IV.III - A Hora da Reflexão

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Sem Correção

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Sem Correção

- Ao erguer o rosto no meio de uma turbulenta incompreensão, poderemos escolher afundar a meio da tristeza, ou então decidir que nada nos trará a devida felicidade até que encaremos o nosso próprio coração e optemos por ser felizes. Pois, refletir nada é mais do que silenciar o mundo ao nosso redor para escutar o som da nossa própria alma.

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    Camden via o rosto de Eleanor reluzir pelos raios da lua, – uma vez que os cortinados não tinham sido fechados – esta que ainda não se tinha dado ao trabalho de se esconder para que o dia pudesse finalmente surgir. Ela dormia por cima de seu peito, de lábios entre abertos e marcas pálidas que desenhavam os traços faciais que brilhavam como que por magia. Era como se tudo estivesse encoberto por pequenos pontos brilhantes, desde os cabelos bagunçados até a pele lisa.

Ele deveria ter partido horas antes, quando esta adormeceu, mas pela forma como se tinha apoiado em seu torso, indicava em silêncio um suplício para que não a abandonasse. Pelo menos, não estava consciente o suficiente para ouvir como o seu coração batia num rugido descontrolado só de a ter tão perto e, de um jeito que o fazia reavaliar tudo o que acreditava saber sentir até então.

Sem conseguir evitar as desafortunadas comparações, podia lembrar de que o que o atraiu em Imogen era o completo oposto, pois esta era um vulcão ambulante prestes a entrar em erupção, cheia de efusão e de uma inquietude obscena. Sua falecida esposa nunca se importava de queimar quem fosse apenas para mostrar o quanto era perigosa, mas no final se escondia das consequências, deixando o trabalho de enfrentar os corolários para ele que sempre tinha de apagar a fumaça deixada como um rastro de destruição. Eleanor por sua vez, era um mar calmo e sereno, cheio de profundidades que só os que mergulhavam fundo poderiam descobrir. E suas águas eram quentes, mesmo em tempos frios, e quando eram agitadas não se acovardavam, pelo contrário, cresciam para mostrar toda a coragem até então desconhecida.

— Camden... — Ela abriu os grandes olhos, se mostrando mais aliviada do que surpreendida por vê-lo ali. Ergueu a cara um pouco, como se quisesse se certificar de que era mesmo ele, e sorriu com timidez ao sentir como os olhos cinzentos a analisaram por inteiro.

— Precisa descansar mais um pouco, Eleanor. Lamento em deixar-vos, mas é de bem que me vá antes que se inicie o habitual palimpsesto de sons sem fim aquando da chegada das criadas no castelo. — A segurou delicadamente pelos ombros, mas não a afastou para longe de si. — De nenhuma forma quero que surjam falatórios sobre a vossa pessoa. Deitar-me em vossa cama foi um erro o qual não consegui evitar, pois anseio em ter vos sempre por perto.

— Neste momento, não me importo de modo algum com o que falarão. Depois de tudo o que terá acontecido, nada mais do que digam irá me afetar.

— Mas é de minha importância. — Um dedo brincou com o tecido do vestido de seda. — Não quero mais que a desrespeitem nem por um olhar. Só por isso não pretendo acrescentar motivos para tal.

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