If you are by my side

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Pés cruzados debaixo da mesa, lateral do rosto apoiada na mão — por alguma razão, sempre era o lado esquerdo —, cabelo cobrindo parte do rosto e um sorrisinho bocó pra deixar bem claro que eu, sim, estava bêbada. Ou apaixonada.

Uma paixão genuína por um casal de apaixonados.

Steve, Karla e eu — a vela — estávamos em um restaurante perto da faculdade que parecia ser a melhor opção depois de um dia inteiro de aula. Ele tinha uma atmosfera de bar, mas insistia que era um restaurante, um restaurante com karokê nas sextas — hoje é sexta — e com ótimas promoções de bebidas alcóolicas. Porém, não era meu primeiro plano vir. Eu estava tão cansada pela semana que tive que sentia meus olhos pesando — fazendo desse um bom motivo para que o álcool tenha me pegado desprevenida —, mesmo que não tenha considerado recusar o pedido. Não era a primeira vez que matávamos um tempo aqui depois da aula, a primeira foi quando Karla me procurou pessoalmente para se desculpar pelo episódio do apartamento, convidando-me para sair. Steve estava bem atrás dela durante seu convite, com os olhos pidões que prometiam fazer minhas tarefas domésticas pelo resto do mês. Claro que eu não fui por nenhuma condição, por mais que só quisesse descansar — assim como hoje —, eu me diverti com eles e fiquei feliz ao vê-los acertados.

— Você vai cantar hoje, Ellie? — Steve perguntou e eu ri alto.

— Eu? Cantar? — Ri mais um pouco. — Não.

— Você não pode ser tão ruim — desdenhou e eu balancei a cabeça.

— É verdade. Eu não sou tão ruim. Sou péssima — digo dando um gole na minha bebida colorida. Senti o mundo se movimentar de um jeito diferente.

— Mesmo namorando Shawn Mendes? — Karla se intrometeu dando um sorriso divertido.

— Namorar Shawn Mendes faz com que minha voz soe ainda pior — comento dando uma risada desengonçada e eles me acompanharam.

— Você já não bebeu demais? — Steve perguntou hesitante e eu neguei.

— O quê?! Estou bem. Só estou com um pouco de sono — argumentei.

— Então, deveríamos ir pra casa — retrucou e eu neguei novamente, dessa meio zonza, terminando o resto da bebida.

— Eu nem cantei ainda! — Bato o copo na mesa. — O que vocês preferem? I Will Always Love You ou A Thousand Years?

Karla bateu palmas, animada. Parece que eu não fui a única a beber demais.

— As duas!

— Ah, eu mereço. — Steve revirou os olhos.

— Isso! — digo tocando meu nariz, já me levantando. — Vem, Karla. Steve vai perder toda a diversão.

Karla me seguiu e nós duas saltitamos até o palco, uma plataforma redonda e meio alta que estava bem no meio do restaurante, ignorando a fila que possivelmente existia para o karokê. Parei diante do palco e tombei a cabeça para o lado, confusa.

— Como eu vou subir? — perguntei para Karla e ela deu de ombros, começando a escalar a plataforma, obrigando-me a fazer o mesmo. As pessoas já nos observavam. — Karla, sua burra, tinha uma escada — digo rindo, apontando para a pequena escada que tinha detrás do palco.

— Cadê a sororidade, sua vagabunda? — perguntou segurando meus ombros.

Coloquei as mãos na boca, assustada.

— É verdade. Desculpa. Acabamos de matar duas fadas — digo abraçando-a.

— Desculpa, fadas — ela disse e eu concordei, olhando para o teto. — Aquilo que estou vendo são fadas?

There's Nothing Holdin' Me Back Where stories live. Discover now