And we took it way too far

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Nova Iorque ultrapassava todas as expectativas que eu andei sonhando nos últimos anos. É verdade que Toronto é muito agitada, mas nada se compara à cidade que falsamente nunca dorme — sim, eles dormem, e é por 6 horas e 47 minutos. Talvez Tóquio possa ser chamada assim —. Tinham pessoas andando pra lá e pra cá e, pela primeira vez, eu me senti verdadeiramente animada por estar em um engarrafamento. Não era qualquer engarrafamento, era um dos piores tráfegos americanos. Não é um máximo?!

Eu nunca tinha vindo à Nova Iorque antes ou conhecia alguém que tivesse; tudo o que sei é graças às milhares de pesquisas feitas por uma adolescente ansiosa, que preferia trocar seu sono por informações ao que ela acreditava ser seu futuro e acabou se tornando seu futuro. Meu presente. Mas todas essas pesquisas se fazem inúteis quando realmente pisamos aqui. O sentimento de dever a ser cumprido chegou a me sufocar e toda a lista mental que eu fiz do "o que fazer quando chegar" passou a ser um borrão, ainda bem que mantive nas notas do celular.

— Acho que esse seu sorriso vai rasgar sua cara — Shawn comentou, dando uma risadinha. Desviei o olhar da paisagem noturna que o táxi me proporcionava para ele, que tinha minha câmera apontada em minha direção, se aproveitando para tirar uma foto distraída e, provavelmente, nada bonita.

Olhei feio para ele, que não parece se abalar, tirando outra foto. Dessa vez, minha cara saiu emburrada e um sorriso bobo se projetou em seu rosto com o resultado.

— Nem estou sorrindo assim. — Reviro os olhos, observando Shawn apontar a câmera para a janela. Eu sabia que tinha que me controlar. Meu mural não parecia ser suficiente para as fotos que ele tirava, então, eu sentia uma necessidade absurda em sair colando todas na minha testa. Não que eu fizesse isso. Foi só uma vez.

— Você está com um sorriso ininterrupto desde que pousamos — cantarolou, pousando a câmera em seu colo e eu dei de ombros. Minhas bochechas realmente estavam doloridas.

Ah, não.

— Eu estava parecendo uma lunática, não estava? — Ele riu alto. — Estou falando sério, Shawn! — Dei-lhe uma tapa no ombro e, infelizmente e racionalmente, isso não foi o suficiente para que ele cessasse sua risada. — Deus! Você foi fotografado no aeroporto ao lado de uma lunática — digo massageando minhas bochechas.

— Você é a lunática mais linda desse mundo — diz ao abaixar minhas mãos e colocar as suas para acariciarem meu rosto, impedindo-me de sorrir com sua sentença. Eu não conseguiria, de qualquer forma. — E eu expliquei as minhas fãs o que está acontecendo.

— Explicou? Suas fãs não me desgostam mais? — perguntei confusa.

Desde que Shawn deu aquela entrevista, a situação se amenizou um pouco, suas fãs eram menos agressivas comigo, quer dizer, as que nos encontravam pessoalmente era de menos hostilidade, mas eu ainda podia sentir alguns olhares tortos e as caras fechadas, que me faziam recuar todas as vezes que eu me voluntariava pra que a foto saísse melhor para elas. E eu nem vou comentar sobre as da internet.

— Eu não posso responder por todas, mas tinham umas preocupadas com você. Tive que explicar que você não passou por nenhuma cirurgia plástica ou estava sendo mantida em cárcere privado ou os dois.

Gargalhei.

— Eu nem tinha percebido que estava nesse nível — comentei envergonhada. — Você deveria ter me avisado.

— Mas te ver empolgada é adorável — diz, dando um beijinho no meu rosto, onde suas mãos estavam. — E elas estavam muito animadas por você, uma delas até me deu um urso de pelúcia com uma máquina fotográfica na mão. Está guardado na minha mochila.

There's Nothing Holdin' Me Back Onde histórias criam vida. Descubra agora