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| 3 de janeiro, 2018 |

O Lourenço voltou para Coimbra no dia anterior. Durante o tempo que ele cá esteve aproveitámos para namorar um pouco, passear, não fazer nada... Até o fui apresentar à Tia Ana para que ele conhecesse a senhora que tem cuidado de mim como se fosse minha mãe, mas ela não engraçou muito com ele, não sei porquê. Não o tratou como me costuma tratar a mim, ou como costuma tratar o Frederico, mas não é coisa de muita importância.

Por falar no Frederico, nunca mais estive com ele nem falamos por mensagens. Não sei se ele continua doente ou se já está novamente em forma e com mais disposição para me chatear. Se calhar devia ligar-lhe ou assim para combinarmos alguma coisa antes de as minhas aulas recomeçarem, mas, apesar de querer estar com ele, quero, ao mesmo tempo, dar-lhe espaço e tempo para que deixe de estar completamente chateado comigo, apesar de já termos resolvido as coisas e de ele não ter nenhum motivo para estar daquela maneira.

Estava a passar uma roupa a ferro quando o meu telemóvel tocou. Afinal não foi preciso eu lhe ligar, porque ele decidiu finalmente mandar mensagem para eu ir ter com ele. Perguntou se tinha algo de importante para fazer e propôs que, caso eu não tivesse, passasse por lá para vermos uns filmes e assim. Não demorei a responder que em cerca de vinte minutos estava em casa dele. Ele ofereceu uma boleia por parte do senhor José, mas eu neguei, prometendo não congelar pelo caminho. A reposta dele foi um emoji a rir.

Acabei o que estava a fazer e fui rapidamente vestir outra roupa, apesar de não me apetecer nada tirar o meu quente e confortável pijama. Agasalhei-me bem e depois de pegar no meu telemóvel e chaves, sai de casa, encaminhando-me para a casa do Frederico. Estava um dia frio, como costuma estar, e não se via praticamente ninguém na rua, tirando um grupo de rapazes que estava a jogar no campo de basquetebol. Um deles parou de tentar encestar e veio ter comigo, o que eu estranhei dado que não o conhecia de lado nenhum.

- Desculpa estar a chatear, mas tu não és amiga do Frederico Ventura? - estou muito confusa. Este rapaz, que eu nunca vi mais gordo na minha vida, veio abordar-me para me perguntar se sou amiga do Frederico?

- Sim, sou...- respondi desconfiada. Pensei que nunca o tinha visto, porém estava a começar a reconhecê-lo de algum lado, só não sabia de onde.

- Quando tiveres com ele, diz-lhe que o André e o João lhe mandam cumprimentos. Ele nunca mais tem vindo aqui jogar connosco, então não temos maneira de falar com ele.

sei!

Este era um dos tipos que estavam com o Frederico neste campo no dia em que o conheci. Era um dos que estava a fazer bullying com ele. E tem o descaramento de me pedir para lhe mandar cumprimentos? Tem cá uma lata este gajo!

- Qual é o teu problema com ele?- estava a ficar irritada. Tão irritada que até fiquei com calor. Eu. Com calor. Em janeiro.

- Ele sabe muito bem qual é o meu problema com ele!- elevou o tom de voz e aproximou-se mais de mim- Aquele gajo é um idiota e teve o que mereceu quando o atropelam e o deixaram naquela cadeira.

Mal ele acabou a frase dei-lhe um estalo. E não foi com pouca força porque todos os seus amigos pararam o que estavam a fazer e ficaram a olhar para nós.

O que ele disse sobre o Frederico fez-me atingir o meu limite. Nunca me passei assim tanto com alguém, mas desta vez não foi preciso muito para que isso acontecesse. Eu até aguentava bem os nomes que me chamavam, os insultos que ouvia constantemente, antes de me mudar para aqui. Nunca mais tive de suportar esse tipo de situações, mas acho que se o tivesse de voltar a fazer continuaria a aguentar. Só que isto foi um caso completamente diferente. Ninguém fala desta maneira de um amigo meu, ninguém! É preciso ser-se uma pessoa horrível para desejar um mal como ficar numa cadeira de rodas a uma pessoa.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 14, 2018 ⏰

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