Conexões & Ideogramas Mágicos

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          — Fala sério, o máximo que vai sair disso aí é uma mancha roxa, se levanta e me ensina magia.

          — Cale sua boca incrédula. Presta atenção, Oliver, eu irei morrer dentro das próximas vinte e quatro horas.

          Isso estava se transformando num circo. A expressão de dor na cara de Jacob era tão real que me fez pensar que a TV estava perdendo ótimos atores.

          — Como exatamente uma pancada na quina de uma mesa pode matar uma pessoa?

          — Você tem um diploma de medicina?

          — Não — admiti.

          — Então acredite no que eu estou falando! É o seguinte, magia deixa o corpo de seus usuários muito sensíveis a coisas materiais. Nesse estado, não posso me curar sozinho, mas existe um antídoto, algo que pode me curar.

          Antes que eu pudesse sair correndo ou tampar a boca dele, ele começou a recitar o antídoto:

          — Vá na loja de conveniência aqui perto, lá existem os ingredientes necessários para minha cura. Você precisa comprar uma garrafa de refrigerante de um litro, duas batatas chips, um filme e a nova edição das HQ's da Narvel. Só lembrando que minha carteira está em cima da mesa, mas para que o antídoto der certo, todo dinheiro precisa sair do seu bolso.

          Sem mais paciência para ouvir aquilo, deixei o corpo dele tombar no chão, me levantei e saí. Desesperado, Jacob gritou enquanto eu me afastava:

          — Para onde você vai? Quer me ver morto? Seu amigo da onça!

          Porém eu não demorei muito para voltar. Quando entrei novamente no campo de visão de Jacob, estava segurando uma barra de ferro que havia achado no depósito. Ergui a "arma" acima de sua cabeça e sussurrei de maneira sinistra:

          — Eu conheço um antídoto bem mais eficaz...

          — Tá legal, eu te ensino magia!

          Bem, agora me permita resumir o resto desse dia. A aula teve vários momentos tediosos e parecia que Jacob fazia de tudo para testar minha paciência, retardando o avanço da aula de diversas formas.

          Quando nós dois nos sentamos em poltronas uma à frente da outra na sala de estar do térreo, ele começou a falar sobre magia. Seu tom não era autoritário e forte como o de Cecyl. Pelo contrário, era cansado. Ele devia estar vendo aquela aula que estava dando como um castigo.

          — Antes de começarmos — falou Jacob —, irei fazer uma comparação entre a medicina e a magia. Isso vai te ajudar e muito no entendimento dessa força obscura cheia de segredos e-

          — Não quero papo com essa tal de força obscura.

          Aborrecido por ter sido interrompido, Jacob fez um sinal de descaso com a mão e continuou:

          — Bem, vamos para a comparação com a medicina. Você é o paciente, eu sou o médico. Saia da sala e volte como se quisesse ser atendido por um doutor.

          — Eu realmente preciso atuar?

          Ele fez que sim com a cabeça. Sem querer perder mais tempo discutindo com ele, saí do amplo salão e quando voltei tive que fingir que era um paciente. Jacob me fez fingir que estava falando com recepcionistas imaginárias e depois me colocou na sala de espera, onde eu fiquei esperando por cinco minutos uma consulta fictícia acabar para poder falar com o "doutor" Jacob.

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