There's Nothing Holdin' Me Back

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Por uma última vez;

Shawn

Sua respiração, suas pernas emaranhadas no lençol, seus olhos fechados, seus fios avermelhados destacados na fronha do travesseiro e sua pele que brilhava pela luz do sol intrusa que se esgueirava pela cortina fraca; por longos minutos que pude observá-la, não consegui achar algo que não me encantasse. Seu sono parecia profundo e eu sabia que isso tinha influência do seu cansaço, do seu esforço para chegar a tempo. Minha respiração se entrecortou quando lembrei do estresse pelo que Ellie passou no caminho de Nova Iorque até Los Angeles e com isso, sentindo-me um pouquinho mal agradecido, chego mais perto do seu corpo quente e tiro uma mecha de cabelo que cobria seu rosto, voltando a observar seus traços.

Infelizmente, esse momento durou pouco. Andrew me ligava.

— Oi — saudei, atendendo a chamada e me distanciando da minha namorada.

— Shawn, hoje vamos discutir tudo que precisamos discutir sobre a música Ellie — disse com certa pressa. — Estou chegando à Los Angeles, mas não vou poder ficar muito tempo.

Dei um sorriso ansioso. Minha nova música não se chamaria Ellie, mas era como a chamávamos por enquanto.

— Tudo bem, podemos nos encontrar no La Grande Orange Cafe? — perguntei. Naquele ponto, como já havia tomado banho ao acordar, comecei a me vestir.

— Você realmente gosta desse café — resmungou e eu ri, concordando. — Tudo bem, pode ser lá. Sua musa inspiradora está acordada?

— Não, ela ainda está dormindo — digo tranquilo e ele assente, acho que Andrew me mataria se eu fosse descuidado ao ponto de estragar tudo logo agora.

— Eu já estou indo para o café, é bom você sair de casa agora para dar tempo.

— Tudo bem, eu vou. Te vejo daqui a pouco — despeço-me e ele murmura um "tchau" antes de encerrar a chamada.

— Com quem estava falando?

Levei um susto ao escutar a voz sonolenta de Ellie. Viro-me rapidamente para trás, encontrando-a sentada na cama, coberta apenas com o edredom e com os olhos azuis semicerrados em minha direção. Claro que ela teve que reclamar do susto que levei, estávamos falando de Ellie ali, com os fios ruivos altos como se ela fosse um leãozinho, mas se tornando uma leoa cheia de si ao quase esfregar sua bunda mal coberta pela calcinha na minha cara quando foi para o banheiro. Porém, mesmo se quisesse, não poderia cair em seus encantos. Eu tenho muitas coisas para fazer em relação à música Ellie e algumas delas só poderiam ser feitas hoje, sem falar no curto espaço de tempo para fazê-las. O resultado foi sair sem uma despedida decente.

Quando cheguei ao café, não encontrei Andrew, o que me fez acreditar que ele seguia o ditado contraditório: faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Mas encontrei sentada na mesa do canto a "melhor candidata para o clipe", quem ficaria no lugar da minha namorada; e eu não deixei de rir — dando espaço a entonação do deboche — ao notar seu cabelo vermelho. Eu não gostava da ideia da substituição e todos estavam cansados de saber. Mas meu empresário não ligou muito pra isso, ele dizia que bastava eu dizer que a música Ellie era para Ellie, ela não tinha que estar no clipe também. "E se vocês terminarem?", ele perguntou. E eu respondi que não me importava, o vídeo seria eternizado, nele eu amaria Ellie para sempre. Mas nem isso foi o suficiente. Então, eu comecei a ficar realmente bravo por estar sendo deixado de lado nas decisões sobre minha música e sobre meu clipe. Andrew me pediu para dar chance a Angel, a modelo cogitada, e eu disse que daria, porque eu queria que ele calasse a boca. Ele calou. E agora estamos aqui.

There's Nothing Holdin' Me Back Where stories live. Discover now