Just picture everybody naked

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não tenho mais capítulos escritos, então aproveitem e comentem bastante pra eu criar coragem

A luz do sol se fazia tímida ao entrar pelas frestas das cortinas mal fechadas. O céu hoje acordou com um azul vibrante e poderia deixar qualquer um de bom humor, tirando eu, claro. O clima estava ameno, mas ninguém se atreveria em andar pelas ruas canadenses sem um casaco decente para esquentar a corrente fria que insistia em esfriar a alma mais quente por quem ele atravessava. Tipo a de Shawn, que trazia consigo um calor inquebrável até mesmo pelo vento grosseiro do Canadá.

O apartamento estava silencioso, típico de uma manhã sonolenta, a única coisa que dava para ouvir eram meus passos descalços e apressados, que corriam rapidamente por toda a extensão de minha casa de uma maneira nervosa e agoniante. Passei a mão no cabelo, grunhido irritadamente ao constatar que eu não estava funcionando bem hoje, logo hoje.

— Por que você parece uma fuinha nervosa a essa hora da manhã?

Desviei minha atenção para Shawn parado em frente ao corredor que dava para os quartos, com seu típico jeitinho adorável ao acordar. Ele usava uma blusa azul e uma calça de moletom cinza, e coçava seu olho esquerdo com uma preguiça matutina totalmente compreensível, afinal, esse era um horário incomum para nós dois. Seu cabelo estava alto como a juba de um leão e seus lábios entreabertos imploravam silenciosamente que eu parasse com minhas neuras desconhecidas e voltasse para a cama.

— Eu não consigo achar minha blusa verde, a que eu usei ontem – reclamo, olhando entre as almofadas novamente.

— Essa aqui? – perguntou confuso e eu levantei meu olhar, vendo sua mão erguer a blusa que estava jogada no balcão da cozinha.

Como eu não vi?!

— É! – afirmei um pouco menos carrancuda, caminhando rapidamente até ele. – Nossa, eu devo estar muito cega. – Pego a blusa de sua mão.

— Você deve estar muito paranóica – retrucou em meio ao uma risada, olhei feio para ele e seu riso logo cessou. – Isso tudo é por causa da faculdade?

— Isso tudo? Eu estou perfeitamente bem – digo passando por ele e caminhando pelo corredor até estar de voltar ao meu quarto, atrás de algo que eu possivelmente poderia fazer errado.

Eu posso vestir a blusa ao contrário ou uma calça que me aperte demais e, consequentemente, passar vergonha; posso esquecer meus documentos, morrer de algum jeito e ir para em um instituto legal como indigente; posso derramar meu suco em cima de Sally Mann e estragar todas as minhas chances de ir para a faculdade; Shawn pode ter algum problema e eu precisar ir de trem; posso ir parar em outra cidade por não saber andar de trem...

— Não está e é normal estar nervosa – diz logo atrás de mim, contendo-me pelos ombros e me sentando na cama, impossibilitando minha busca e cortando minha lista em exatos inúmeros itens.

Bufei e olhei para o chão, sentindo meus fios acobreados cobrirem meu rosto gradativamente, até que eu tenha apenas a visão das minhas pernas e, agora, a visão de Shawn agachado a minha frente, apoiado em meus joelhos. Seus longos dedos logo se prontificaram em colocar meus cabelos atrás de minha orelha da forma mais carinhosa que podia. Levantei meu olhar até ele e deixei que tudo o que eu estivesse sentindo fosse transmitido tão facilmente como seria pela boca.

Eu estava aterrorizada. Ontem, Sally Mann anunciou o fim do curso extensivo, mas com uma notícia que deixou todos animados por breves dez minutos: ela daria uma carta de recomendação para a faculdade para as pessoas que tiveram os melhores desempenhos dentro do curso. Claro que isso fez todos vibrarem, mas logo que percebemos que apenas algumas pessoas receberiam a recomendação, o clima se afundou como areia movediça e voltamos a focar no rosto estranhamente sorridente de Sally Mann.

There's Nothing Holdin' Me Back Where stories live. Discover now