XXXVII - O primeiro

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- Preciso de algo mais forte. - falei me dirigindo ao bar e fazendo um gin tônica, caprichado no gin. Eu pagaria por essa mistura de bebida que estava fazendo, mas eu precisava amortecer meus sentimentos e adormecer meus demônios... voltei para a mesa.

Encarando meu prato continuei.

- Todos os que ouviam o que eu dizia me recomendaram buscar uma relação S/M pois eu me excitava muito em apanhar, eles me disseram que eu não aparentava ser uma submissa. A profissão, a forma que eu me portava, eu não me intimidar pelas figuras imponentes indicava, disseram eles, que eu não saberia/deveria ser uma submissa. Nesse mesmo clube encontrei um sádico que todos falavam muito bem. Nos conhecemos, conversamos ajustados nossos gostos em um contrato, como eu não conhecia muito do estilo de vida, deixei um contrato bem aberto para experimentos... Toda a negociação levou cerca de um mês. Mas eu não estava tão animada quanto eu achava que deveria estar.

- Tivemos nossa primeira sessão, ele disse que pegaria mais leve para que nos conhecêssemos, seria um aquecimento. Foi legal, nada extraordinário. Acreditei que talvez na próxima melhorasse. O segundo encontro foi tão morno quanto. E ele me chamou para conversar depois de uma semana da cena.

- Ludo, querida, você não é masoquista. Tem uma ótima resistência a dor. Faria um sádico, como eu, feliz da vida se estivesse te dando prazer também, mas não está. Você não está feliz. Você não chega com excitação para ver o que fazermos. A cena construída não te excita. Você, muito provavelmente, é sim uma submissa. Você precisa ser treinada. Procure um bom dominador  pois sua personalidade talvez seja uma dificuldade para você no nosso mundo.

Ele terminou de falar, me deu um beijo no topo da minha cabeça, se levantou e saiu.

- Busquei em um outro clube alguém que me aceitasse, afinal eu era uma pessoa sem referências nenhumas, precisava de alguém que me treinasse. Lá eu o encontrei. Todos falavam bem dele. Eu assisti algumas cenas dele no clube e tudo parecia maravilhoso. Conversei com ele e me apresentei, falei que era uma novata e que tinha sede de aprender. Combinamos algumas coisas e ficamos de nos encontramos para discutir nossos gostos mais a fundo e quem sabe formular um contrato. E isso aconteceu.

Busquei pelo meu copo, mas ele já estava vazio. Olhei para meu mestre e para Gabi que prestavam atenção na história da minha vida, limpei a garganta.

- Preciso ir ao banheiro e de mais um desse... vocês querem alguma coisa? - falei já me levantando.

- Não, obrigada!

- Não, mas pode ir ao banheiro e voltar aqui que seu drink estará te esperando aqui na mesa.

Eu precisava de um tempo para mim, relembrar aquele tempo não era algo que eu gostasse de fazer. Mas eu entendia a necessidade deles entenderem o meu surto. Joguei uma água no meu rosto e retornei a sala. Me sentei a mesa e me servi com mais um pouco de macarrão. A bebida estava me deixando levemente tonta.

- Ele disse que para eu me acostumar mais facilmente era melhor que eu fosse sua sub 24/7. Afirmei que não deixaria meu trabalho e ele disse não se importar, mas essa não era bem a realidade. Fui morar com ele e nossa relação começou. Tudo ia bem. Eu me sentia feliz e realizada. O primeiro mês foi de aprendizado, ele dizia pegar mais leve comigo nesse momento para que eu fosse aprendendo. No segundo mês as punições e as humilhações começaram a ficar mais pesadas, final eu tive um mês para me acostumar.
No terceiro mês meu psicólogo já estava em frangalhos e eu colecionava hematomas pelo meu corpo.

Conforme eu ia falando minha voz ia diminuindo e meu rosto abaixando, mas em um momento de coragem olhei para o dono de mim e vi compaixão mas também percebi confusão no seu olhar.

Minha descoberta dos 15 aos 28Where stories live. Discover now