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Mais tarde naquele dia, mesmo enquanto arrumo as malas para ir para casa, não consigo parar de sorrir. Estou sozinha no apartamento, Filipy e Victória já viajaram voltando para suas casas. Faço um lanche e fico até tarde enrolando para dormir. Quando acordo já estou quase atrasada para pegar o voo, dou graças a Deus por no dia anterior ter programado o despertador. Levanto da cama me arrastando e tomo um banho rápido, não demoro muito para chamar um táxi e ir para o aeroporto.

Entro no avião e me acomodo em minha poltrona, torcendo para que o lugar ao lado fique vago, mas não demora muito para ele ser preenchido. Com algumas escalas o voo leva mais de 20 horas até chegar a Astoria. Puxo meu cobertor me enroscando nele, durmo a maior parte do trajeto.

A aeromoça me acorda quando finalmente chegamos, levo um tempo para entender o que está acontecendo. Enquanto pego minhas coisas as pessoas saem do avião e sou a última a desembarcar.

Quase corro para encontrar meus pais, e quando finalmente os vejo, os dois estão abraçados me esperando. Meus olhos se enchem de lágrimas e meu coração de alegria, mesmo depois de trinta anos de casados os dois ainda conservam o mesmo amor de quando eram jovens.

Quando me veem, o rosto deles se ilumina com um sorriso. Primeiro abraço minha mãe e ela me enchem de beijinhos, mas quando abraço meu pai é que finalmente as lágrimas escorrem de meus olhos. Estou em casa. Ele me aperta mais, me escondo dentro do seu abraço me sentindo pequena e protegida. Com relutância, o solto.

- Vamos para casa. Fiz sua comida preferida. E aquele bolo que você gosta. - Minha mãe diz animada.

Quando chegamos a minha casa, logo que abre a porta uma bolinha de pelos dourados vem correndo em minha direção. Ah! Como senti falta do meu companheiro.

- Oi, meu Bebê.

Aperto e encho de beijinhos o cachorrinho em minha frente. Subo as escadas em direção ao meu quarto e exatamente como antes, Bê me segue correndo entre meus pés. Abro a porta e sento na cama, Bebê dá um pulo subindo nela, se vira e fica com a barriga para cima pedindo carinho.

Ah! Como amo esse lugar. Vou até à janela e a abro, inspirando o ar de casa. Não importa por quantas cidades eu passe, aqui sempre vai ser o meu lar. Desço para comer os quitutes que minha mãe preparou, ficamos na cozinha colocando os assuntos em dia até tarde da noite. Depois que meu pai sobe para dormir, ela me pergunta se eu não tenho ninguém especial para apresentar a ela. Coro com sua pergunta e minha reação me entrega. Conto algumas coisas de Justin, que estamos nos conhecendo ainda, não sei muito bem como explicar a situação a ela.

Quando deito me dou conta que estou imensamente mais cansada do que realmente achei. Dormi o voo inteiro, mas aquelas poltronas são desconfortáveis demais. Checo meu celular e não consigo me impedir de mandar uma mensagem de boa noite para Justin.

"Cheguei em casa. Você voltou com o seu pai? Espero que esteja bem. Já estou com saudades. "

Aperto enviar antes de pensar demais e desistir. Largo o celular ao lado da minha cama e viro para o outro lado, fechando os olhos, caio em um sono tranquilo.

Acordo no outro dia já passado das dez horas da manhã. Noto que não tem ninguém em casa, desço e como uma fruta. Meus pais têm uma loja de roupas, minha mãe é costureira desde jovem, e meu pai é seu sócio. Acho que vem daí meu gosto por ficar horas escolhendo roupas para vestir e montar looks.

Subo para meu quarto novamente e Bebê me acompanha, pego meu celular animada quando lembro que provavelmente tem uma mensagem de Justin. O desbloqueio com o coração na mão, mas me acalmo quando vejo uma mensagem sua à minha espera.

"Estou bem. Estou a caminho da minha cidade sim, estou louco para ver Jaxon. Também já estou com saudades, Anjo.
Um beijo em sua boca gostosa."

Um beijo.... hum queria. Não acredito que agora posso beijar aqueles lábios, devíamos ter resolvido a situação bem antes das férias, agora vamos algumas semanas sem nos ver. Jogo o celular de lado deixando para responder à mensagem depois.

O resto do dia passa como num risco. Vou um pouco para a loja com minha mãe, e também vamos para o salão de beleza que ela tinha marcado de surpresa para nós. Foi tão bom passarmos uma tarde mãe e filha juntas. Fizemos as unhas, e cortei um pouco do cabelo. Sem tirar muito do comprimento, apenas arrumei o corte que já estava desparelho, e é claro, arrumei minha franjinha que não tenho mais coragem de cortar sozinha.

Poucos minutos depois de chegarmos em casa, meu celular começa a tocar e quando vou ver o que é, Justin está me chamando no facetime.

Antes de atender dou uma conferida em minha aparência no espelho, sento em minha cama e escoro-me na parede.

- Oi. - Digo animada assim que vejo seu rosto. Ele também está escorando em alguma coisa, meio deitado. Seu cabelo curto parece um pouco mais claro na luz em que está.

- Oi. - Justin diz sorrindo - Pensei em apenas te ligar, mas achei que.... - Ele para de falar na metade da frase e aproxima mais o celular de seu rosto. - Meu Deus, você está muito linda.

Não contenho uma risada nervosa, coloco a mão na boca tentando não parece escandalosa demais.

- Eu e minha mãe acabamos de voltar do salão. - Explico para ele.

- Gostei do cabelo. - Ele comenta.

- Eu cortei minha franjinha de novo, você viu?

- Sim, está igual quando nos conhecemos. - Justin levanta da cadeira e começa a andar pela sua casa. - Vou buscar umas meias, meus pés estão congelando.

Dou risada com a voz que ele faz.

- Esse é o seu quarto? - Pergunto.

- Não. - Ele vira a câmera de volta para si - É o quarto do meu pai, eu não trouxe meias e vou pegar uma dele.

- Você foi viajar e não levou nenhuma meia?

- Eu estava indo para casa. - Ele dá de ombros. - Você poderia vir me visitar, estou sozinho aqui.

- Quem sabe um dia? - Falo brincando.

- É assim que se fala. - Ele brinca também. - O que você está fazendo?

- Eu estou... - Nesse momento a porta do quarto é empurrada, e Bebê entra em meu quarto - Deixa eu te mostrar meu filho - Dou um salto da cama e o pego no colo.

- Diga oi para o Justin, xuxu. - Pego a patinha de Bebê e a balanço como se ele estivesse acenando para Justin.

- Owww. Oi, Bebê. - Justin sorri e aproxima a câmera de seu rosto mais uma vez. Fico com vontade de beijar a sua boca.

Ouço minha mãe chamar para a janta.

- Estou indo. - Grito de volta para ela - Tenho que ir, estão me chamando. - Digo a Justin e solto Bebê que já estava ansiado em meu colo.

- Aaaah. Tudo bem. - Ele faz uma carinha fofa, como se estivesse triste. - Nos falamos mais amanhã.

- Até mais, baby.

- Tchau, Anjo.

Desligo a ligação e desço para a janta, hoje quem cozinhou foi meu pai. Mais tarde volto para o meu quarto e passo boa parte da madrugada assistindo filmes, até cair no sono.

BURNING COLORSWhere stories live. Discover now