II.III - Um Lord Displicente

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- No orgulho do homem mora o peso de ouro de sua coroa

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- No orgulho do homem mora o peso de ouro de sua coroa. Sentado de cima do seu mais alto trono e julgando com seu bastão intocável. O poder social nada era apenas do que um círculo dos esnobes, mas estes se esqueciam que ao atingir a meta de uma vida inteira, nada mais restava para carregar ao túmulo senão as lembranças daquilo que um dia amamos ou odiamos.

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Lord Rinley.

Era aquele indivíduo cheio de soberba que estava parado na sua frente, de olhos verdes irritados e a linha dos lábios quase invisível de tanto apertar.

Eleanor teria rido, não fosse a tentativa vã de tentar decifrar a razão daquele homem detestável estar nos Campos de Neve. Não fazia sentido algum, pois não só sempre parecia uma hiena pronta para dar o bote nela e em Joshua, como a criticava com o olhar sempre que estavam juntos. Não houve nenhum momento em que dividiram o mesmo espaço, que ele não se mostrou mortificado por sua presença.

E daquela vez não era diferente.

Na verdade, chegava a parecer até ultrajado enquanto a encarava sem um único piscar. Se os olhos reproduzissem em voz alta tudo o que lhes ocorria quando fixava em Eleanor, com certeza era um livro grosso e pesado de desprezo. Nada mais parecia advir daquela figura de cabelos cor de chocolate e roupa um pouco molhada pelos pingos de chuva que teve que apanhar quando desceu da carruagem até entrar no castelo.

— Lord Byron-White, senhorita Davies. — Os saudou, removendo o chapéu alto que muito bem se adequava para o jantar que pretendiam ter e que teria sido muito agradável se fosse Lord Parker em seu lugar.

— Lord Rinley. — Camden foi o primeiro a saudá-lo e estendeu a mão para apertar com firmeza. Não demonstrou nenhum sorriso ou um mau humor, apenas o mesmo semblante reservado.

— Qual o motivo de vossa presença neste castelo? — Eleanor não só estava decepcionada como também se sentia encurralada sempre que John estava por perto. Ignorou o olhar de reprimenda que o mais novo visitante lhe estendeu e trincou os dentes num tímido desafio. Toda a alegria pareceu ser consumida da mesma forma que a chaminé sugava a fumaça das labaredas que pouco aqueciam a sala comum.

— Devo assumir que tamanha falta de cortesia se deva ao vosso cansaço. Soube que esteve acamada. — Havia ironia explícita em tudo que aquele intruso ousava dizer, e era o que mais a irritava.

— Lamento se vos fui rude. — Ela inventou um sorriso que mal tocou os olhos. — Tomei a liberdade de julgar que teria cá vindo por minha pessoa, esquecendo-me que o nosso anfitrião é muito bem quisto nesta sociedade.

— Neste caso me há de perdoar, Lord Byron-White, confirmo o quanto é de mais valia em nosso seio, mas se cá estou é pela senhorita Davies. — John disse com seriedade e sem desviar o olhar da cara dela, parecia querer rejubilar ao ver as expressões que sempre a atraiçoavam quando se contraíam.

Nove Meses Para SempreWhere stories live. Discover now