VI.IV - A Redenção das Sogras

3.4K 602 368
                                    

- Para existir uma exímia admiração é preciso mostrar o avesso de nossas almas

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

- Para existir uma exímia admiração é preciso mostrar o avesso de nossas almas. Não há nenhuma outra razão para sermos donos de tamanha distinção se falsearmos aquilo que somos apenas para satisfazer as massas. Não seremos apreciados por todos, mas aqueles que se dignarem a tal acto, devem se vergar ao menos plausível de nosso âmago para que o brilho seja apenas um resultado de tamanha estupefacção.

_____________________◊◊______________________

            

               Os olhos verdes a analisaram com muita calma – de baixo para cima – num silêncio fulcral. A sala de estar era alegre, com paredes claras que eram auxiliadas pela luz que entrava pelas janelas grandes com os cortinados cremes abertos. Tudo ali possuía tons claros, desde as mobílias às tapeçarias, salve a senhora mais velha que se encontrava sentada na poltrona trajada de um vestido preto cheio de rendas na bainha, nos pulsos e na gola alta. Os quadros pendurados representavam as várias fases de reis antigos e ilustrações religiosas, assim como as pequenas esculturas de Santos. Uma criada estava parada ao lado da senhora sentada – cujos fios brancos estavam presos por um pequeno gancho de brilhantes – e estava de dedos entrelaçados enquanto tentava disfarçar a emoção que sentia em completo contraste com aquela a quem servia há anos.

— Devo confessar que não contava com nenhum visitante. — Finalmente se dignou a falar, após pousar a xícara de porcelana por cima da mesa de madeira muito bem organizada cujos guardanapos pareciam ter sido dobrados numa fábrica.

— Senhora minha mãe...

— Pois perdoe tamanho atrevimento. — Neide cortou John e aquilo não passou despercebido aos olhos da mulher que apenas pestanejou ao de leve, mostrando exatamente de quem o filho tinha herdado os longos cílios. — É certo que John terá insistido, mas não deverei dedicar a culpa como unilateral, tendo em conta que rapidamente concordei. Teria sido de bom-tom um aviso prévio.

— Pois teria. — Lady Rinley concordou. — Gosto de estar preparada para o que seja, no entanto não irei ignorar que esta também é a casa do meu filho. Quem quer que traga para cá, será de igual modo muito bem-vindo.

— Não esperaria nada menos. — A brasileira respondeu e analisou com atenção a expressão no rosto das duas mulheres que a encararam com perplexidade. — E é claro que me encontro agradecida pela vossa recepção, embora acredite que não seria nada menos que uma obrigação de qualquer anfitrião.

— Como deve imaginar, senhora minha mãe, esta não seria uma simples visita. — John não tinha muita paciência para conversações e preferia ir direto ao ponto. Tanto que pousou a mão firme por cima do ombro da mulher que fazia seu peito acelerar o movimento de sobe e desce.

— Terei chegado a esta conclusão. — A mãe tinha um pequeno queixo redondo que estremeceu ao de leve, mas o rosto enrugado continuou impávido e o aperto dos lábios rosados demonstrava o esforço que fazia para tentar sorrir. — Não gosta do chá?

Nove Meses Para SempreWhere stories live. Discover now