11 ♢ Vale a pena?

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Chegaram a praia e logo Camila passou a fotografar a vista a frente. Se aproximava do mar molhando os pés e sentindo o vento tomar seu corpo. Lauren estava em pé com as mãos nos bolsos da calça, e sem ao menos perceber, inclinava a cabeça para o lado observando Camila mais a frente. Ela podia sentir a leveza que ela emanava. Era surreal. Camila a fazia sentir-se tão livre de todos seus problemas, tão vazia de coisas ruins e cheia de coisas boas. Sentiu isso das poucas vezes que havia a visto e agora, que estava a mais tempo dedicado a ela, sentia tudo em maior proporção.

Depois de algumas tantas fotos, Camila voltou para perto. Seus cabelos voavam soltos por conta do vento, logo ela o prendeu em um coque desengonçado. O sol estava quase desaparecendo de vista.

Lauren a viu se sentar na areia sem preocupação alguma em se sujar ou qualquer outra coisa. "Como ela consegue?"  Pensava. Camila não parecia se preocupar com nada, é como se ela fosse parte do ambiente. Como se areia fosse seu sofá de casa e ela se sentisse totalmente confortável e segura.

- Não vai sentar? - Camila perguntou, retirando uma mecha de cabelo do rosto devido ao vento. Lauren suspirou. Tirou a jaqueta e a colocou na areia. Camila olhava seus movimentos achando graça. Lauren sentou cautelosamente, tentando não tocar na areia.

- Por que está sentada em cima de sua jaqueta, sem um único grão de areia nas mãos? - perguntou sarcástica. - Sem contar os sapatos nos pés.

– Não sou muito fã de areia. Não sei o que estava aqui antes de eu estar. 

- Nunca se sabe. E tá tudo bem não saber. E é isso mesmo. Nunca sabemos. A gente tem que arriscar, Lauren. É melhor arriscar no desconhecido e encontrar uma sensação boa, algo bom que você não esperava, do que deixar de fazer por medo do que pode dar errado. – Lauren desviou o olhar, envergonhada. Ela tinha que ter uma frase de efeito toda vez? Camila era muito...Camila.

- Ainda estamos falando da areia? - perguntou rindo um pouco.

- Sim e não. Desculpa, é que eu costumo voar um pouco na maionese. – disse com um leve riso, pensando um pouco – Tipo, existem dois lados da moeda, certo? O lado bom e ruim. Você não pode pensar no lado ruim sempre, sabe? Nem tudo na vida é tão ruim assim.

- Pode até não ser, mas acho que sou azarada. A vida é meio complicada.

- Nem sempre. A maior parte das vezes nós mesmos que complicamos tudo. Não acha?

Camila a encarou com os olhos apertados devido ao vento. Lauren a estudou e logo passou a olhar o nada a frente, refletindo.

- Sei lá, às vezes preocupação ao extremo pode fazer com que sua vida seja pesada, você fica sobrecarregada, tensa... - disse vendo Lauren com o olhar distante, na mesma posição. Camila se moveu ficando atrás de Lauren. Que sentiu um tremor pela aproximação. - Você sabe...vida precisa de leveza. Acho que você tem que se deixar ser leve. - houve um silêncio breve. - Vamos lá. Respire, sinta o ambiente a sua volta. Saia de sua mente e sinta, cheire, toque o real. Suas preocupações, são o imaginário. Pelo menos a maioria delas, como por exemplo, sobre essa areia estar infectada e que se você tocá-la poderá contrair uma doença. - Lauren franziu o cenho.

- Como sabia dessa?

- Eu sei ler bem as pessoas. Vamos lá, me ouça, okay?

- Okay.

- Relaxe o corpo, foque na sua respiração, sinta esse vento maravilhoso tocar seu corpo... - ela fechou os olhos e relaxou mais a postura. Camila sorriu. - Relaxe o corpo. Não precisa se prender. - tocou seus braços devagar, não querendo assustá-lá. - Relaxe.

Apertou um tanto os seus braços, puxando os devagar para que desprendam do nó. Lauren respirou fundo deixando se levar. Sentiu o ar entrar por suas narinas, o vento batendo em seu corpo e em seu rosto, bagunçando seu cabelo, ouvia o som do mar, as ondas indo e vindo, se quebrando, o som dos carros em movimento e de uma música calma bem ao fundo. Camila segurou em suas mãos as levando até a areia, movimentando-as.

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