II - O dia em que minha vida mudou

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Seu José,  era o nome do dono do local, foi ao nosso encontro cerca de meia hora após Eva vir me dizer que levaríamos uma bronca, ele aparentava estar um pouco mais calmo e começou a falar.
- Eva, você está louca de trazer uma criança para cá? Ela não tem idade pra estar fazendo isso, deveria está na escola. Você pelo menos estuda criança?
Eu detestava que me chamassem de criança, após tudo o que eu já tinha passado, eu não era uma criança.
- Desculpa patrão, eu só queria uma ajuda, de vez em quando eu trago ela mas sempre antes dos eventos, nunca após um.
- Isso não importa Eva,  ela não tem idade para entrar aqui, já pensou se um policial passa aqui e vê essa criança aqui? Nessa casa. E criança, você ainda não me respondeu, você estuda?
- Não senhor, sai da escola ano passado.
- Ainda mais essa Eva! Ela devia estar na escola. O que você está fazendo com essa menina? Aliás, por quê você está com essa menina?
- Ela apareceu na minha porta toda mal vestida, seu José,  dizendo que não tinha pra onde ir e me pediu um prato de comida... eu não ia negar, né!? Acabou que mandei ela entrar na casa e tomar um banho, conversamos e ela ficou por lá... tem uns três meses senhor.
- Ah, Eva... o que eu faço agora? Você sabe muito bem que isso aqui não é lugar para crianças.
Por fim parecia que ele sabia o que iria fazer comigo, ordenou que Eva me levasse até a casa que ele tinha ali próximo, e me acomodasse e no último quarto do lado direito do corredor do segundo andar, que ele ligaria para Roberta arrumar essa bagunça.
Na realidade eu não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, só sei que em menos de meia hora eu estava em um quarto gigantesco, era uma suíte, linda... Eva me disse que seu José iria cuidar de mim e que por hoje eu deveria ficar no quarto até que ele chegasse pois era deselegante ficar andando pela casa sem a autorização do dono. Ela trouxe até o quarto frutas, pão, e mais algumas guloseimas além de água e suco e me disse que iria voltar para o trabalho, mas que eu deveria ficar aqui, aproveitar e assistir alguma coisa na televisão. 
Fiquei com um pouco de medo de ficar sozinha naquele lugar desconhecido, a espera de outro desconhecido, mas não tinha outro jeito, era isso ou voltar a morar na rua decidi pagar para ver.
Às 19:40 Seu José bateu na porta do quarto em que ele havia me colocado, eu fui até a porta e a abri.
- Posso entrar, Gabriela?
- A casa é sua, né... - respondi meio sem jeito.
- Licença. Gabriela, o que você estava fazendo na rua?
- É uma história que eu não gosto de contar, seu José... mas em poucas palavras eu fui expulsa de casa e fui parar na rua... Dona Eva me acolheu alguns meses depois.
- Quantas vezes você foi ajudar a limpar o clube?
- O clube?
- Sim... Gabriela, a casa em que te encontrei.
- Seu José... é.. é...
- Responde Gabriela! - algo tinha mudado em sua voz... um tom autoritário apareceu, e me deu um pouco de medo, me encolhi...
- É... não sei... não quero causar problemas para Eva... ela foi tão boa comigo...
- Gabriela, quantas vezes você foi lá?
- Fui umas quatro vezes, seu José, sempre era ou quarta ou quinta feira.
- Ok. Hoje você fica aqui... coma, durma, tome um bom banho... amanhã vou falar com a Roberta para ver o que fazer.
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Minha descoberta dos 15 aos 28Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon