III.III - O Passado da Condessa

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- Há nos segredos toda a existência daquilo que não nos atrevemos a revelar, seja por puro medo de enfrentar uma veracidade dolorosa ou pela vergonha de ter suportado certos acontecimentos. E, quando somos descobertos sem um possível esquivar, somos expostos até a alma. Mas quem diria, que tamanha exposição nos libertaria...


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             O salão de chá estava à Este – no lado onde a mãe do Conde costumava ficar antigamente – e era muito bonito. Tinha pingentes de madeira pendurados no teto, cortinas auricolores que beijavam o chão, a mesa que se encontrava no centro era redonda, coberta por um belo pano de linho com bordados com fios de ouro e cadeiras pequenas e elegantes que a cercavam. Perto da grande lareira estava uma poltrona verde com pernas encurvadas e com traçados feitos à mão. Pequenas molduras estavam numa prateleira que ficava por cima de um piano cor de cereja e brilhante, distantes demais para que alguém pudesse alcançar com facilidade.

— Que belíssima peça! — Celestia se mostrou admirada enquanto caminhava até estar perto do piano para passar a mão – de uma ponta à outra e com uma sensualidade natural – que estava coberta por uma luva cheia de detalhes minuciosos. — E de pensar que teria tido a honra de tocar para a Vossa Senhoria na noite passada!

— Oportunidades não faltarão. — Camden garantiu, observando Neide e Madame Gotshalg que se sentavam numa disputa invisível, embora quase palpável, de quem era detentora de maior classe.

— Quem saberá? — Ela retorquiu e sua postura mostrava que eram raras às vezes que se dignava a tocar para quem fosse, mesmo que o sorriso curto nos lábios avermelhados indicasse que era exatamente o contrário. — Quem diria que Ferdinando de Médici seria responsável por uma invenção perfeita.

Cristofori. — A voz de Eleanor finalmente se fez ouvir. Estava um pouco afastada dos demais, sentia como se as pernas tivessem chumbo, talvez por não estar acostumada a partilhar de momentos iguais àquele com os ditos nobres, principalmente quando não se sentia bem-vinda. Ou era a desculpa que usava internamente por tanto desconforto, uma vez que já tinha jantado tanto com o Conde, Lord Rinley e Lady Amâncio. Jurava para si que aquele átimo era diferente. — Bartolomeo Cristofori foi o inventor. O Grão-príncipe Médici apenas o teria empregue.

A sala ficou em silêncio repentino, mas foi quebrado pelos risos nervosos das duas visitantes, principalmente de Celestia que fingiu não estar incomodada de todo, mesmo que os olhos crispados denunciassem o oposto. Neide revirou os olhos de propósito, pois sabia que a mãe desta estava mesmo a sua frente e que contemplaria sua indignação.

— O senhor meu pai possui algumas partituras para piano a quatro mãos. Já ouvi que a Vossa Senhoria é detentor de uma habilidade musical distinta. — Lady Gotshalg levantou um pouco o rosto para o encarar, mas baixou ligeiramente as pálpebras de cílios longos, de um jeito encantador.

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