Aula de Magia com Cecyl & Uma Adversidade Inconveniente

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CAPÍTULO 2

          Senti algo cutucar as minhas costas. Parecia ser uma vara ou uma régua. Abri meus olhos e, de início, minha visão estava turva, mas então uma forte pancada na minha nuca me fez despertar por completo. Fiquei em pé de um pulo, assustado, e, antes de observar o que ou quem estava a minha frente, estendi a mão para frente e gritei:

          — Blizzard!

          Logicamente nada aconteceu, já que ainda não havia aprendido nada sobre magia. Ontem eu entrara no clube e, logo após Jacob me mandou voltar para casa. Somente hoje, no final do meu segundo dia de aula, que eu começaria a aprender sobre esse universo mágico com Cecyl na sala da Sociedade dos Magos.

          Bem, o real problema não é não ter conseguido lançar nenhuma magia – eu já falei que ainda não havia aprendido nada –, mas sim o fato de que a pessoa que estava me cutucando com uma régua, e a quem eu dirigi a magia, era meu professor, o senhor Garry. Eu já havia deixado uma má impressão nele após chegar atrasado no primeiro dia, mas agora ficou muito pior. Se eu fosse um boneco de cera, estaria derretendo sob seu olhar.

          Na verdade, de certo modo, eu lancei uma magia sim, só não foi o que eu imaginava. Uma "Blizzard" deveria criar uma nevasca terrível, mas, em vez disso, o que criou foi uma risada descontrolada por parte dos meus colegas, que só deixou meu professor mais chateado. Eu corei de vergonha e corri para me sentar na cadeira quando vi que ainda estava naquela pose ridícula de lançar magias.

          Porém, antes de eu me sentar, o professor agarrou meu ombro e rosnou, controlando-se para não gritar:

           — Oliver... saia da minha sala... agora.

          E assim fui expulso pela primeira vez na minha vida. Detalhe: no segundo dia de aula. O professor obviamente não fez isso, mas pude sentir sua vontade feroz de chutar a minha bunda com seu pé enquanto ele me acompanhava até o corredor.

          Quando a porta foi fechada na minha cara, eu estava sozinho, livre no meio da escola. Ninguém iria me acompanhar até a direção e não seria obrigado a falar com a diretora, já que simplesmente dormi na aula. Não é como se eu tivesse mau comportamento nem nada, dormir foi algo involuntário, e discurso nenhum de autoridade nenhuma poderia impedir que isso acontecesse novamente.

          Na verdade, se eu fosse falar com a diretora muito possivelmente o sermão iria ser tão longo e chato que meu segundo cochilo do dia ocorreria ali mesmo, na diretoria.

          Sem nada para fazer, fiquei vagabundeando pelos corredores. Dobrando numa esquina, a única coisa que consegui ver foi um vulto, uma silhueta correndo rápido como a luz. Antes de ter tempo de reagir, eu colidi com isso – seja lá o que for – e fui jogado no chão. Após massagear um pouco as têmporas e me livrar dos pontinhos prateados que dançavam na minha visão por causa da pancada, eu olhei para frente e me deparei com Jacob. Ele estava caído no chão assim como eu, esfregando a cabeça dolorida.

          — Isso é algum romance gay, por acaso? — pergunta ele.

          — Não, definitivamente não!

          Realmente, essa situação inteira estava parecendo um clichê de filme de romance de segunda categoria, mas havia dois erros nisso:

          1. Deveriam ser um homem e uma mulher, não um homem e... e Jacob.

          2. Sim, deveria ocorrer uma pancada numa esquina de dois corredores, mas não forte o suficiente para mandar os dois envolvidos para o chão.

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