BURNING BRIDGES

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Quatro meses se passaram desde que Justin foi embora, nosso contato foi diminuindo até chegar a zero. Hoje não nos falamos mais, pelas redes sociais vejo que ele está muito envolvido com a campanha e pelo jeito vai virar uma ONG. Parte minha fica orgulhosa por saber que ele está se envolvendo com algo que o faz feliz.

Tentei desencanar da dor e apenas ser feliz, decidi levar uma vida mais leve e viver as coisas que estão acontecendo agora. Pelo menos é o que estou tentando, digo a todos que estou bem, mas a realidade é que ainda continuo no mesmo lugar de quando ele foi embora. Justin deixou um espaço que ninguém consegue preencher, ele despertou em mim coisas que não tinha sentido antes. Às vezes ainda me pego remoendo o que tínhamos no passado.

Em uma das festas que fui com Isis e Geórgia acabei encontrando Evan novamente, nos beijamos. E no outro dia de novo, e no outro após esse também. Hoje temos um relacionamento leve, somos amigos e de vez em quando nos beijamos. Nada sério, mesmo que passemos a maior parte do tempo junto. Eu o vejo como meu bom amigo, e sei quão egoísta isto é. Evan é apenas um pequeno curativo em cima de um machucado feito com arma de fogo.

Agora estou em uma das salas de descanso da faculdade esperando Evan resolver algumas coisas na secretaria, deito em um dos sofás e acabo adormecendo.

Acordo desnorteada quando sinto uma mão em minha cabeça fazendo carinho, sei que não estou em casa. Fecho os olhos por um segundo tentando colocar em ordem minha visão, quando os abro novamente encontro Evan me observando. Dou graças a Deus por a sala estar vazia.

- Boa tarde, dorminhoca. - Sua voz é divertida, me ajeito para poder ver seu rosto.

- Nem notei que cai no sono. Que horas são?

- Hum... já passou uma hora.

- Você demorou.

- Sim - ele dá uma risada nasalada - Acho que você estava tendo um pesadelo.

Olho atenta para ele, me sentando no sofá.

- Como você sabe?

Evan dá um sorriso terno.

- Você disse o nome dele enquanto estava dormindo ... De novo.

Abro os olhos o encarando assustada, mas logo meu olhar se transforma em culpa.

- Desculpa. - Sussurro.

- Tudo bem.

Analiso seu rosto pensando se posso perguntar o que quero saber, arrisco.

- De novo?

- Sim. Na primeira vez que olhamos filme e acabamos dormindo você também disse, me abraçou pensando que era ele.

Fico estagnada com sua resposta, sinto-me constrangida. Uma culpa enorme me corroê por dentro, como tenho coragem de fazer isso com ele?

- Desculpa.

- Tudo bem. Sei que você ainda sente por ele.

Fico sem jeito para responder, mas Evan sabe bem distorcer a situação.

- Vem, vamos achar algo para fazer.

Decidimos ir ao cinema e dar uma volta pela cidade. O filme foi legal. Evan é legal. Ao sair do cinema, vamos a uma loja de conveniência perto dali comprar algo para comer e dar uma caminhada.

Depois de ouvir as palavras de Evan, elas não saíram mais da minha mente. Tento esquecer Justin de todas as maneiras, mas toda vez que fecho os olhos, enxergo seu rosto. Mesmo depois de todas as merdas que passei eu nunca pensei que fosse me apegar tanto a uma pessoa. E que essa pessoa iria desaparecer, claramente se esforçando para isso.

BURNING COLORSWhere stories live. Discover now