pouco de suporte para minha família. Estou imensamente grata por Victoria ter estado comigo no momento que minha mãe ligou, se não fosse por ela não estaria nesse voo agora. Além de que a menina ainda me trouxe ao aeroporto, sua preocupação comigo era visível, eu deveria estar com uma cara de muito apavorada. Deixo escapar um suspiro de alívio quando percebo como é bom ter amigos mesmo nas horas difíceis.

Não peço para ninguém me buscar no aeroporto dessa vez, pego um táxi e sigo direto para o hospital. No carro me dou conta que estou totalmente perdida em que dia estamos, estou me sentindo uma total bagunça por conta do fuso horário. Meu celular começa a tocar e meu corpo inteiro gela temendo que seja alguma notícia desagradável. Quando olho no visor, o nome de Justin é o que pulsa na tela. Desligo o celular ignorando sua ligação, não estou com cabeça para lidar com nada agora.

Quando chego no hospital e saio do táxi com minhas malas, uma sensação muito estranha invade o meu corpo inteiro. Não tenho nem ideia do que me espera atrás daquela porta. Enquanto quero correr para saber o que está acontecendo, também quero ficar aqui estagnada no momento que não sei nada e ainda tenho alguma esperança.

Vou até à recepção e peço informações, dou graças a Deus por ter trazido apenas uma mala e uma mochila. Subo até o andar indicado pela mulher. Quando as portas do elevador se abrem no quinto andar, vejo algumas pessoas da minha família. Assim que minha mãe me vê, ela vem correndo me abraçar, seguida de meu pai.

- Sinto muito, meu amor.

E então, eu não preciso de mais nenhuma palavra para entender o que ela quis dizer. Minha vó não está mais entre nós. Ela se foi. Uma grande lacuna se abre em minha vida, oficialmente não tenho mais nenhuma avó. Tento segurar as lágrimas e ser forte, mas nesse momento isso é completamente impossível. Meus pais me abraçam forte.

Consigo me acalmar depois de algum tempo, ficamos no hospital mais um pouco para arrumar a papelada e o corpo poder ser liberado para o velório. Envio uma mensagem para Victoria avisando que cheguei bem, mas não à tempo. Minutos depois ela me responde dizendo que sente muito e perguntando onde seria o velório, mesmo sem entender o porquê de ela querer saber isso, respondo a ela.

BURNING COLORSWhere stories live. Discover now